Notícia

Mães aguardam há mais de 2 anos por creche que atenderia 160 crianças

Magson Gomes / 01 novembro 2019

Proinfância fica em conjunto habitacional que foi entregue em 2017, com um ano de atraso. Mas creche, que começou a ser construída junto com as casas em 2014, ainda não foi finalizada.

Creche Proinfância do Jardim Redentor está com obra parada. Foto: Magson Gomes/Terra do Mandu

Mães que moram em um conjunto habitacional Jardim Redentor, que tem 300 casas, em Pouso Alegre, no Sul de Minas, aguardam há mais de dois anos a entrega da creche que teve a construção iniciada junto com as residências. As famílias receberam as chaves dos imóveis em maio de 2017, com um ano de atraso do prazo inicial. Porém, a creche Proinfância, que seria inaugurada na mesma data para atender 160 crianças do bairro Jardim Redentor, ainda está fechada, sem conclusão da obra.

Stefany Thayne da Cruz Jerônimo, de 19 anos, é uma das dezenas de mães do bairro que sofrem pela falta de onde deixar o filho. A jovem tem um menino de 1 ano e 5 meses e é obrigada a carregar a criança onde vai. Stefany cuida da bisavó, de 82 anos, do outro lado da cidade. São 20 quilômetros de distância, quatro ônibus, dois para ir e dois para voltar. E todo esse tempo, com o pequeno Pedro no carrinho ou no colo, todos os dias.

Creche fica no Jardim Redentor, onde tem 300 famílias. Foto: Terra do Mandu

“E eu moro a 20 passos da creche e não posso deixar meu filho lá porque não terminam nunca essa obra. E não só eu. Tantas outras mães aqui no bairro na mesma situação”, diz Stefany.

Dona Regina Celis Inácia cuida do neto de 1 ano e 8 meses para a filha poder trabalhar. “E eu também trabalhava como faxineira em casas de famílias, mas agora não posso pegar nenhum serviço porque tenho que ficar olhando meu neto”, reclama dona Regina.

Outras mães ouvidas pela reportagem até conseguiram vaga nas creches mais próximas do bairro. Uma unidade fica a 3 km, outra a 5 km do conjunto habitacional.

Sobre a obra

O conjunto habitacional e a creche do Jardim Redentor são de responsabilidade da Caixa Econômica Federal. O residencial começou a ser construído em 2014 com prazo para fim das obras para julho de 2016. O trabalho atrasou e as famílias contempladas chegaram no local para impedir que os imóveis fossem invadidos. Depois de muitos protestos, as casinhas foram entregues em 2017. E a creche ainda estava pela metade.

O que dizem as autoridades

A secretária municipal de Educação de Pouso Alegre, Leila Fonseca, foi até o local da obra falar com a nossa reportagem. Leila explica que, para a creche ser entregue, falta a Caixa terminar 5% da obra. Mas a secretária também afirma que será necessária uma reforma no restante da obra porque houve deterioração pelo tempo que ficou parada.

“A gente percebeu infiltrações, vazamentos, fiação que precisa ser refeita, trincas no piso… e como prezamos pela segurança dos alunos, não podemos assumir uma obra que possa trazer prejuízo para nossas crianças”, diz Leila Fonseca.

Sec. de Educação, Leila Fonseca, aguarda que a Caixa finalize a obra para cadastrar as crianças do bairro. Foto: Terra do Mandu

Ainda segundo a secretária de Educação, está sendo feito um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) pelo Ministério Público Federal para que Caixa finalize a obra e entregue para o município atender as crianças do bairro.

Enviamos pedido de informações sobre o assunto para a assessoria de imprensa da Caixa Econômica Federal, mas ainda não obtivemos retorno.

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