Salários atrasados e energia cortada, fábrica manda funcionários para casa

Magson Gomes / 21 agosto 2018

A empresa Locomotiva está em recuperação judicial e já demitiu mais de 200 pessoas nos últimos anos.

Roberto Galdino dos Santos é casado e tem três filhos. Ele é funcionário da Locomotiva, em Pouso Alegre, Sul de Minas. Os últimos dias têm sido de apreensão para Roberto e para os demais empregados da fabricante de lonas, que fica às margens da Fernão Dias.

A empresa, que já vinha em processo de recuperação judicial, não pagou os salários de julho. O vale alimentação dos últimos dois meses não foram depositados. Na semana passada, a fábrica teve a energia cortada e os trabalhadores mandados para casa, já que a produção teve que ser paralisada.

“A minha situação está precária. Eu tenho três crianças. A gente está sem receber. Até vim aqui [no sindicato] tentar arrumar uma cesta básica porque não tem condições mesmo. Três crianças, faltando as coisas, tem que pegar fiado, aí as contas vão piorando mais ainda”, conta o trabalhador na porta do sindicato que representa o setor.

O funcionário Sidnei Willian de Faria conta que os salários dos meses anteriores também foram pagos com atrasos e que o FGTS não é depositado há mais de um ano. “E a empresa não dá nenhuma satisfação para gente”.

O medo dos cerca de 200 funcionários é que a empresa decrete falência e todos sejam demitidos e fiquem sem receber os salários e os demais direitos trabalhistas.

Segundo o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Calçado e Vestuário de Pouso Alegre e Região (SINDICAVESPAR), a Locomotiva está em recuperação judicial desde 2014. De lá para cá, mais de 200 pessoas já foram demitidas. “E nos últimos três meses, ela não vem conseguindo pagar os salários dos trabalhadores. Sem falar nos benefícios que é o convênio médico, o vale alimentação e os encargos sociais”, diz Márcio Mário de Faria, diretor-presidente do sindicato.

Sede da empresa em Pouso Alegre (Imagem Google)

De acordo com o sindicato, a empresa tem hoje cerca de 200 trabalhadores. A situação dela se agravou após a greve dos caminhoneiros, em maio, quando ficou 15 dias paralisada e não teve faturamento, dificultando honrar com os pagamentos da folha. “Hoje, o sindicato está aguardando uma posição definitiva da direção da empresa de qual posição que ela irá tomar sobre pagar os atrasados ou, até mesmo o pior, o fechamento da empresa”, afirma Márcio.

O sindicato fará uma assembleia com os trabalhadores da empresa na tarde desta terça-feira (21). O objetivo é tomar decisões para garantir os direitos dos funcionários, com possibilidade de acionar a justiça trabalhista.

O outro lado

Nossa reportagem tentou contato com a Locomotiva. Mas, tanto na sede em São Paulo, como na unidade de Pouso Alegre, ninguém atende às ligações. Continuaremos tentando. Assim que tivermos um retorno, será acrescentado aqui ou feita nova matéria.

Sobre a Locomotiva

O Grupo Locomotiva está em Pouso Alegre desde 1999, quando adquiriu a antiga Alpargatas e passou a funcionar no mesmo prédio, às margens da rodovia Fernão Dias, no km 848, bairro Ipiranga.

A empresa é fabricante de lonas, laminados e filmes flexíveis de PVC do país que oferece uma ampla linha de produtos para atender as mais diversas aplicações em vários segmentos: coberturas para transportes de cargas, lonas para toldos, lonas para aplicações náuticas, lonas para moda e decoração, comunicação visual, embalagens, papelaria, lazer, brindes e vestuário.


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