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Ex-padre é indiciado por violência sexual contra monges em Monte Sião

Investigações apontaram que abusos tiveram início em 2009 e há relatos de crimes até 2018; Arquidiocese e advogado se pronunciam

Iago Almeida / 20 janeiro 2022

Ernani Maria dos Reis, de 55 anos, pediu renúncia do celibato em 2018 / Foto: Redes Sociais

A Polícia Civil de Minas Gerais indiciou o ex-padre Ernani Maria dos Reis, de 55 anos, por violência sexual contra três monges na cidade de Monte Sião. O Inquérito Policial foi concluído nesta quarta-feira (19/01) pelo Delegado Daniel Leme, que indiciou o suspeito por violência sexual mediante fraude, combinados com o crime de assédio sexual. O indiciado, que mora atualmente em Franca (SP), fica agora à disposição da Justiça.

Os crimes ocorreram em um mosteiro da cidade, onde o padre era responsável na época. De acordo com os levantamentos, os monges eram subordinamos ao ex-sacerdote e passavam por processo seletivo para ingressarem. Além de abuso e violência sexuais contra as vitimas do gênero masculino, algumas monjas também o acusaram de agressões, maus tratos e assédio moral.

O que dizem as vítimas

De acordo com a Polícia Civil, uma das vítimas, hoje com 41 anos, conta que o assédio e abusos iniciaram no ano de 2009. Ele afirma que o suspeito se aproximou dele com pressões psicológicas, além de manipulação, usando da vulnerabilidade acerca da perda do pai.

De acordo com a vítima, o abuso ocorreu quando o padre o chamou para tratar de assuntos sobre um vento e quando chegou, o suspeito estava seminu, com uma taça de vinho. Durante a conversa, o padre o abraçou e começou a fazer carícias, e fazendo pressão e manipulação psicológica para que a vítima cedesse.

Ainda segundo a polícia, outra vítima, atualmente com 31 anos, relatou que após dois anos de estada no mosteiro começou a acompanhar o padre em viagens curtas, quando em uma delas ocorreu o abuso, ao dormirem no quarto de motel reservado pelo suspeito.

O que diz o padre

O ex-padre negou as acusações à Polícia Civil, entretanto, confirmou ter tido relações sexuais com duas vitimas. Segundo o ex-sacerdote, as relações foram consensuais. A polícia não deu mais detalhes das justificativas do suspeito.

Entramos em contato com o advogado do ex-padre, João Humberto Alves, que é advogado criminalista, especialista em Direito Processual Penal. Em nota, ele afirmou que “a defesa de Ernani Maia dos Reis informa que o responsável pela acusação ou arquivamento das investigações é o Ministério Público que, por sua vez, ainda não se manifestou nos autos, o que impossibilita qualquer tipo de manifestação por parte da defesa”.

Padre negou as acusações e afirmou que relações foram consensuais / Foto: Facebook/Comunidade Santíssima Trindade

Outras denúncias

Informações divulgadas pelos portais UOL e G1 afirmaram que o padre teria cometido os crimes sexuais entre os anos de 2011 e 2018, momento em que ele se afastou do mosteiro. Homens de 20 a 43 anos foram as vítimas; além disso, outras 10 mulheres e um homem também teriam sofrido constrangimentos e agressões verbais.

Ainda de acordo com os portais, as denúncias teriam sido recebidas pela Igreja Católica, mas o padre só foi afastado depois que ele mesmo pediu para sair do mosteiro em 2018. Neste mesmo ano, ele chegou a ser conduzido para uma clínica de reabilitação espiritual no estado do Paraná; entretanto, depois de seis meses no local ele retornou e anunciou sua renúncia ao celibato.

Arquediocese se pronuncia

Em nota divulgada na manhã desta quinta-feira (20/01), a Arquediocese de Pouso Alegre, a qual pertence a cidade de Monte Sião, confirmou que o padre foi afastado em 2018 através de uma própria renúncia, quando foi dispensado de todas as atividades religiosas pelo Papa Francisco.

Além disso, a arquediocese ainda informou que todas as medidas cabíveis foram tomadas e que as possíveis vítimas foram acolhidas em confissão, apoio financeiro e também psicológico. Confira a carta divulgada:

Foto: Arquediocese de Pouso Alegre

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