Economia

Cimed investe R$ 400 milhões em Pouso Alegre e espera faturar R$ 2 bilhões no ano que vem

Magson Gomes / 06 novembro 2019

Empresa é hoje o maior empregador privado da cidade, com 2.300 funcionários, sendo 33,5% com nível superior. Nova fábrica já está em construção no município e vai gerar mais 500 empregos diretos.

Sede industrial do Grupo Cimed. Foto: Magson Gomes/Terra do Mandu

A Revista Terra do Mandu, edição especial, trouxe os números dos investimentos feitos pela indústria farmacêutica em Pouso Alegre. O levantamento, com os dados colhidos diretamente com as farmacêuticas e com a prefeitura, mostra que, até 2021, elas investem R$ 1,4 bilhão na cidade.  Terra do Mandu entrevistou executivos dessas empresas. Hoje, publicamos a reportagem sobre os investimentos e projeções que estão sendo feitos pelo Grupo Cimed, que cresce em ritmo acelerado de mais de 20% ao ano.

A companhia é a quarta farmacêutica do Brasil, em números de produção. Para suportar esse crescimento, a empresa faz novos investimentos e a cidade que recebe esses aportes é Pouso Alegre, onde está localizado o complexo industrial da farmacêutica. Com 2.300 funcionários, a Cimed é a maior empregadora do município, no setor privado. Sendo que 33,5% dos funcionários são pessoas com nível superior de escolaridade.

Entre 2018 e 2020, o investimento projetado pelo grupo será de R$ 400 milhões, somente em Pouso Alegre. O diretor executivo industrial, Amaraí Furtado, conta que R$ 130 milhões estão sendo investidos em pesquisa e desenvolvimento (P&D), R$ 70 milhões foram em estrutura do atual parque industrial e o maior investimento de R$ 200 milhões será na construção da nova fábrica.

“Nós temos um desafio importante que é o faturamento de R$ 2 bilhões, em 2020. Nós faturamos R$ 1 bilhão em 2017. Então, vamos dobrar a companhia em três anos”, afirma Amaraí Furtado.

Diretor Executivo, Amaraí Furtado, em frente a sede industrial do Grupo. Foto: Daniel Silva/Revista Terra do Mandu

Em 2019 e 2020, a Cimed irá produzir 400 milhões de unidades de produtos, contra 370 milhões em 2018. “Tivemos que fazer uma série de investimentos na planta atual para suportar o crescimento de produção. Porque a nova fábrica fica pronta para utilização em 2021”, explica o executivo.

O complexo industrial do Grupo Cimed de Pouso Alegre tem as linhas de medicamentos, de suplementos e vitaminas, e a linha de higiene e beleza. Marcas que são destaque no mercado são Cimegripe, Lavitan e Dermafeme.

O diretor executivo afirma que o mercado de genéricos é estratégico para a Cimed, com forte investimento nessa categoria. “A divisão de genéricos é a que mais cresce no Brasil e na Cimed não é diferente, sua participação no faturamento do grupo vem aumentando significativamente”.

Nova fábrica de R$ 200 milhões e 500 empregos diretos

As obras da nova fábrica do Grupo Cimed, em Pouso Alegre, tiveram início no segundo semestre de 2019. A unidade está sendo construída numa área de 283 mil m², mais que o dobro da área do atual parque industrial. O terreno fica às margens da Fernão Dias, onde funcionou a empresa Locomotiva.

Dos R$ 200 milhões investidos na construção, R$ 100 milhões vieram através de financiamento junto ao BNDES e a outra metade são recursos próprios do Grupo Cimed. A previsão é que essa nova unidade fique pronta no fim de 2020, para entrar em operação no ano seguinte, gerando 500 empregos diretos.

“A opção por ampliar é porque nós temos uma demanda reprimida. Necessitamos ter uma nova estrutura para comportar o crescimento que nós tivemos nos últimos períodos; e também o investimento que fizemos em P&D, que vai transformar em necessidade produtiva. Por isso, nós optamos por construir outra unidade,” conta o diretor executivo.

Obras da nova fábrica já estão em andamento. Foto: divulgação

A nova fábrica será destinada, exclusivamente, à produção de medicamentos sólidos, que são cápsulas e comprimidos simples e revestidos. “Nessa ‘etapa 1’ vamos sair de uma capacidade produtiva,  hoje de 26 milhões de unidades sólidas ao mês e passar para 40 milhões de unidades sólidas ao mês, com a possibilidade de ampliação da produção  para 60 milhões unidades”, aponta Amaraí Furtado.

Além da fábrica, áreas de suporte ao negócio vão se instalar no local, como administrativo, laboratório de controle de qualidade e manutenção industrial. Terá ainda uma segunda unidade da Associação Educacional Claudia Marques, com 160 vagas para crianças de 0 a 3 anos, para as mães que vão trabalhar na unidade. No complexo 1, já são 120 vagas para os filhos de funcionárias.

Mesmo depois de inaugurar sua nova fábrica, a Cimed manterá a unidade atual ativa, com foco nas demais linhas de produtos, medicamentos isentos de prescrição, vitaminas, produtos de higiene, beleza e nutrição.

20 anos de Pouso Alegre

A Cimed inaugurou sua primeira unidade em Pouso Alegre no ano de 1999, há exatos 20 anos. “Enquanto as companhias estavam saindo de Minas Gerais, a Cimed veio para o estado. A empresa sempre acreditou no estado e na região do Sul de Minas, especificamente. Nós estamos numa posição geográfica estratégica,” relata o diretor executivo industrial. Segundo Amaraí Furtado, o maior mercado da farmacêutica é o Sudeste e o Sul do Brasil.

Outro fator importante em Pouso Alegre, diz Amaraí, é a mão de obra qualificada na região, que é muito importante para a indústria farmacêutica. São diversas faculdades públicas e particulares, nas proximidades, que garantem a presença dessa mão de obra diferenciada.

Empresa é o maior empregador privado de Pouso Alegre. Foto: Lucas Soares/G1

Amaraí acrescenta que essas são as características básicas que fizeram a Cimed vir para Pouso Alegre, permanecer e investir em seus negócios por aqui.

“E o que é importante: a gente traz para cá, empresas de suporte. Por exemplo, a ACG [multinacional indiana fabricante de cápsulas] foi implantada aqui em virtude de nós termos essa alta demanda de cápsulas. Nós temos também as empresas de segurança e diversos parceiros que vieram para a região, baseados nesta demanda do polo farmacêutico”, destaca.

O diretor executivo ainda comenta que a empresa tem um bom relacionamento com o estado e com o município, e recebe incentivos fiscais, mas pondera: “Acreditamos que Minas pode evoluir nesse sentido, porque há estados onde o incentivo é muito maior do que em Minas”.



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