Pouso Alegre

Casal dorme em carro após água invadir casa em Pouso Alegre

Moradores do bairro São Geraldo chegaram a ir para casa de parentes, mas voltaram para vigiar a residência que foi alagada

Iago Almeida / 11 janeiro 2022

Fabiana Brito e Ronaldo Brito estão dormindo em veículo no bairro São Geraldo / Foto: Terra do Mandu

A enchente no bairro São Geraldo atingiu cerca de 200 famílias, sendo que 11 ainda estão desabrigadas e continuam alojadas em um abrigo temporário, montado pela Prefeitura Municipal de Pouso Alegre. Entretanto, algumas famílias não quiseram deixar suas casas com medo do que possa vir a acontecer em caso de aumento do nível da água.

É o caso do casal Fabiana Brito e Ronaldo Brito, que está dormindo no próprio veículo após ter a casa invadida pela água no bairro São Geraldo. De acordo com os dois, eles conseguiram retirar roupas da residência antes da água invadir o local, mas contaram que perderam alguns móveis.

“Fica nós dois grudados aqui, a gente fica dividindo. Cada um dorme em um banco, no outro dia um dorme no outro. Tem que usar o que tem”, contou o casal. “Faz uns três dias que estamos no carro. Tem como ir para casa de parentes, mas a gente não está sentindo bem, a gente tá querendo entrar na nossa casa, em tudo que a gente construiu ali”, completou.

“A gente está vigiando tudo que a gente perdeu. Muito triste, muito triste. De madrugada vi a água invadindo. Lá eu perdi guarda-roupa, armário, sofá, muita coisa; e ficou muita coisa lá dentro ainda. Tem muita família que não conseguiu sair, que quis ficar nas suas casas com seus filhos, não tem um leite para tomar”, enfatizou.

Casal perde 90% dos móveis

Tatiane Gomes de Paula e Eliton Fernando dos Santos também tiveram que deixar a residência em que moram no bairro São Geraldo. Há uma semana eles estavam abrigados na casa dos pais, mas acabaram voltando para a residência deles para monitorarem o nível da água. Eles contaram que perderam cerca de 90% dos móveis dentro da casa, mas conseguiram salvar alguns.

“Começou a subir a água, não aparecia prefeitura. Depois que a água estava aqui na pracinha que a prefeitura apareceu, mas foi a conta de tirar roupa, colchão e mais nada, o resto perdemos tudo. Guarda-roupa ficou pra trás, fogão ficou, geladeira, tanquinho; a gente perdeu tudo, mantimentos. E a gente foi fazer cadastro e até agora a prefeitura não ofereceu nada pra gente aqui”, contou Tatiane.

“A gente fica aqui vigiando, porque a gente tem medo de entrar dentro da casa da gente e pegar o resto que sobrou. E a gente fica ali porque os animais ficaram, estão tudo em cima do telhado”, completou a mulher.

“Tem que vigiar, não tem como deixar sozinho. O pouco que sobrou já ajuda muito, porque perdemos 90% das coisas. Eu pensei que a gente nunca ia passar uma fase dessa, mas não é só a gente, bastante gente aqui vai precisar de ajuda”, enfatizou Eliton.

Assistência às famílias

De acordo com o secretário de Políticas Sociais de Pouso Alegre, Eyder Lambert, o poder público tem atuado de maneira muito firme em relação a ajuda às pessoas atingidas pelas enchentes. “Nós temos um abrigo temporário; hoje fechamos lá com 11 famílias, 43 pessoas. Nós estamos acolhendo essas pessoas e prestando toda assistência no que se refere a alimentação, questão médica, tudo isso está sendo bem conduzido”, disse.

Além disso, ele afirmou que quem estiver precisando de ajuda, sejam desalojados ou desabrigados, podem entrar em contato com o Centro de Referência de Assistência Social (Cras), que fica na Avenida Vereador Antônio da Costa Rios, 861, no bairro São Geraldo, ou diretamente com a Defesa Civil, que está atuante no bairro.

“O que nós temos também é a nossa capacidade instalada no Cras, de acolher essas pessoas e avaliar a possibilidade de concessão de benefícios eventuais, cestas básicas e alguns outros itens e materiais de higiene pessoal e para limpeza de suas casas, assim que a água começar a baixar”, explicou o secretário.

“Nesse momento, no que se refere a alimentação, a esse aparato inicial, o poder público está em condições e tem atendido. Mas, nós sabemos que algumas pessoas, eventualmente, podem e querem fazer doações. Nós estamos recebendo aqui na Secretaria de Políticas Sociais, um ou outro item que possa ser deixado aqui, a gente vai cuidar de fazer essa triagem”, completou ele.

Há ainda uma reunião agendada para planejamento, caso as chuvas deem uma sessada, para trabalhar na retomada de volta das pessoas às suas residências e também doações de móveis e itens que foram perdidos com as enchentes.

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