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MP arquiva nova denúncia envolvendo pavimentação de ruas

Inquérito do Ministério Público averiguava se houve subcontratação da empresa Duro na Queda Construções que já teve contrato cancelado pela prefeitura por falta de habilitação e qualificação para o serviço. A empresa teria fraudado a licitação em 2017. Novo processo para asfaltar ruas foi realizado e a empresa vencedora aluga máquinas com operadores e compra massa asfáltica da Duro na Queda. Para a promotoria, não está configurado subcontratação.

O promotor de justiça Agnaldo Lucas Cotrim, da 5ª Promotoria de Justiça do Ministério Público em Pouso Alegre, arquivou o inquérito civil que apurou suposta subcontratação de contrato público de empresa considerada “sem habilitação e qualificação” pela prefeitura para realização de serviço de recapeamento e manutenção asfáltica. A investigação teve início após denúncia anônima na Ouvidoria do MP de que a empresa Potenza Engenharia, vencedora de nova licitação para asfaltar ruas de Pouso Alegre, teria subcontratado a Duro na Queda Construções para fazer o serviço.

A subcontratação é proibida pela Lei de licitações nº 8.666 e, neste caso específico, pela Administração Municipal devido ao problema ocorrido anteriormente.

O ofício da Promotoria com as justificativas para o arquivamento da denúncia foi lido nesta terça-feira (03) durante a Sessão Ordinária na Câmara Municipal.

O promotor pediu esclarecimentos à Prefeitura de Pouso Alegre e às empresas envolvidas. Segundo as respostas, a Potenza Engenharia fez dois contratos com a Duro na Queda Construções. Um para aluguel de máquinas e mão de obra e outro para fornecimento de massa asfáltica. Porém, a empresa Duro na Queda afirma que seus empregados têm a função de fiscalizar e documentar e o material está sendo entregue em perfeitas condições. E também são fornecidos os operadores dos equipamentos alugados. Mas que “quem faz o serviço de asfaltamento em si são os empregados da contratante, no caso a empresa Potenza”, diz o esclarecimento à Promotoria.

Homens e máquinas trabalham no recapeamento da Av. Ver. Antônio da Costa Rios, em Pouso Alegre (Foto: Magson Gomes/Terra do Mandu)

O promotor Agnaldo Cotrim afirma que visitou os locais de obras e conversou com funcionários e encarregados. “De tais declarações se extrai que quem efetivamente faz os serviços de manutenção asfáltica são os empregados da empresa Potenza, cabendo a Duro na Queda ceder o maquinário e todo material asfáltico”. Em outro trecho, o promotor reforça: “A contratada acobou por locar determinados maquinários com mão de obra dos respectivos operadores, mas, ressalta-se, que faz a manipulação do material asfáltico são os empregados da contratada”.

Agnaldo Cotrim ainda pondera que, a empresa que venceu a atual licitação com a prefeitura tem sede no estado de São Paulo e seria inviável trazer de lá o material asfáltico. “Se assim o fizesse, quando chegasse aqui, o asfalto já estaria imprestável”.

Entenda o caso

A prefeitura de Pouso Alegre rescindiu, em janeiro, o contrato com a empresa Duro na Queda Construções LTDA que havia vencido a licitação em 2017 para prestar os serviços de manutenção asfáltica na cidade.  O contrato entre prefeitura e a empresa era no valor de R$ 9,4 milhões. Como os serviços estavam em execução desde outubro passado, a empresa recebeu pouco mais de R$ 3,5 milhões. Ao cancelar o contrato, o Município alegou que a rescisão unilateral e com imposição de penalidades ocorreu “em razão de ausência das condições de habilitação e qualificação” da empresa.

O cancelamento ocorreu após a Polícia Civil abrir investigação por suspeita de fraude no processo licitatório e ameaça sofrida por um empresário do ramo.

Também em janeiro, o promotor Agnaldo Cotrim se manifestou e arquivou denúncia contra a prefeitura no processo de licitatório do asfalto. “…nenhuma conduta ilícita se extrai dos atos praticados por qualquer dos agentes públicos envolvidos na contratação, de modo que não há razão para a instauração de inquérito civil no âmbito desta Promotoria de Defesa do patrimônio Público, ressaltando, por fim, que, no tocante à empresa fraudulenta, a própria Prefeitura está fazendo valer na hipótese o seu poder de autotutela”, disse o promotor em ofício de arquivamento da primeira denúncia.


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