Reportagem do Terra do Mandu conversou com Paulo da Pinta que está à frente do Pouso Alegre F.C. há pouco mais de 1 ano. Dívidas do clube foram negociadas e a expectativa é disputar a 2ª divisão do Campeonato Mineiro ainda em 2018. Ouça áudio da entrevista no fim da matéria.
O Pouso Alegre Futebol Clube (PAFC) está voltando para os gramados. É o que garante o seu presidente Paulo Ladeia de Castro, o Paulo da Pinta, que defendeu o Dragão no início dos anos 90, melhor fase na história do clube centenário. No mês que vem, Paulo da Pinta já vai à Federação Mineira de Futebol (FMF) manifestar a intenção de disputar a 2ª divisão do Campeonato Mineiro deste ano. A competição começará em agosto. Segundo o presidente, na negociação feita com a prefeitura de Pouso Alegre para a venda do Campo da Lema foi acordado que o município irá colocar o estádio Manduzão em condições para receber os jogos do PAFC.
A reportagem do Terra do Mandu esteve com o presidente do PAFC para falar da negociação do Campo da Lema e a volta do time profissional ao campo.
A última vez que o Pouso Alegre Futebol Clube disputou uma partida oficial foi em 2009, quando fez uma campanha insignificante na 2ª divisão. Antes disso, o time teve seu auge em 1990, quando disputou a 1ª divisão, destaque para a vitória sobre o Atlético no Mineirão, no dia do aniversário do Galo. Em 1993, o Dragão desistiu de participar do campeonato e foi automaticamente rebaixado.
Apesar de quase 30 anos longe da elite, Paulo da Pinta enxerga possibilidades para o PAFC reconquistar seu espaço em pouco tempo.
“O Pouso Alegre hoje vai começar na última divisão do Campeonato Mineiro, que seria a Segundona. Mas o Campeonato Mineiro te proporciona possibilidades de ter o acesso rápido”, diz Paulo.
A 2ª divisão vai de agosto a novembro, se conseguir passar, o Módulo II começa em janeiro do ano seguinte e termina em maio. “Então, em menos de 12 meses você pode sair de uma Segundona para uma primeira divisão”, diz Paulo da Pinta que ainda alerta para o respeito a outras equipes a mais tempo formadas, mas espera o apoio de toda a cidade para alcançar o acesso o quanto antes.
Batalha judicial, negociação do Campo da Lema e dívidas do PAFC
A retomada do PAFC teve início há 1 ano e meio, quando um grupo formado por ex-jogadores e ex-sócios ganhou na justiça o direito de fazer nova eleição para administrar o clube. Na decisão do juiz da 4ª Vara Civil José Hélio da Silva, a família Chaves que se elegia a diretoria do Pouso Alegre entre seus membros, foi notificada a entregar a administração por descumprir o estatuto do clube. Paulo da Pinta foi nomeado administrador provisório e depois eleito presidente do time. A família Chaves continua recorrendo da decisão, mas tem perdido os recursos judiciais. A mais recente decisão saiu nesta terça-feira (27), quando o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) negou, por unanimidade, mais um pedido da família Chaves.
A negociação do Campo da Lema com a prefeitura de Pouso Alegre, concretizada na semana passada, é uma das principais garantias para o PAFC conseguir quitar suas dívidas e criar estrutura para formar a equipe profissional. Pouco mais de 8 mil m² do imóvel da Comendador José Garcia foi repassado à prefeitura por R$ 14,9 milhões. No acerto, o clube receberá R$ 8 milhões em parcelas, um terreno de 41 mil m² às margens da BR-459 avaliado em R$ 6 milhões, e mais R$ 900 mil será abatido em dívidas fiscais com o município.
“Essa negociação é boa para todos os pouso-alegrenses, inclusive para o Pouso Alegre Futebol Clube. Por mais de 20 anos que a Lema está parada, que o PAFC está parado, acumulando muitas dívidas, muitas demandas judiciais sem ter defesa por parte da diretoria anterior. Então, esses processos foram correndo. Hoje existem três execuções fiscais na justiça estadual, duas execuções fiscais na justiça federal, processo de usucapião, processo de penhora, processo de leilão… o clube estava abandonado”, conta o dirigente.
Paulo da Pinta ainda afirma que, olhando para o lado do Pouso Alegre Futebol Clube, a negociação de parte da Lema é uma condição que o clube tem de quitar suas dívidas, zerar suas demandas judiciais. “E a partir daí, conseguir fazer uma estrutura para o clube retornar ao futebol, primeiramente disputando a Segundona, mas com o objetivo a curto prazo, chegar à 1ª Divisão e, posteriormente, disputar um Campeonato Brasileiro série D, série C… Então, a gente tem um projeto a médio, longo prazo. A gente não vai conquistar isso do dia para noite, você vai ter que seguir etapas, para isso nós vamos ter que começar a disputar a Segundona, se Deus quiser, ainda este ano”.
Paulo informa que todos os processos e dívidas com estado, união, município e particulares estão sendo resolvidas. Após isso, o clube poderá abrir uma conta no banco. “Porque até o momento, nem isso a gente poderia ter. Não poderia nem receber um patrocínio de uma empresa porque qualquer dinheiro que caísse na conta, o recurso ficaria bloqueado”.
Entre as dívidas do clube, existe uma com a FMF de cerca de R$ 30 mil. Nesta semana, Paulo da Pinta já iria procurar a federação para buscar um acordo para quitar o débito e ficar apto a participar dos campeonatos organizados pela entidade. “Já vou lá entrar em contato porque, parece que início de abril você já tem que manifestar o desejo de disputar o campeonato da Segundona que inicia em agosto”.
Formação da equipe e parcerias com os times da capital
Aproveitando a visita a Belo Horizonte, o presidente do PAFC também quer fazer contatos com pessoas conhecidas que trabalham no América, Atlético e Cruzeiro. O objetivo é pensar em parcerias para montar a equipe para a Segundona.
Segundo o presidente, a partir do próximo mês deve começar as avaliações com atletas daqui de Pouso Alegre e da região. “Esperamos para a montagem da equipe trazer de 15 a 20 atletas de fora e contar de 10 a 15 atletas daqui da região”.
Com o departamento de futebol estruturado, a intenção é trabalhar a formação de atletas daqui da região, trabalhando categorias de base até adulta.
Jogos no Manduzão
Com a volta do time aos gramados, a pergunta que se faz é onde vai mandar os jogos. Já que o estádio Manduzão precisa de reformas para ser liberado. Mas, o presidente Paulo da Pinta afirma que a prefeitura já se comprometeu em fazer as melhorias necessárias para, até julho, o estádio ter todas as licenças e alvarás de Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, Vigilância Sanitária e laudo de engenharia. Além da liberação da FMF para você poder jogar.
“Isso foi amarrado na negociação [do Campo da Lema]. Para o Pouso Alegre Futebol Clube não adiantava nada quitar todas as dívidas, pegar uma outra área para ter investimento futuro, ter um recurso, um capital para reiniciar o futebol profissional se a gente não tiver um estádio para jogar”.
Patrimônio do PAFC
Durante a entrevista ao Terra do Mandu, o presidente Paulo da Pinta faz questão de explicar que, mesmo com a negociação do Campo da Lema, o PAFC não está perdendo patrimônio. “O Pouso Alegre está zerando sua dívida e está trocando de endereço, porque ele está pegando uma área muito boa, quase dentro da cidade, uma área praticamente quatro vezes maior que a área central, uma área de 41 mil m², bem localizada à beira da rodovia. Além de manter quase 3 mil m² aqui na Lema, na região central. Dessa área, vamos ceder 1 mil m² para abertura de uma rua e vamos ficar com 2 mil m² para locação que vai gerar receita para o clube também. Além de manter um patrimônio no centro da cidade. Então acho que a negociação foi muito boa”.
O dirigente ainda informa que serão feitos estudos de como utilizar a área na BR-459. A intenção é construir um centro de treinamentos e toda estrutura para manter uma equipe profissional e sua base. Mas de uma forma que o clube não volte para as dívidas.
“Tudo isso a gente já está idealizando, a gente já tem alguns projetos prontos. Tenho certeza que tão logo, a partir de abril a gente já pode coloca-los em prática”.
Ouça a entrevista completa com o presidente do PAFC Paulo da Pinta:
[metaslider id=”4967″]