Foto: Arquivo Pessoal

Morreu nesta terça-feira (17/05), o coreógrafo e cenógrafo José Antônio Di Paula, conhecido carinhosamente como Tony Di Paula, e que foi atuante em Pouso Alegre, no Sul de Minas, por muitos anos. Ele tinha 79 anos e não deixa nenhum filho.

Tony Di Paula morreu em Natal, capital do Rio Grande do Norte, às 8h30. Seu velório aconteceu na Funerária Menino Jesus e o sepultamento, também em Natal, aconteceu no Cemitério do Alecrim, nesta quarta-feira (18/05).

O cineasta foi uma figura importante na época de ouro do Teatro Municipal de Pouso Alegre, sua cidade natal. Ele pertenceu ao grupo GTAC, que mais tarde veio a se chamar ONGTAC, uma sucinta brincadeira com as palavras que abrasileirava o nome do grupo.

Por volta de 1979 e sob a direção de Hemon Vieira, Di Paula trabalhou no espetáculo chamado “O Santo Inquérito”, que retrata um tribunal de inquisição português no século 16, com a coreografia do momento em que Branca Dias, personagem principal, foi queimada na fogueira.

Foto: Arquivo Pessoal

Segundo relatos de participantes do grupo, com macacões de ballet pintados com caveiras fosforescentes sob a luz negra, o espetáculo sofreu represálias da sociedade na época por questionar seus costumes atrelados à religiosidade local, instigar valores de liberdade sexual e também denunciar a hipocrisia da moralidade estabelecida em uma época que o país vivia a plenitude da ditadura militar e seus desdobramentos no tecido social.

Ainda de acordo com os relatos, o espetáculo chegou a ser denunciado ao governo local e o grupo recebeu na cidade o chefe da censura federal na época, ligado ao DOPS (Departamento de Ordem e Política Social), para que seu exercício pudesse então ser liberado.

Com informações do jornalista João Paulo Martins