Segundo prefeitura, o loteamento é irregular. A água usada pelos moradores sai da caixa d´água da escola do bairro. Porém, reservatório não é mais suficiente para atender tantos imóveis.
As famílias que moram no bairro Algodão, zona rural de Pouso Alegre, próximo à escola do bairro, convivem com o problema de falta de água. As casas dessas pessoas são abastecidas pela caixa d´água da Escola Municipal Maria Barbosa. Porém, de acordo com os próprios moradores, muitas casas foram construídas no bairro e a água do poço artesiano da escola já não é mais suficiente para atender todo mundo. E novos lotes continuam sendo vendidos e casas sendo construídas.
Dos sete dias da semana passada, cinco foram sem água. Mesmo quando chega algo na caixa, as famílias precisam economizar ao máximo. Nos dias sem água, o jeito é torcer para chover em encher os galões. Tem gente que está buscando água nos municípios vizinhos de Cachoeira de Minas e Cambuí.
CONFIRA A REPORTAGEM EM VÍDEO:
A dona Maria Carolina conta que, recentemente, foram oito dias direto sem uma gota de água cair na caixa da casa dela. O marido foi até uma torneira ligada ao reservatório da escola pegar um pouco. Mas a sorte mesmo foi que choveu. “Se não fosse a chuva eu estava sem água para beber, para lavar roupa e sem água para cozinhar”.
Dona Maria afirma que comprou o terreno há 20 anos direto da ‘mão’ de Dito Barbosa, que é vereador em Pouso Alegre. Ela construiu a casa há quatro anos. “Quando a gente comprou o terreno dele, ele avisou que nós pudéssemos comprar o terreno e usar a água da escola”, conta.
E assim também aconteceu com outras dezenas de famílias que negociaram lotes no local, construíram e se valem da água do poço artesiano da escola. Porém, de acordo com os próprios moradores, o crescimento do bairro e a falta de um reservatório maior está agravando o abastecimento de água.
A moradora Ana Ferreira conta que o filho coloca os tambores no carro e busca água no distrito de Itaim, em Cachoeira de Minas.
Rosângela Rosa explica que teve que dispensar a visita das netas porque não tinha água para lavar roupa e todo mundo tomar banho.
Os moradores também contam que, recentemente, foi aberto um poço artesiano pela Copasa no bairro. Mas, as demais etapas não estão sendo feitas.
O QUE DIZEM OS ENVOLVIDOS
Entramos em contato com a prefeitura para saber sobre o problema de fornecimento de água no bairro e o fato de as casas serem abastecidas pelo reservatório da escola municipal. A prefeitura apenas informou, através da Assessoria de Comunicação, que o loteamento é irregular.
Fomos procurar o vereador Dito Barbosa, que negociou os terrenos com os moradores. Ele não quis gravar entrevista. Mas conversou com nossa reportagem.
Dito Barbosa explica que não chegou a fazer projeto de loteamento. Ele diz que recebeu a área como herança e algumas pessoas começaram a pedir para ele vender os terrenos. “Aí começou a pressão de querer comprar um terreninho; eu não querendo vender, mas acabei vendendo. Depois precisava vender para estudar meus filhos e fui vendendo, mas tudo baratinho”, conta o vereador.
Sobre o loteamento ser irregular ele disse. “Deve ter alguma irregularidade… pode ter. Mas tem pessoas lá que se não fosse Dito Barbosa jamais tinha sua casa para morar”. Segundo o próprio vereador, foram negociados uns 60 ‘terreninhos’. “Não é lote. Não é para fazer dinheiro. É para ajudar as pessoas. Tem maldade nenhuma não”.
Dito Barbosa também justifica que o poço que serve à escola e família do entorno está no terreno dele. O loteador ainda fala que, no fim do ano passado, a Copasa abriu um novo poço artesiano no bairro. Mas não soube explicar como e quando esse poço passará a funcionar. Apenas que vai depender da Copasa.
A Copasa enviou nota à nossa redação informando que a tratativa com a prefeitura de Pouso Alegre foi apenas para a abertura do poço.
“A Copasa informa que realizou a perfuração de um poço profundo no bairro Algodão, em Pouso Alegre, após solicitação da Prefeitura Municipal. A Companhia esclarece que, até o momento, não foi realizada nenhuma outra tratativa além da perfuração”.
Moradores aguardam que o problema seja resolvido logo. (Foto: Magson Gomes/Terra do Mandu)