Facção criminosa paulista ordenou ataques a ônibus em MG e RN, diz investigador ao Estadão

Terra do Mandu / 05 junho 2018

Detectado em São Paulo, onde a facção não pretende atacar, conforme as informações interceptadas, o plano foi confirmado pelas forças de segurança dos Estados, informa a reportagem.

Uma reportagem publicada nesta terça-feira (05) no jornal e no portal Estadão, de São Paulo, informa que os atentados a ônibus em Minas Gerais e no Rio Grande do Norte foram ordenados pela facção criminosa que tem origem em São Paulo. A reportagem é assinada pelos jornalistas Marcelo Godoy e Rene Moreira e traz como fonte um dos responsáveis pela investigação contra essa facção.

Os atentados simultâneos em dois estados seriam os primeiros da história da facção. A reportagem diz que as ações acabaram determinadas na semana passada e deveriam envolver ainda outros dois Estados, cujas forças de segurança estão de prontidão.

Em Pouso Alegre foram três ataques a ônibus entre a noite de domingo e a tarde desta segunda-feira. Em Minas, tiveram cerca de 50 atentados em mais de 20 cidades, a maioria delas aqui no Sul do Estado e no Triângulo.

A reportagem do Estadão diz que os ataques simultâneos em mais de um Estado foram decididos pelo “resumo dos Estados”, os bandidos responsáveis pela facção em cada unidade da Federação, depois de consulta feita à Sintonia dos Estados, setor da facção que cuida da organização fora de São Paulo.

“O plano inicial era fazer uma manifestação pacífica em Natal contra o que os bandidos chamam de opressão no complexo prisional de Alcaçuz (em Nísia Floresta, na Grande Natal)”, afirmou um dos responsáveis pelas investigações contra a facção paulista. Mas a direção do “partido” no Estado decidiu que a manifestação não teria o efeito desejado e decidiu atacar. A mesma decisão se estendeu a Minas e a dois outros Estados que teriam problemas em cadeias.

“Os bandidos diziam que era para ir para cima de policiais e agentes prisionais e pôr fogo em ônibus. As forças de segurança desses Estados foram avisadas e estão de prontidão”, informou o investigador. Em Minas, a facção tem 1.432 filiados e no Rio Grande do Norte há 798 bandidos ligados ao grupo.

Detectado em São Paulo, onde a facção não pretende atacar, conforme as informações interceptadas, o plano foi confirmado pelas forças de segurança dos Estados. Primeiramente, os bandidos agiram em Natal, no sábado, quando assassinaram o PM Kelves Freitas de Brito. Em outro caso, policiais mataram dois suspeitos que tentaram fugir. Na capital do Estado, os criminosos incendiaram um ônibus, o que fez as empresas do setor recolherem a frota.

No domingo (03) foi a vez de Minas, onde os bandidos começaram os ataques durante a noite.

Em Pouso Alegre houve uma tentativa de incendiar um coletivo no bairro Jardim redentor. Mas o fogo não se alastrou.

Já na tarde desta segunda-feira (04) dois coletivos foram atacados e incendiados. Enquanto as equipes das polícias buscavam pelos suspeitos do ataque ao ônibus no bairro Recando dos Fernandes, uma nova ação foi registrada no bairro Belo Horizonte.

Em todos os atentados, rapazes armados entraram nos ônibus, jogaram gasolina e atearam fogo. Os passageiros, motoristas e cobradores eram expulsos dos veículos antes dos criminosos atearem fogo.

Em muitos casos, os criminosos agiram de forma parecida ao que aconteceu em Pouso Alegre na noite do domingo. Eles pararam o ônibus, pediram para todos descerem e atearam fogo ao veículo. “Eles prometem R$ 15 a cada moleque que participa da queima de ônibus. A ordem é mandar descer todo mundo e queimar o veículo”, afirmou um delegado da área da inteligência.

Há ocorrências, no entanto, que diferem um pouco desse padrão. Em Monte Santo de Minas, por exemplo, entraram na garagem da prefeitura com garrafas de álcool e incendiaram dois ônibus escolares.

Polícia prendeu 18 pessoas dos ataques a ônibus em Pouso Alegre e Itajubá

As Polícias Civil e Militar informaram na tarde desta terça-feira (05) que 18 suspeitos de participação nos atentados a ônibus coletivos nas cidades de Pouso Alegre e Itajubá foram presas desde a noite de domingo. A polícia informa que as operações foram intensificadas com reforço de policiamento na busca de identificação e prisão dos autores dos vandalismos aos ônibus nessas cidades do Sul de Minas.

Oficialmente, a polícia trata com cautela as informações. “Parece-nos que houve, em parte, a orquestração de facção criminosa, mas não podemos determinar isso. A investigação é que vai ditar se esses áudios correspondem aos ataques que foram efetivados”, informou o major Flávio Santiago, porta-voz da PM mineira. Ele afirma que as ocorrências “podem sim ter relação com demandas vindas de dentro dos presídios”.

Segundo o oficial, tudo será apurado pelo setor de inteligência da Segurança Pública. O major também afirmou que ataques semelhantes foram registrados em outros Estados.

Com informações do Estadão


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