Inspirada em grandes autores da literatura brasileira, como Manuel Bandeira e Guimarães Rosa, Joana Izabel expressa seus sentimentos em palavras. Ela também escreveu uma poesia sobre a pandemia da Covid-19. VEJA A ENTREVISTA ABAIXO.
A diarista Joana Izabel de Souza acaba de publicar seu primeiro livro de poesias em Pouso Alegre, Sul de Minas. A própria Izabel classifica sua vida como muito sofrida, infância muito difícil em Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha. As memórias da infância e da família são fontes para seus poemas, cheios de saudade, melancolia. Essa foi a forma que ela encontrou de expressar em palavras seus sentimentos, que agora fazem parte do livro ‘Izabel entrelinhas’.
Izabel teve pouco estudo. Frequentou a sala de aula até a 4ª. Com uma família grande, teve que trabalhar desde criança para ajudar em casa. Depois, casou-se muito cedo, vindo os filhos, tornando-se impossível dar continuidade aos estudos em sala de aula.
Até hoje, Izabel se dedica a cuidar das casas de outras famílias. Ela trabalha de diarista, faxineira, faz comida em casas de família e outros serviços domésticos para ganhar a vida.
Mesmo sem as oportunidades de seguir nos estudos ou fazer uma faculdades, Izabel não abandonou o sonho de escrever. “Eu sempre tive imaginação para poder escrever. Quando percebi que tinha jeito para escrever, comecei a estudar sozinha, buscar conhecimento nos livros; manter em dia com a língua portuguesa; procurar ler, ler ler muito mesmo”, conta.
A diarista explica que as poesias saem dos momentos tristes, e das lembranças do passado. “Sempre que estou triste, que acontece alguma coisa na minha vida, eu escrevo”.
As inspirações para as poesias são os grandes escritores brasileiros Manuel Bandeiras e Guimarães Rosa, dos quais ela já leu todas as obras.
Izabel tem uma história inspiradora. Mesmo diante de tanta dificuldade, não abandonou seu sonho. Mesmo sem os estudos regulares de uma escola ou uma faculdade, buscou conhecimento sozinha, através de livros e mais livros.
Veja uma das poesias presentes no livro. A publicação foi organizada por uma publicitária, que Izabel ajudou a criar e se tornou uma amiga da diarista. Os interessados em adquirir o livro ‘Izabel entrelinhas’ basta procurar no ‘Clube dos Autores’
“Se visse como vi
A roça do sossego
Meu pai chegando
Bala trazendo
Esperança nascendo
Se visse como vi
Meus irmãos brincando
Minha irmã chegando
Da roça mudando
E saudades levando
Se visse como vi
Meu pai partindo
Minha mãe partindo
O tempo passando
E a saudade crescendo
Se visse como vi
O passar do tempo
A vida de lamento
Silêncio da ausência
E a perda da inocência.
Se visses, mas não viu”