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Estudo alerta que casos e mortes por Covid-19 voltaram a subir no Sul de Minas

Boletim IndCovid mostra aumento de 78% da média móvel de casos até 30 de maio e aumento de mortes na região

Nayara Andery / 01 junho 2022

A cada dia mais pacientes voltam a procurar atendimento após suspeita de Covid no Sul de Minas. Segundo o boletim IndCovid, da Universidade Federal de Alfenas, a mortalidade pela doença dobrou desde 25 de maio e triplicou em 30 de maio. A média móvel diária de casos cresceu 78% na região, na semana que terminou na última segunda-feira (30/05).

O coordenador do estudo é o professor e epidemiologista Sinézio Inácio da Silva Júnior, que tem alertado que o crescimento dos índices ocorre gradativamente desde o final de abril. “Os números sobre a Covid-19 voltam a preocupar não só em relação a novos casos que já há um mês encontram-se em tendência de crescimento, mas, também agora com a tendência de crescimento nos óbitos. No Sul de Minas temos uma média de três óbitos por dia, durante uma semana. Isso significa três vezes mais do que foi registrado em dezembro de 2021, o melhor mês da pandemia depois da vacinação.”

Ele explica que o cenário pode piorar já que a vacinação não tem crescido, o que atua com outros fatores. “A variante Ômicron se especializou em resistir mais à proteção provocada pela vacina e por quem já teve a doença. O aumento de casos se deve a isso e também, como previsto, se soma ao precoce relaxamento no uso correto das máscaras e aos governos nos vários níveis não mais priorizarem a comunicação atualizada de dados. Minas Gerais, por exemplo, não atualiza há dois meses o número de novas internações. Isso tudo criou um clima junto à população, de que a situação estava resolvida. E isso é um grande equívoco.”

Vacinar a todos

Prefeituras como a de Pouso Alegre e Santa Rita do Sapucaí tentam reforçar as campanhas de imunização. Adolescentes de 12 a 17 anos estavam na faixa etária que era atendida com duas doses da vacina. Com as recentes mudanças nos índices da doença na região, essas prefeituras abriram nesta semana as salas de vacina para que esses adolescentes recebam a dose de reforço (terceira dose).

O epidemiologista afirma que todas pessoas das faixas etárias atendidas pelo programa de imunização procurem se proteger com a vacina. ”As pessoas começaram a dar menos atenção a tomar a terceira dose, a vacinar as crianças com a segunda dose e a relaxar no uso das máscaras.”

As máscaras estão de volta

Decretos de várias prefeituras do Sul de Minas retomam a obrigatoriedade do uso de máscaras em ambientes fechados. Para Sinézio, cada pessoa deve adotar isso como medida de proteção, ainda mais com o aumento de casos, internações e mortes por Covid. “Independente se sua prefeitura está recomendando ou não o uso de máscaras em local fechado, use-as. Isso é uma medida de proteção não só para cada um de nós, mas, é para quem sequer pode tomar a vacina ainda que são as crianças menores de cinco anos, para as pessoas com problemas imunológicos e quem tem muito ou maior risco de desenvolver formas graves, que mesmo vacinadas são as pessoas com doença crônica e os idosos, que têm uma resposta menos robusta à vacina.”

A preocupação aumenta no período frio, quando há também maior propagação de doenças. “É preciso conjugar novamente o uso de medida como as máscaras e a vacinação para voltarmos a controlar essa pandemia, especialmente agora em que os dias mais frios de inverno estão para acontecer e onde se tem uma incidência maior de doenças respiratórias.”

Como está o aumento da doença

O boletim IndCovid aponta que há uma semana no Sul de Minas “a média móvel de mortes já é maior do que a média diária de 1 óbito em dezembro de 2021. Desde 25 de maio, esse valor dobrou e hoje é aproximadamente 3 vezes maior.” Os 575 casos diários registrados na média móvel da semana que terminou em 23 de maio, subiram para 1025 ao dia, na semana seguinte. O que também chama a atenção é que as mortes por Covid passaram de 0,3 pela média diária, para 2,7.

O aumento de mortes por Covid entre os dez municípios mais populosos da região foram registrados em Poços de Caldas, Pouso Alegre, Varginha e Itajubá. Em Minas Gerais, a média móvel diária em sete dias até o fechamento do boletim foi de 3.272 casos, sendo que na semana anterior o índice diário foi de 1.828. O crescimento aconteceu por 32 dias consecutivos. Já o número de mortes passou de 5 para 11 por dia nessa mesma média diária.

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