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Fundador da JBS é de Alfenas, Sul de Minas

Terra do Mandu / 20 maio 2017

O patriarca José Batista Sobrinho foi para Goiás ainda jovem, onde abriu o açougue Zé Mineiro que se transformou em um império frigorífico mundial, donos das marcas Friboi e Seara, entre outras. A  família Batista mais rica do Brasil ainda tem parentes no Sul de Minas.

Por: Alessandro Emergente/Portal Alfenas Hoje
O empresário Joesley Batista, que preside a holding J&F, controladora da empresa JBS (dona das marcas Friboi e Seara), surgiu no decorrer dessa semana como o pivô de um caso que abalou o centro do poder em Brasília (DF). Ele é o delator, em um acordo assinado com a Procuradoria-Geral da República (PGR), de um caso de corrupção que afastou Aécio Neves do Senado e da presidência do PSDB e pode ocasionar ainda a queda do presidente da República, Michel Temer (PMDB).

Mas o que pouca gente sabia é que a família Batista tem origem em Alfenas (MG). O patriarca, pai de Joesley, é José Batista Sobrinho, conhecido como Zé Mineiro. Ele deixou o distrito Barranco Alto, aos 12 anos, na década de 40 para acompanhar o pai rumo a Anápolis, em Goiás.

O pequeno açougue criado em Anápolis em 1953 deu início JBS (Foto: Reprodução/Youtube)

Em 1953, junto com um irmão, Zé Mineiro – que comprava e vendia gado – resolveu montar um pequeno açougue e abater gados num pequeno matadouro da Prefeitura de Anápolis. A carne era revendida para outros açougues. O irmão viajava para comprar o gado e o pai de Joesley cuidava do abate e da distribuição. Em pouco tempo, tornou-se o principal fornecedor da região de Anápolis. Foi nessa época que José Batista Sobrinho ganhou o apelido de Zé Mineiro.

Em 1957, quatro anos depois de iniciar o pequeno negócio, a família Batista, atraída por incentivos fiscais, se mudou para o canteiro de obras em Brasília (DF). Lá, passou a fornecer carnes para refeitórios das grandes companhias envolvidas na construção da capital federal. Depois disso, na década de 60, a empresa passou a adquirir frigoríficos, tornando sua atuação nacional. Com o tempo, a Casa de Carnes Mineira se transformou na JBS, líder mundial em carnes.

A família ainda tem parentes em Alfenas, entre eles um comerciante do ramo de tintas da cidade. O advogado e empresário Joselito de Souza (Lito) disse que a família não perdeu contato com a cidade e, em uma das visitas, Joesley esteve no Carnalfenas, onde o conheceu. Nas redes sociais, brincou: “Os filhos do Sr. Zé do Barranco Alto colocaram mais fogo na República”.

Uma reportagem do jornal Folha de S. Paulo, publicada em 2012, mostrou que Zé Mineiro sempre acompanhou “de perto” os negócios da JBS, empresa que leva as iniciais dele. Em 1969, comprou o primeiro frigorífico com o selo de inspeção federal (SIF) no interior de Goiás (em Formosa), o que ainda não era exigido. “Daí pra frente a coisa foi acontecendo. A meninada cresceu e foi tomando conta”, disse em reportagem à Folha em 2012.

Nova geração

Foi sob o comando de Joesley que a JBS se internacionalizou e se tornou a maior processadora de carne bovina do mundo. No período de sua atuação à frente da presidência executiva, de 2006 a 2011, a JBS abriu o seu capital e fez várias aquisições – boa parte com ajuda do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) – e, depois disso, passou o controle ao irmão, Wesley. Com os dois, o grupo empresarial se tornou um dos maiores doadores de campanhas eleitorais, ajudando os diferentes grupos políticos desde PT ao PSDB.

Zé Mineiro (acima) fundou a Friboi no início da década de 70. Abaixo, ele aparece na entrega de uma premiação e, ao lado, os filhos Wesley e Joesley que assumiram o controle dos negócios (Fotos: Divulgação e Reprodução/Youtube)

De 2007 a 2016, durante o Governo Lula e Dilma, o faturamento anual da JBS saltou de R$ 4 bilhões (2007) para mais de R$ 160 bilhões. Com o apoio do BNDES, a JBS deu início a um processo de internacionalização.

Em uma dessas operações, o BNDES – que hoje é dono de 21% da JBS – comprou uma participação na empresa por meio da BNDESpar – braço do banco estatal que compra participações em empresas. A operação que é investigada pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

Capitalizada com dinheiro público, a JBS iniciou sua expansão internacional, em 2007, com a compra da norte-americana Swift por US$ 1,4 bilhão, se tornando a maior empresa do mundo de alimentos de origem bovina.

Muito além da marca Friboi

Em 2012, os donos do Grupo JBS criaram uma holding para atuar em outras áreas de negócios, a J&F Investimentos. Os negócios incluem empresas como Vigor (produtos lácteos), Flora (produtos de higiene e limpeza), Alpargatas (calçados e vestuário/dona da marca Havaianas), Eldorado Brasil (celulose), Banco Original (instituição financeira), Âmbar (Energia), Oklahoma e Floresta Agropecuária (setor de agronegócios) e o Canal Rural (emissora de televisão).

Hoje, a holding J&F Investimentos – que engloba a JBS – se anuncia como o “maior grupo econômico privado do país”, empregando mais de 260 mil pessoas em mais de 30 países. Suas fábricas exportam para mais de 150 países. A maior parte do negócio passou a se concentrar fora do Brasil. Os dois irmãos se dividem na operação do grupo. Joesley é o presidente da holding e Wesley comanda a JBS.

ZÉ MINEIRO CONTA O SURGIMENTO DA FRIBOI:

https://www.youtube.com/watch?v=vg9yeriEJzA

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