Morte da universitária Deborah Oliveira completa 4 anos e sem julgamento

Magson Gomes / 14 agosto 2017

A justiça marcou o júri popular para o mês que vem. O único acusado do crime está preso no presídio de Itajubá.

O crime que chocou Itajubá (MG) e o Sul de Minas completa 4 anos nesta segunda-feira (14). A morte da universitária Deborah Oliveira, que tinha 18 anos no dia em que foi assassinada, em 14 de agosto de 2013. O único acusado vai a júri popular no mês que vem.

O pai de Deborah, senhor Geraldo Oliveira, preferiu não gravar entrevista. Mas disse que espera o julgamento do caso para descansar um pouco. “A gente sempre pediu rapidez para ter uma solução. Descansar um pouco, esquecer jamais. A gente quer uma solução para andar mais tranquilo”.

Deborah foi morta quando ia da Unifei (Universidade Federal de Itajubá) para a casa do pai dela. A menos de 200 metros da casa de seu Geraldo, a universitária foi agarrada e levada para dentro de uma construção, onde foi violentada e estrangulada.

Camisetas confeccionadas pela família e amigos pedindo justiça.

A Polícia civil de Itajubá prendeu um suspeito na mesma semana, mas por falta de provas, o homem foi solto 43 dias depois.

Deborah Oliveira cursava o segundo ano de Sistema de Informação na Unifei. Família, amigos e colegas da universitária fizeram manifestações pela cidade pedindo justiça e cobrando agilidade nas investigações.

Em outubro de 2013, a polícia chegou até Benedito Mauro Divino, hoje com 29 anos. Benedito passou então a ser o único suspeito pelo crime. Segundo a polícia e o Ministério Público, o servente de pedreiro teria cometido o crime durante uma saída temporária do Dia dos Pais. Benedito já tinha voltado para o presídio quando foi apontado como autor e permanece detido, esperando o julgamento, agora com data marcada. O júri popular será no próximo dia 12 de setembro e deve durar até três dias.

 

Advogada assistente de acusação fala do caso Deborah

Nós conversamos com a advogada Roselle Soglio, que tem escritório em São Paulo e é a assistente de acusação no processo. Doutora Roselle é especialista em perícia criminal e também já atuou nos casos da menina Isabela Nardoni e do executivo da Yoki, Marcus Matsunaga, entre outros.

Para a advogada, quatro anos para o julgamento em plenário do caso Deborah é muito tempo esperado pela família.

Adv especialista em perícia criminal, Roselle Soglio, ajudou nas investigações do caso Deborah (Foto: reprodução G1)

“Esse caso é complexo em que você tem a imputação de três crimes em um processo. Foram quatro anos de muita luta para se chegar na autoria efetiva desse crime, para que seja feita justiça na condenação do autor dessa violência brutal praticada contra Deborah”, afirma a advogada que ainda diz que a média nacional para chegar ao julgamento em plenário de um processo é de dois anos. Mas no caso de Itajubá, há muitos processos em andamento na Comarca.

Por diversas vezes, a advogada Roselle Soglio criticou o trabalho da polícia em Itajubá, que somente 45 dias depois do crime, encontrou a peça íntima no bolso da blusa que a vítima usava na noite em que foi morta. Essa prova, após exame de DNA, que comprovou o envolvimento de Benedito Mauro Divino no crime. Em depoimento para a polícia, o servente de pedreiro confessou que matou a universitária, mas negou durante as audiências de instrução no Fórum de Itajubá, dizendo que teria sido forçado a confessar.

“Talvez aí orientado pelo seu advogado, afim de fazer uma melhor defesa. Mas ele é réu confesso sim. Existe, inclusive, um vídeo gravado pela polícia civil em que ele [Benedito] confessa o crime em relação a Deborah”

Segundo a assistente de acusação, existem provas que levam, pelo menos, à participação do acusado no crime. “Com a confissão dele, com o exame de DNA apontando para ele, eu não tenho dúvida de que ele deve ser condenado.

Benedito Mauro Divino confessou o crime para polícia, mas agora nega. (Foto: reprodução Rede Mais)

Ouça a entrevista com a advogada Roselle Soglio:

Outras afirmações da defesa e da acusação

Em entrevista a uma emissora de TV, a defesa do acusado diz que Benedito trabalhou com o pai no dia em que Déborah foi assassinada e que ficou em casa naquela noite. Mas, ao mesmo tempo também disse que, caso o acusado tenha estado na cena do crime, ele não estava sozinho.

O júri popular está marcado para ter início no dia 12 de setembro e deve durar de dois a três dias.

Em outras entrevistas sobre o caso Deborah, a advogada Roselle Soglio, que já atuou nos casos da menina Isabela Nardoni e do executivo da Yoki, Marcus Matsunaga, disse acreditar que Déborah conhecia o assassino e que mais de uma pessoa pode ter cometido o crime.

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