Menina de 10 anos e idoso de 92 anos se reencontram após um ano em torneio de xadrez no Sul de MG

Um encontro de duas gerações distintas. Na quadra de torneio de xadrez, onde o som mais alto é o sussurro das peças deslizando sobre o tabuleiro, duas figuras se destacam. De um lado, Júlia, uma menina de apenas 10 anos, campeã por natureza e paixão, pequena no corpo, gigante na mente. Do outro, o senhor Witer, de 92 anos, que carrega memórias de partidas travadas desde a juventude, o peso e a glória de uma era.

Desta vez eles não batalharam, mas fizeram questão de trocar experiências em meio suas partidas. Os dois se enfrentaram em um torneio no ano passado, em Itajubá/MG, onde Júlia saiu vencedora. Entre eles, a partida ficou para a memória, um momento que é lembrado com carinho por ambos.

Os dois se reencontraram em um torneio organizado pela Associação Mineira de Xadrez em Pouso Alegre, no Sul de Minas, que reuniu quase 200 atletas no último sábado (16/8). Ali, Júlia mostrou todo seu potencial de multicampeã, ela que já disputou torneios nacionais, levanto troféus, e representou o Brasil fora do país.

Júlia se prepara bem para suas partidas. Quando ela senta em frente o tabuleiro, ela diz que é preciso respirar, se concentrar e só esperar o adversário para completar a mesa. Em entrevista exclusiva ao Terra do Mandu, a garota, que é de Itajubá, fala sobre seus treinamentos, suas habilidades e como faz para se concentrar para as partidas.

Para as outras crianças que também foram competir, e não pela primeira vez, o xadrez traz benefícios. É o Caso de Cauã Silva Santos, atleta de Pouso Alegre, que joga desde os 6 anos. Mesmo com apenas 12 anos, ele já participou de competições como a Liga Brasileira de Xadrez, jogos escolares e jogos municipais.

O campeonato de Pouso Alegre foi o terceiro que ele participou na região. Nos dois primeiros, troféu de campeão pela categoria sub-13. E questionado o que o jogo acrescenta na vida dele, Cauã não hesitou em responder os tantos benefícios que ele ganha com o xadrez.

Ana Júlia e Ana Carolina, ambas com 10 anos, jogam xadrez há mais de dois anos. Além de uma ensinar a outra, elas contam que treinam juntas antes do início dos campeonatos que disputam, assim podem se preparar melhor para as partidas.

Júlia busca por patrocínios

A multicampeã Júlia treina duas vezes por semana e tem dois professores. Além do xadrez, ela estuda, faz catequese, inglês, ginástica, vôlei, mas sua maior paixão é mesmo o tabuleiro. Ela segue se preparando para mais competições nacionais, mas tem esbarrado em um problema que é enfrentado por muitos atletas: a falta de patrocínio.

Quem se interessar em patrocinar a atleta, pode falar pelo (35) 98444-6352 (Camila – mãe de Júlia)

Júlia Neves de Araújo é natural de Itajubá-MG. Ela teve seu primeiro contato com o xadrez aos 7 anos, durante a pandemia, quando seu pai a ensinou, motivado pela vontade de terem mais tempo em família. Mas o que era apenas uma brincadeira virou paixão rapidamente, e aos 8 anos, com um resultado expressivo, disputou seu primeiro campeonato brasileiro, terminando na terceira colocação.

Em 2024, sagrou-se Campeã Mineira e Campeã brasileira escolar, e tornou-se a 7° melhor atleta das Américas, no Pan-Americano escolar realizado em Assunção, no Paraguai. No início de 2025, conquistou o título de Mestre Nacional Feminino de Xadrez, e no Festival da Criança – FENAC, realizado em Teresina, PI, tornou-se Campeã e única representante oficial do Brasil no Mundial, Pan-americano e SulAmericano na categoria sub 10 feminino.

Em agosto esteve em Lima, no Peru, no Festival Pan-Americano da Juventude, e em meio a 56 atletas, de 15 nacionalidades diferentes, foi a única representante brasileira na categoria, conquistando o TOP 10, nos ritmos clássico e rápido.

Neste ano ainda se prepara para o Campeonato Mineiro, Brasileiro escolar e para representar seu país mais uma vez, no Festival Sul-Americano, em dezembro, na Colômbia. Sua jornada é marcada por dedicação e determinação, somada a uma vontade ímpar de representar seu país pelo mundo afora.