A jovem pousoalegrense Mary Hellen Coelho Silva completa nesta quinta-feira (14/04) dois meses de prisão na Tailândia, por suspeita de tráfico internacional de drogas. E os advogados continuam relatando dificuldade em fazer contato com a jovem de 22 anos. Nesta quarta-feira (13/04), a mãe de Mary Hellen, Thelma Coelho Silva, morreu após lutar contra um câncer; ela tinha menos de 50 anos.
Segundo advogada Talita Franco, que faz parte da equipe que defende a jovem, Mary Hellen ainda não recebeu a notícia da morte da mãe justamente pela dificuldade de contato. Os advogados ainda estão tentando um meio de avisá-la e já iniciaram conversas com a Samut Prakan Provincial Prison, onde a jovem está presa.
“Eles estão respondendo, mas a passos lentos, e com uma notícia tão delicada exige até mesmo um certo preparo para que a Mary Hellen receba, entenda e não se sinta culpada pela situação. Estamos tentando uma ligação direta com a penitenciária, utilizando o inglês para as tratativas, mas ainda não obtivemos sucesso. Como disse o fuso horário atrapalha um pouco”, explicou a advogada.
O sepultamento de Thelma estava marcado para às 16h desta quarta-feira (13/04). “A Thelma, lutou com todas as forças para tentar ver a filha. Estamos vendo a viabilidade e a possibilidade de que ela receba a notícia por meio da irmã, através de um telefonema ou vídeo chamada. Mas tudo isso é uma especulação, e um desejo, já solicitado para a embaixada”, completou.
Família só teve contato por carta
Sem conseguir contato direto com a família e os advogados, Mary Hellen conseguiu apenas enviar uma carta à família no início deste mês de abril. A reportagem do Terra do Mandu entrou em contado com familiares, que confirmou que a carta foi recebida.
Na carta, escrita em inglês, Mary Hellen fala da saudade da família, que lembra de todos que estão no Brasil, que às vezes não consegue dormir. Ela ainda agradece aos amigos e familiares que tentam ajuda-la.
“Eu estou pensando muito no meu caso. Eu não conseguia dormir de noite porque me preocupo muito. Obrigada por se lembrarem de mim e agradeço aos meus amigos por tentarem me ajudar com os advogados. Eu vou cuidar de mim. Tenho aqui dois amigos para me ajudarem. Eu estou muito melhor agora, espero ver vocês o mais rápido possível”, diz um trecho.
“Manda um beijo ao meu avô e para minha avó. Lembro de todos vocês no Brasil. Mãe, eu amo você tanto e espero que você melhore logo. Um grande obrigado a todos do Brasil por me ajudarem. Estou muito feliz agora. Espero que minha família e todos os amigos me respondam. Me faz sentir muito feliz e sorrir todo dia. Vou sonhar com vocês todas as noites”, completa.
De acordo com os advogados, as cartas entre a jovem e os familiares estão sendo trocadas porque a superlotação nas prisões da Tailândia e a pandemia de Covid-19 estão dificultando a realização de chamadas de vídeo. Não há ainda informações de quem escreveu a carta para a jovem, mas possivelmente, segundo os adovgados, é algum funcionário da penitenciária que ajuda os presos.
“Até hoje a família não teve contato direto com ela. O contato é geralmente por e-mail e a resposta demora mais de 24 horas para chegar. Sempre dizem que estão fazendo o possível, mas não conseguimos avançar”, disse a advogada.
Relembre o caso
Três brasileiros, entre eles a jovem de Pouso Alegre, foram presos na Tailândia em fevereiro por suspeita de tráfico internacional de drogas. Mary Hellen Coelho, de 22 anos, foi detida ao desembarcar no aeroporto de Bangkok, no dia 14. Ela tinha saído do Brasil pelo aeroporto de Curitiba (PR).
Comunicados de autoridades tailandesas informam que foram apreendidos com os brasileiros 15,5 quilos de cocaína, com valor equivalente a cerca de R$ 7,5 milhões. As drogas estavam nas malas de cada um deles. Mary Hellen e um amigo, de 27 anos chegaram em um voo. Outro rapaz, de 24 anos, chegou em um segundo voo, logo depois, e também foi preso. Ele também saiu da capital paranaense.
Funcionários do aeroporto da Tailândia desconfiaram de itens mostrados no raio-X e as três malas levadas pela jovem de Pouso Alegre e o amigo foram revistadas. Foram encontrados 9 quilos de cocaína em um compartimento oculto.
Mais tarde, o outro paranaense, de 24 anos, foi preso com 6,5 quilos de cocaína em duas malas. Ainda não há confirmação se esse rapaz conhecia os outros dois brasileiros presos no mesmo dia.