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Ex-secretário de Pouso Alegre coloca tornozeleira eletrônica e fica em prisão domiciliar durante processo da ‘Operação Capina’

Após ter mandado de prisão preventiva expedido pela justiça, defesa de Messias Morais conseguiu que ele fique em casa porque possui inscrição na OAB e o presídio de Pouso Alegre não tem cela especial para advogados. A alegação foi acatada em audiência de custódia realizada esta semana.

Audiência foi nesta semana no Fórum de Pouso Alegre. Processo corre em segredo de justiça. Foto: Terra do Mandu

Nesta terça-feira (18) o ex-secretário de Finanças de Pouso Alegre, no Sul de Minas, Messias Morais, foi até o presídio da cidade para receber a tornozeleira eletrônica. Em audiência de custódia na última segunda-feira, ficou decidido que Morais ficará em casa e será monitorado pelo dispositivo de segurança enquanto aguarda o andamento do processo que investiga desvios de cerca de R$ 14 milhões em contratos de capina na prefeitura entre os anos de 2014 e 2016.

A defesa de Messias Morais alegou que o ex-secretário tem registro na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o presídio de Pouso Alegre não possui cela especial para que pessoas com OAB possam suas prisões. A justiça acatou a alegação e determinou que o ex-secretário seja monitorado por tornozeleira eletrônica, devendo ficar em casa.

O ex-secretário é citado na investigação comandada pelo Ministério Público Estadual, através do Grupo de Atuação no Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Nossa reportagem entrou em contato com o Gaeco em Pouso Alegre e fomos informados que o processo corre em segredo de justiça e nenhuma nova informação será passada à imprensa.

ENTENDA O CASO

Na sexta-feira da semana passada (14/02), o ex-secretário de Finanças foi preso em casa e conduzido para a delegacia da Polícia Civil. O mandado de prisão era preventivo, sendo um desdobramento da ‘Operação Capina’, do Gaeco, que investiga desvios de cerca de R$ 14 milhões de recursos da prefeitura de Pouso Alegre, que teriam ocorrido entre os anos de 2014 e 2016, através de contratos fraudulentos de capina.

O ex-secretário não chegou a ir para o presídio. Ele passou a noite na delegacia e voltou para casa no sábado pela manhã, após conseguir alvará de soltura na justiça para aguardar a decisão da audiência de custódia.

Ex-secretário chegou em viatura da PM e foi colocado em carro de advogado para entrar no prédio da delegacia. Foto: Terra do Mandu

A OPERAÇÃO CAPINA

A primeira fase da operação Capina foi realizada em dezembro do ano passado, quando dois empresários, donos da empresa que teve o contrato firmado com a prefeitura, foram presos.

Pai e filho já deixaram o presídio e passaram a usar tornozeleiras eletrônicas e são monitorados pela justiça.

Segundo as investigações, havia uma organização criminosa que praticou fraude à licitação, peculato (por meio de pagamentos feitos por serviços de locação de mão de obra não prestados) e lavagem de dinheiro.

De acordo com o promotor de Defesa do Patrimônio Público, Agnaldo Cotrim, as investigações apontam para fraude à licitação em dois contratos de capina que vigoraram no município durante os anos de 2014, 2015 e 2016, durante a administração do ex-prefeito Agnaldo Perugini (PT).

“Segundo apuramos, até o momento, há elementos que nos leva a crer que houve fraude na licitação e que determinada empresa saiu vencedora, baseado nesses elementos”, afirmou o promotor em coletiva na época da primeira fase da operação.

Ainda segundo o promotor, a empresa vencedora da licitação, recebia valores por mão de obra e serviços não prestados. “Durante a própria execução do contrato, a prestação do serviço, nós apuramos que a empresa não tinha potencial humano suficiente para dar cabo no serviço no qual ela foi contratada. Os documentos nos levam a crer também que ocorreu a comprovação de serviço que teria sido prestado quando, na verdade, não foi prestado”, explicou Agnaldo Cotrim.