Educação

Novo corte no orçamento da educação preocupa Unifei e IFSULDEMINAS

R$ 15 milhões é o valor do corte nas universidades federais da região do Sul de Minas, o que limita orçamento de dezembro e próximos meses

Iago Almeida / 01 dezembro 2022

Unifei é uma das universidades atingidas pelo corte do governo / Foto: Divulgação

O Governo Federal bloqueou mais de R$ 15 milhões do orçamento de universidades e instituto federais do Sul de Minas. O novo corte do Ministério da Educação (MEC) foi de R$ 1,68 bilhão, sendo R$ 344 milhões de 120 universidades públicas e institutos federais do país.

Na região de Pouso Alegre, a preocupação é das reitorias do IFSULDEMINAS e da Universidade Federal de Itajubá (Unifei). O Terra do mandu conversou com um professor da Unifei, que explicou o que a faculdade deve enfrentar, caso não haja restituição do valor.

Desde de 2016, a Educação já vem enfrentando dificuldades. Vários cortes foram anunciados nos últimos anos, o que fez diminuir os investimentos e despesas por parte dos campus universitários federais espalhados pelo país.

Vale destacar que o bloqueio do orçamento foi comunicado na tarde de segunda-feira (28/11), por meio de ofício. O Ministério da Educação (MEC) informou ter recebido a notificação do novo corte do Ministério da Economia e alegou que segue mantendo tratativas junto à pasta e à Casa Civil em busca de solução.

“O Ministério da Educação (MEC) informa que recebeu a notificação do Ministério da Economia a respeito dos bloqueios orçamentários realizados. É importante destacar que o MEC mantém a comunicação aberta com todos e mantém as tratativas junto ao Ministério da Economia e à Casa Civil para avaliar alternativas e buscar soluções para enfrentar a situação”, informou o MEC, em nota.

Unifei

A Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) informou, por meio de nota divulgada nesta quarta-feira (30/11), que está avaliando os impactos do bloqueio e que a reitoria está preocupada com os possíveis efeitos do corte.

Lá foram R$ 4,7 milhões do orçamento bloqueado. Então, alguns investimentos como a compra de itens de informática podem não ser executados e alguns processos deverão ser priorizados.

“A Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) informa que está avaliando os impactos da recente decisão de bloqueio de uso de recursos do seu orçamento, anunciado no dia 28 de novembro. A Reitoria da UNIFEI está preocupada com os possíveis efeitos desse bloqueio e, no momento, busca mais informações com o Ministério da Educação (MEC). A atual administração da UNIFEI acredita e espera que os recursos sejam liberados em breve, visto que o limite de prazo para utilizar esses recursos é dia 09 de dezembro”, informou a nota.

Para o professor Cléber Gonçalves Junior, diretor da Secretaria de Comunicação (SECOM), a universidade espera que os recursos possam ser liberados antes do prazo final para sua utilização, que é dia 9 de dezembro. Veja:

 

 

IFSULDEMINAS

No IFSULDEMINAS, o bloqueio foi de R$ 1.798.654,21, o que segundo o instituto, deixou a conta institucional zerada. Este seria o segundo corte orçamentário em 2022, uma vez que o primeiro ocorreu em 27 de maio e teve valor de R$ 5.707.495,00.

“Dessa forma, o IFSULDEMINAS aguarda o posicionamento final do Governo Federal quanto à disponibilidade do orçamento institucional para dimensionar os reais impactos nas ações da instituição e em cada unidade do IFSULDEMINAS”, informou.

Ainda na nota, o IF informou que o corte orçamentário for em cima do valor total retido, as seguintes ações serão afetadas:

  • Capacitação
  • Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação
  • Extensão
  • Bolsas de estudantes
  • Manutenção e abastecimento dos refeitórios
  • Capital que seria usado para empenho de equipamentos de laboratórios
  • Pagamento dos profissionais que realizam atendimento educacional especializado
  • Arrecadação própria, que afeta a manutenção das três escolas-fazenda (dos Campi Inconfidentes, Machado e Muzambinho)

Foto: Arquivo Terra do Mandu

“Assim, o IFSULDEMINAS espera que o Governo Federal não promova novo corte no orçamento das instituições de ensino, de modo a assegurar a continuidade da oferta de cursos e vagas, bem como a execução das ações de pesquisa, inovação e extensão que, a cada dia, têm contribuído para a transformação de vidas e para a promoção do desenvolvimento sustentável do Sul de Minas e do Brasil”, informou a nota.

O reitor do IFSULDEMINAS, Cleber Ávila Barbosa, se reuniu na terça-feira (29/11) com os demais gestores da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica para discutir ações frente ao possível contingenciamento. O encontro ocorreu na cidade de São José do Rio Preto (SP), onde acontecem os Jogos das Instituições Federais.

Unifal e Ufla

Na Universidade Federal de Lavras (UFLA), o valor bloqueado foi de R$ 3,2 milhões. Segundo a instituição, o bloqueio deixou saldo da universidade zerado. Sendo assim, não será possível o pagamento das despesas de 2022 e as atividades acadêmicas, administrativas e as de assistência estudantil serão impactadas.

“Não é possível, por exemplo, realizar pagamento de contas como energia elétrica, comprar qualquer material para aulas práticas, realizar manutenção de veículos, custear viagens para aulas de campo, entre outras atividades afetadas. Para funcionar, a UFLA demanda, por mês, 5,1 milhões de reais, e já havia um déficit previsto de 1,5 milhão gerado por corte anterior. Na prática, quase todas as despesas relacionadas ao mês de dezembro não poderão ser pagas”, afirmou a nota.

A Universidade Federal de Alfenas (Ufla) também informou que pode não conseguir pagar despesas essenciais, como a conta de luz e de água, após o bloqueio de R$ 5.958.282,46 do orçamento. O corte coloca em risco os pagamentos de trabalhadores terceirizados, telefonia e continuidade de obras, assistência estudantil e bolsas.

“Estamos batalhando para que esse bloqueio, para que essa retirada de recursos, esse verdadeiro corte possa ser revertido, garantindo, assim, o cumprimento dos nossos compromissos, tanto com os fornecedores, mas, principalmente, das pessoas que dependem da Universidade”, afirmou o reitor, professor Sandro Amadeu Cerveira.



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