Personalidades participam de roda de conversa sobre ‘Dia da Consciência Negra’
Evento será nesta quinta (18), às 20h, no prédio da Superintendência de Cultura e é aberto ao público.
Magson Gomes / 18 novembro 2021Evento será nesta quinta (18), às 20h, no prédio da Superintendência de Cultura e é aberto ao público.
Magson Gomes / 18 novembro 2021Na semana em que é celebrado o Dia da Consciência Negra personalidades com ‘lugar de fala’ participam de uma roda de conversa sobre ‘Narrativas do 20 de novembro’. Lugar de fala é o termo usado para designar o fim da mediação em que a pessoa que sofre preconceito fala por si, como protagonista da própria luta e movimento.
Participam da roda de conversa o ex-goleiro Aranha, a psicóloga Maria Tereza, o artista plástico Prado Neto e a professora de artes Rosiane Tobias. Todos eles com envolvimento no trabalho de conscientização e combate ao preconceito e racismo contra os negros.
O evento é aberto ao público e será nesta quinta-feira (18), das 20h às 22h, no auditório da Superintendência Municipal de Cultura, que fica na Praça Senador José Bento, nº 02, centro.
Ex-goleiro lançou livro sobre o tema
Desde que encerrou a carreira de goleiro de futebol, em 2018, Mario Lúcio Duarte Costa, ou apenas Aranha, se dedica, exclusivamente, ao trabalho que já desenvolvia nos tempos de atleta: o combate ao racismo contra os negros.
Recentemente, Aranha fez o lançamento de seu primeiro livro sobre assunto, trazendo uma nova perspectiva da história dos negros no Brasil. O título do livro é ‘Brasil Tumbeiro’ (editora Mostarda), que se contrapõe ao termo usado na época em que os negros eram trazidos em navios da África para a América, principalmente, para o Brasil.
“A princípio, seria um livro somente escolar. Eu tinha a ideia de trazer para o aluno e para o jovem, a participação negra na história do Brasil para que, nas aulas, quando o assunto foi sobre a escravidão, não fosse uma aula vergonhosa para quem está ali ensinando, e que não fosse uma coisa humilhante, desagradável para quem estava aprendendo”, explica o autor.
“A gente sempre estudou e aprendeu a história do Brasil, principalmente a parte da escravidão, como se os negros só fizessem parte de uma modalidade. Como se eles fossem escravos e, num belo dia, a princesa Isabel acordou e decidiu acabar com tudo e libertar todos os negros. E não foi bem essa a história. Então, eu procurei contar de uma maneira mais justa essa história da escravidão, como ela começa, como ela chegou no Brasil. Como ela se desenvolveu e terminou”, narra.
Racismo no futebol: Episódio de 2014
Aranha encerrou a carreira em 2018 no Avaí, time de Santa Catarina. Passou por Ponte Preta, Joinville, Palmeiras, Santos e Atlético-MG. Quando estava no Santos, ele viveu um dos mais marcantes episódios de racismo no futebol brasileiro.
Em 2014, numa partida contra o Grêmio pela Copa do Brasil, parte da torcida do time gaúcho começou a emitir sons de macaco quando Aranha pegava na bola. As câmeras da televisão flagraram as ofensas racistas e o clube de Porto Alegre foi punido com a exclusão da competição.
Aranha já trabalhava para combater o racismo contra os negros. Após o episódio de 2014, ele passou a ter ainda mais voz sobre o assunto. “A grande mídia, principalmente, começou a me dar atenção e espaço para falar de outras coisas que não fosse sobre futebol, sobre o esporte, sobre a minha carreira. E, quanto mais eu falava, mais gente interessada em ouvir aparecia”.
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