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Mulher sonha com nova prótese para ter mais qualidade de vida

Ronilda teve que amputar a perna aos 10 anos. Família criou uma ação a fim de arrecadar recursos para comprar uma nova prótese para ela.

Gabriella Starneck / 30 julho 2021

Ronilda sonha com uma nova prótese para ter mais qualidade de vida. Foto: Terra do Mandu

Uma família de Tocos do Moji, no Sul de Minas, está fazendo uma ação a fim de arrecadar recursos para comprar uma nova prótese para Maria Ronilda da Silva, que precisou amputar a perna quando tinha apenas dez anos. Ela foi diagnosticada com Osteomielite Crônica, uma infecção óssea, aos três anos. Ainda criança, precisou passar por várias cirurgias, ficou muito tempo internada, mas mesmo assim teve que amputar a perna esquerda.

“Minha mãe disse que eu chorava muito, a noite inteirinha. E começou a sair umas manchas vermelhas pela perna. Foi aí que fui para o hospital e descobriram que eu estava com esse problema. Eu fiz várias cirurgias para tentar recuperar [a perna], mas foi em vão. Fiquei muitos anos no hospital, acho que dos três aos nove anos, e como não tinha mais o que fazer, a outra solução foi eu ter que amputar a perna esquerda”, conta Maria Ronilda.

O ortopedista Marcus Vinicius Teixeira explicou que a Osteomielite é uma infecção do osso, causada geralmente por bactéria ou fungo, que passa para corrente sanguínea e atinge o osso. A doença pode ser tratada com antibiótico, porém, em alguns casos, o medicamente não faz efeito e evolui para um caso crônico. Ronilda, por exemplo, passou por diversos procedimentos antes de amputar a perna. A mãe dela chegou a tirar parte do osso para doar para a filha, mas o procedimento não deu certo.

“Até minha mãe teve que tirar o osso da perna dela para fazer um transplante, para ver se meu osso colava com o dela. Tentaram fazer a cirurgia, mas não foi bem-sucedida. Aí minha mãe até hoje também tem problema na perna”, afirma a moradora de Tocos do Moji.

Ronilda foi diagnosticada com Osteomielite aos três anos, e teve que amputar a perna aos dez. Foto: Arquivo pessoal

Depois de amputar a perna esquerda, Maria Ronilda ficou um tempo sem prótese, até conseguir uma doação. Hoje, ela utiliza uma prótese mecânica, mas aos 47 anos continua enfrentado diversos desafios. Sua prótese atual, além de machucar, deixa ela sem equilíbrio. “Essa prótese que uso agora não é ótima. Ela machuca bastante, dificulta meu caminhar. Às vezes eu caio, porque não tenho equilíbrio com ela, sabe?!”, relata.

Questão financeira é um empecilho

Ronilda chegou a fazer o orçamento de um modelo ideal para o seu caso. Porém, ela não tem condições de comprar, pois a prótese custa R$ 45 mil. “Estou tentando uma prótese nova, uma ideal para mim. Eu fui no ortopedista, e ele disse que essa prótese é ideal. Que é leve, confortável, que eu possa andar o dia inteiro com ela que não vai me machucar”, explica.

Viúva e mãe de duas filhas, uma de 16 e outra de 22 anos, atualmente Ronilda não trabalha e recebe apenas o Benefício de Prestação Continuada (BPC – LOAS), concedido ao cidadão que comprove ter uma deficiência de longo prazo que o impeça de trabalhar e manter seu sustento e de sua família.

O beneficiário recebe um salário mínimo, R$ 1.100 em 2021. “Só esse benefício que eu recebo. Então é o que eu tenho para cuidar da minha filha. A mais velha já está trabalhando, mas não tem condições de comprar uma prótese de R$ 45 mil. Não tem como, né?!”, afirma Ronilda.

Família faz ação solidária para comprar nova prótese

Vendo a dificuldade que Ronilda enfrentava ao fazer as atividades do dia a dia, os primos dela resolveram fazer uma ação solidária a fim de arrecadar recursos para comprar uma prótese nova. Eles fizeram um folder, que está sendo compartilhado nas redes sociais, para mobilizar mais pessoas em prol dessa causa.

Família busca arrecadar recursos para comprar uma nova prótese

“Essa ação surgiu com o meu comentário, de que eu estava triste e abatida porque eu já não estava mais acompanhado eles. Eles sentiam que eu estava sentindo falta de alguma coisa. Às vezes a gente ia passear, e eu falava ‘eu não vou passear porque minha perna está doendo muito’”, explica a mulher de 47 anos.

A iniciativa partiu da prima de Ronilda, Julia do Carmo Silva, e outros integrantes da família. “Vendo a dificuldade dela com a prótese atual, a gente teve a ideia de fazer uma ação solidária para poder arrecadar o dinheiro para comprar uma prótese nova para ela”, afirma Julia do Carmo.

Ronilda conta que sonha em conseguir a nova prótese para ter mais qualidade de vida e mobilidade. Ela que voltar a fazer suas atividades diárias com segurança.

“Não vai me machucar. Eu vou andar normal, não vou cair. Porque meu medo da antiga prótese é que eu sempre caía. Eu vou até me sentir mais confiante para fazer minhas coisas, sair com meus amigos. Porque até então muita pouca coisa eu tenho feito. Por exemplo, você não vai numa festa de muleta, né?! É complicado, cansa. E com a prótese boa, confortável, vai ser outra coisa. Em casa vou poder usar ela o dia inteiro para cuidar da minha casa”, diz Ronilda.

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