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Músico esquece viola na rua e é surpreendido após apelo nas redes sociais

Viola de 10 cordas tem grande valor sentimental para Marcelo Henrique e foi fundamental em sua recuperação da Covid-19.

Nayara Andery / 18 julho 2022

Músico Marcelo Henrique e a viola elétrica que perdeu. Foto arquivo pessoal.

O músico Marcelo Henrique passou o fim de semana numa tristeza que só. Ele perdeu seu principal instrumento de trabalho. A viola elétrica foi esquecida na madrugada na rua, neste sábado (16/07), logo após fazer uma apresentação em um estabelecimento no bairro Jardim Olímpico, em Pouso Alegre, Sul de Minas.

“Eu terminei o show e os amigos foram me ajudar a levar minhas coisas. Eu deixei a viola do lado direito do carro e fui pegar o restante das coisas. [Voltei e] saí com o carro sem perceber que ela ficou lá”, conta o músico.

E cadê a viola?

Marcelo só percebeu que tinha perdido a viola na tarde de sábado, quando foi conferir os materiais de trabalho para o próximo show. E a viola? Ela foi o único objeto que faltava.

“Quando percebi isso já entrei em contato com a casa de eventos que eu tinha tocado na noite anterior e eles puxaram as imagens da câmera de segurança.”

Pelas imagens ele viu que a companheira de trabalho ficou na rua e um motociclista acha o instrumento e o leva. As imagens foram publicadas pelo músico e a esposa Patrícia Oliveira, nas redes sociais ainda no sábado.

“Pessoal, ontem acabei esquecendo a minha viola na rua que vai para a praça de esportes”, disse o músico ao pedir ajuda para encontrar a viola Rozini, do modelo Nestor da Viola. “Por favor, além de ser meu instrumento de trabalho tem um valor inestimável para mim! Minha companheira de décadas!!! Compartilhem até chegar a esse rapaz (da moto).”

Contato inesperado

E a publicação funcionou de várias formas! Em um comentário, uma mulher ofereceu um instrumento emprestado para ele usar enquanto não recuperasse a viola. Marcelo viu como as pessoas se sensibilizaram com o caso dele, mas, se surpreendeu com uma mensagem inesperada.

O vigilante entrou em contato na madrugada desta segunda-feira (18/07), quando saiu do trabalho como vigilante noturno. Ele contou que viu a mensagem nas redes sociais e quer entregar a viola que guardou. Marcelo conta que nem acreditou quando recebeu o contato e que está ansioso para rever seu instrumento.

O encontro entre os dois ainda será marcado. Segundo ele, o vigilante está no trabalho e não tinha como conversar, mas, ficou de retornar. O próximo passo será o encontro para a entrega da viola.

Valor sentimental

Essa viola entrou na vida de Marcelo há 20 anos, doada pelo dono da Auto Peças onde ele trabalha até hoje. O instrumento passou a ser a companhia do segundo trabalho dele, a carreira musical.

A música sempre fez parte da família de Marcelo, que nasceu no bairro Anhumas, zona rural de Pouso Alegre. “Quando eu segurei o instrumento pela primeira vez na infância, eu já sabia o que fazer.” Aos 43 anos de idade, ele lembra quando o irmão fez uma viola artesanal para ele, quando criança. “Pegou uma tábua, cortou e usou linha de pesca para ficar parecido como um violão”.

O primeiro instrumento de verdade que ele teve foi aproximadamente aos 6 anos de idade. “Meu irmão me deu uma viola verde, que ele comprou em Aparecida (SP).”

São 27 anos de carreira musical, na qual ele diz que faz parte da “velha guarda de Pouso Alegre”. O gosto varia entre samba, rock e outros estilos, mas o trabalho é principalmente voltado para o sertanejo, onde a viola caipira é o destaque nos shows que ele se apresenta.

O músico filiado à União Brasileira dos Compositores (UBC) tem 42 composições gravadas. Algumas das músicas foram gravadas por músicos da região e de outros pontos do país e ele já recebeu premiação em um festival, nos anos 2000.

A viola e a recuperação da Covid-19

No período da pandemia o setor cultural foi entre os mais afetados. Marcelo teve Covid e ficou 27 dias na UTI e 19 dias entubado. A viola foi importante na recuperação do cantor.

Apesar dos momentos difíceis nos últimos dois anos, a música foi um instrumento para ele incentivar a solidariedade das pessoas. Ele fez lives solidárias e em uma arrecadou cerca de 300 caixas que ele levou para os asilos de Pouso Alegre. A cada apresentação a viola que ele espera recuperar ainda nesta segunda-feira estava presente.

A viola teve importante papel na recuperação de Marcelo, após ser internado com Covid. Foto acervo pessoal.

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