“No caso da Tailândia, primeira coisa temos que saber a natureza da droga. então a primeira vista o que foi encontrada foi uma substância análoga a cocaína ou heroína. Então, se for constatado ser heroína, aí sim ela poderia responder por pena de morte, mas se for cocaína não tem pena de morte na Tailândia pra cocaína. Aí nesse caso, ela também não responderia por prisão perpétua, por quantidade da droga, por ser ré primária no Brasil, por ter uma vida idônea aqui no nosso país, inclusive trabalhava com carteira assinada. Então essa moça, se for condenada, ela poderia pegar uns 5 anos e retornar ao Brasil, obviamente após a conclusão do processo, pois responder ela responde na Tailândia”, disse Telêmaco Marrace.
Advogado Telêmaco Marrace em entrevista ao Mandu News nesta terça-feira (22/02) / Foto: Reprodução Youtube Terra do Mandu
Ela poderá ser perdoada?
O advogado ainda citou um possível perdão para a brasileira, afirmando que as leis da Tailândia não são tão severas quanto as leis da Indonésia, país onde pelo menos dois brasileiros foram condenados à morte, em anos anteriores, pelo mesmo crime.
“ela pode inclusive ser perdoada, pois lá existe o perdão. Nós estamos falando de um país que o governo é uma Monarquia Constitucional, tem um primeiro-ministro e é governado por uma junta militar, então as leis deles são severas, mas não são tão severas quanto a lei do caso daquele rapaz que foi fuzilado na Indonésia. Apesar de ser um país asiático, as leis não são tão severas como da Indonésia”, comentou.
No que o advogado acredita?
Telêmaco Marrace diz acreditar que a jovem pouso-alegrense possa ter sido uma vítima do que chama de “emissários dos traficantes”, ou seja, possivelmente por ter conhecido pela internet e se encantado com o rapaz com quem foi se encontrar em Curitiba, Mary Hellen pode ter sido atraída com dinheiro e promessas para fazer “o serviço”. Além disso, ele ainda citou que esse tipo de crime é comum no Sul do Brasil e em outros estados do Sudeste.
“Principalmente aqui no Sul do Brasil, e é muito comum isso em São Paulo e no Rio de Janeiro, existem as grandes baladas. Então, a pessoa que é cooptada por esses emissários dos traficantes, ou seja, está “pescando na balada”, eles oferecem mundos e fundos para essas moças. E hoje, como a coisa está ainda muito mais elaborada, eles criam perfis no Instagram, Facebook, Tinder, e aí é o príncipe encantado às meninas”, contou.
“Infelizmente, há um público alvo que é de 18 a 25/26 anos, e esse público é fisgado. Eles falam “vamos passear comigo para a Tailândia”, e aí chega em determinado local onde se encontra já tem uma mala ali preparada, com roupas maravilhosas, e a pessoa tá naquela vibe que talvez ela nem percebe que ela esteja entrando num mundo sem voltas, porque se vai pra Indonésia complica tudo”, completou.
Advogado faz alerta para os jovens
O advogado criminalista ainda alertou os outros jovens, para que não sejam vítimas fáceis para esses criminosos, como pode ter acontecido com Mary Hellen. De acordo com ele, tudo que envolve a vida da jovem de Pouso Alegre dá a entender que ela pode ter sido vítima desse aliciamento.
“Então isso também serve de alerta para esses jovens, essas jovens, que podem entrar numa lábia dessas. Creio eu que a Mary Hellen entrou numa dessas, porque existe também toda questão da estrutura familiar, da estrutura psicológica. Então existe toda essa contextualização, aliada à impetuosidade da juventude, às vezes fazem muitas coisas sem pensar. Mas no caso da Mary Hellen creio que será um caso tranquilo, não vai ser difícil de resolver e em breve vamos conseguir trazer a Mary Hellen pros braços da família dela”, disse o advogado.
Jovem de Pouso Alegre presa na Tailândia / Fotos: Reprodução g1 Paraná e foto cedida pela família
Experiência internacional é esperança para família