Ex-vice-prefeito e mais seis são condenados por fraudes e corrupção em contratos

1ª Vara Criminal de Itajubá apontou superfaturamento em serviços mecânicos prestados à Secretaria de Saúde entre 2021 e 2023; ainda há multa por danos morais coletivos

Iago Almeida / 20 outubro 2025



Imagem do ex-vice-prefeito de Itajubá, Nilo César do Vale Baracho / Foto: Arquivo Terra do Mandu

A Justiça condenou seis pessoas, entre elas o ex-vice-prefeito e também ex-secretário de saúde, Nilo César do Vale Baracho, por envolvimento em um esquema de desvio de recursos públicos na Prefeitura de Itajubá, no Sul de Minas. As penas foram definidas em sentença no dia 14 de outubro, pela 1ª Vara Criminal e da Infância e da Juventude da Comarca.

A 1ª Vara Criminal apontou superfaturamento em serviços mecânicos prestados à Secretaria Municipal de Saúde. O caso envolve crimes de organização criminosa, fraude na execução de contrato público, corrupção ativa e corrupção passiva, cometidos em concurso material (quando as penas são somadas).

Ainda segundo a decisão, o grupo teria desviado recursos por meio de um contrato entre o município e a empresa Piazzaroli Oficina Mecânica de Serviços Ltda, que prestava serviços de manutenção de veículos oficiais. As penas somadas dos seis condenados ultrapassam 500 anos de prisão.

Confira a sentença na íntegra!

Conforme o inquérito policial, entre janeiro de 2021 e março de 2023, dois empresários sócios da oficina, montaram um esquema de superfaturamento com apoio de servidores públicos.

Entre os principais agentes públicos envolvidos estão o então secretário de Saúde e vice-prefeito Nilo César do Vale Baracho, o diretor de transportes Paulo José da Silva e o servidor da Educação Alan Roberto Nogueira.

A investigação apontou que as propinas eram repassadas a Paulo José diretamente ou por meio de contas de familiares, Fernanda Priscila da Silva, sua esposa, e Rodrigo Fernando da Silva, cunhado. Parte dos valores também tinha como destino Nilo Baracho, segundo a sentença.

O prejuízo estimado ao município foi de quase um milhão de reais – um total de R$ 991,5 mil. Segundo as investigações, as notas fiscais dos serviços apresentavam horas trabalhadas superiores aos reais ou serviços não executados.

Além disso, segundo a Justiça, em troca de pagamentos de propina, os servidores municipais envolvidos no esquema direcionavam a demanda de veículos para a empresa, desrespeitando o rodízio previsto em edital. Eles ainda atestavam falsamente a execução dos serviços.

Ex-vice-prefeito condenado a 48 anos de prisão

Entre os condenados está o ex-vice-prefeito de Itajubá, Nilo César do Vale Baracho. Ele foi preso em fevereiro de 2024, durante a Operação Sepulcro Caiado, que investigou desvios de recursos públicos e superfaturamento de serviços da frota veicular de secretarias municipais.

Nilo chegou a ficar no presídio por um total de sete meses. Ele deixou a prisão em setembro de 2024. Segundo a Justiça, o ex-vice-prefeito foi condenado a 48 anos e 7 meses de prisão por crimes de Organização criminosa, Fraude (6x) e Corrupção Passiva (8x).

 O Terra do Mandu não conseguiu contato com a defesa do ex-vice-prefeito. Ao portal g1 Sul de Minas, a defesa do ex-vice-prefeito negou as acusações e disse que iria recorrer da sentença da Justiça.

De acordo com o documento liberado pela Justiça os réus receberam penas que variam entre 21 e 156 anos de prisão, todas em regime inicial fechado. Confira a pena de cada um deles:

  • Renato Piazzaroli (proprietário da oficina mecânica), crimes de Organização Criminosa, Fraude (6x), Corrupção Ativa (42x) – 156 anos e 669 dias-multa
  • Luiz Gustavo Cardoso Bartelega (sócio de Ranato Piazzaroli), crimes de Organização Criminosa, Fraude (6x), Corrupção Ativa (42x) – 139 anos e 616 dias-multa
  • Paulo José da Silva (diretor de transportes e subordinado a Nilo), crimes de Organização Criminosa, Fraude (6x), Corrupção Passiva (29x) -104 anos e 4 meses e 447 dias-multa
  • Nilo César do Vale Baracho, crimes de Organização Criminosa, Fraude (6x), Corrupção Passiva (8x) – 48 anos e 7 meses e 174 dias-multa
  • Alan Roberto Nogueira (servidor da Educação), crimes de Organização Criminosa, Corrupção Passiva (13x)- 37 anos e 6 meses e 179 dias-multa
  • Rodrigo Fernando da Silva (cunhado de Paulo José), crimes de Corrupção Passiva (11x)- 29 anos e 4 meses e 143 dias-multa
  • Fernanda Priscila da Silva (esposa de Paulo José), crimes de Corrupção Passiva (8x) – 21 anos e 4 meses e 104 dias-multa

Além da prisão, os condenados deverão ressarcir integralmente os danos causados ao município, com valores individuais que variam entre R$ 33 mil e R$ 130 mil. Ainda há o pagamento de R$ 500 mil por danos morais coletivos, quantia que será revertida ao Fundo Municipal de Saúde e ao próprio município.

Lembrando que a sentença ainda é passível de recurso e os réus poderão recorrer em liberdade.

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