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Pais acreditam em milagre após filha se recuperar de doença grave

Isabela foi diagnosticada com Meningoencefalite aos dois anos e parou de andar, falar e interagir com os pais. Hoje, aos cinco anos, ela tem uma vida normal.

Gabriella Starneck / 06 agosto 2021

Isabela Laís Gonçalves Rodrigues é um exemplo de superação. Em 2018, quando tinha apenas dois anos, foi diagnosticada com Meningoencefalite, uma inflamação do cérebro. A princípio, os médicos achavam que era apenas uma gastroenterite, mas o quadro foi se agravando, ela começou a ter convulsões e perdeu a consciência.

“Até então eles acreditavam que era um quadro doloroso, abdominal. Mas aquilo foi piorando até que ela teve uma convulsão. A partir desse momento, ela não recuperou mais a consciência. Foi quando eu fiz contato com uma amiga minha de colégio, que é neurologista, e pedi que ela intercedesse por nós, porque eu tinha medo de perder minha filha. Foi um momento muito crítico da nossa vida”, explica o pai da Isabela, Fernando Luiz Rodrigues.

Sua amiga entrou em contato com a equipe médica. Eles coletaram o liquor, que deu sugestivo para meningite viral ou bacteriana. Então, ela foi encaminhada para UTI para começar a fazer o tratamento. Porém, o quadro foi se agravando e foi confirmado que Isabela estava com Meningoencefalite Viral.

“Ela foi piorando, entrou em coma. A Isa, estava totalmente “desconectada” do mundo, não expressava nenhuma reação, nem apresentava estímulo a dor, não se movimentava de forma normal, apenas apresentava crises convulsivas muito intensas e persistentes, e nem com medicação encontrava-se melhor. E era bem complicado ouvir dos médicos que se ela melhorasse, seria muito pouco”, afirma a mãe, Regiane Carla Gonçalves Rodrigues.

Isabela ficou internada por 26 dias, sendo 21 na UTI e 15 em coma. Ela perdeu a consciência. Não conseguia andar, falar, nem interagir com seus pais. Os médicos chegaram a dizer para Regiane que sua filha iria ficar em estado vegetativo.

“A enfermeira de plantão, naquela ocasião quando eu fui recebida na enfermaria, foi bem categórica. ‘Essa é sua nova filha. Aqui você vai aprender a dar banho no leito, a manusear a sonda nasogástrica e vesical, porque é assim que você vai levar ela para casa’”, conta Regiane Carla.

Recuperação da Isabela

Após receber alta, a rotina da família mudou completamente. O casal teve que se mudar de Pouso Alegre para Campinas (SP) para que a Isabela pudesse fazer reabilitação. Regiane, que era funcionária da prefeitura, inclusive pediu exoneração do cargo para se dedicar melhor às necessidades da filha em Campinas. O outro filho do casal, hoje com 11 anos, teve que morar com os pais do Fernando por dois meses.

“Fomos para Campinas porque lá existe uma clínica que é referência em fisioterapia neurológica. Então a Isabela todos os meses passava por intensivo de fonoaudiologia, terapia ocupacional, fisioterapia. Muitas vezes quatro, cinco, seis sessões por semana”, destaca Fernando Luiz Rodrigues.

Hoje, aos cinco anos, Isabela tem uma rotina normal. Ela estuda em uma escola regular, voltou a falar, embora ainda com um pouco de dificuldade, a andar, possui sequência lógica do pensamento e tem seu aspecto cognitivo preservado. Regiane e Fernando acreditam que a história de recuperação da filha é um milagre.

“O caso da Isa, a gente realmente acredita que é um caso de fé. Embora a gente tenha recebido muitas informações que ela poderia ficar em estado vegetativo, a gente sempre acreditou. A gente sempre teve fé e rezou. Acreditamos numa intervenção divida, que a Isa realmente é um milagre, uma obra de Deus. E por isso que hoje ela está aqui, voltou a andar, a falar. Ela teve hemiparesia em um bracinho, não mexia, hoje ela consegue movimentar normal. Ela tem o cognitivo preservado “, diz Regiane Carla.

Pais acreditam que foi um milagre

A mãe conta que quando a Isabela estava no processo de tratamento, o médico do Programa Saúde da Família (PSF) e das Irmãs do Carmelo, William de Freitas Clemente, entregou para ela uma relíquia da Mãezinha do Carmelo, que foi colocada em baixo do travesseiro da filha. Após a recuperação da Isabela, William fez um prontuário do caso e mandou para o Vaticano, em Roma, para ser analisado como milagre por intercessão da Mãezinha.

William explica que quando uma família procura as irmãs para relatar um possível milagre, elas pedem para que seja apresentada toda a documentação médica para que o relato seja encaminhado para Roma. Porém, os processos demoram alguns anos para serem concluídos.

“O caso especifico da Isabela, além de ser uma grande graça, que isso nós podemos dizer sem sombra de dúvidas, é um forte candidato a ser reconhecido como milagre. Ele ainda não está encerrado, porque, conforme nós recebemos a orientação do vaticano, é necessário aguardar um completa reabilitação dela. Quando nós tivermos a Isabela em total reabilitação, como qualquer criança, sem nenhum déficit, esse processo é reavaliado pelo Vaticano. Mas não há dúvida nenhuma de que tudo que a família passou e, principalmente, a gravidade do quadro com que ela chegou, fez com que nós chegássemos a conclusão que se trata de um fato extraordinário”, afirma William de Freitas.

Mensagem de fé e esperança

Regiane e Fernando decidiram levar fé e esperança para outras pessoas por meio da história de superação da sua filha – principalmente nesse momento de pandemia em que muitas pessoas têm sofrido com a perda de familiares ou parentes com sequelas da Covid-19.

“O que a gente quer aqui é justamente nesse momento de pandemia levar para as pessoas esperança. Que isso vai passar. O momento é difícil pra todos. Para alguns é mais, porque a nossa dor sempre é maior do que a dor do outro, porque ela é nossa, né?! É você quem vivencia. Mas que tem que ter fé, esperança, que Deus age por nós. É assim que a gente encarou até lá, que a gente encara, e vai encarar daqui pra sempre”, ressalta Luiz Rodrigues.

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