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Queniano que corria descalço e virou atleta de elite mundial mora em Pouso Alegre

Queniano Wilson Maina é atleta de elite de maratonas que mora e treina em Pouso Alegre. Imagem Nayara Andery.

Queniano que corria descalço e se tornou atleta de elite mundial mora em Pouso Alegre

O queniano Wilson Maina é um corredor de elite que se mudou para Pouso Alegre, onde treina para competições em todo o país. Ele tem 32 anos e iniciou no atletismo aos 14 anos, quando corria descalço por não ter como comprar um par de tênis.

Ele tem 1,86m de altura e morava em Nairobi, capital do Quênia. Ele se destaca pela agilidade, com pace médio de 2:50, quer dizer, faz um quilômetro em dois minutos e 50 segundos. Wilson se destacou na São Silvestre 2024 e tem no currículo maratonas e meia maratonas no Brasil e exterior.

A inspiração vem do vizinho Samuel Kamau Wanjiru, o primeiro queniano a conquistar o ouro em uma maratona Olímpica, com o recorde mundial nas Olímpiadas de Pequim, em 2008. Mesmo quando Wilson começou, sem condições por não ter calçado, ele não desistiu e sonha em bater recordes.

Atletas do Quênia e de outros países africanos são considerados os melhores do mundo nas corridas, por serem extremamente velozes. Quenianos já ganharam a São Silvestre mais de 30 vezes.

Na prova de 2024, Wilson liderou nos 10 km e era tido como o futuro recorde da prova. Um incidente com o tênis atrapalhou, mas ele ainda chegou em sétimo lugar.

Ele já veio ao Brasil anteriormente e gostou tanto do país, que escolheu voltar. Pouso Alegre é o local onde ele mora há seis meses. Um dos motivos, é a altitude, que favorece o treino. São mais de 200 km percorridos por semana.

Durante um treino no Estádio Manduzão, Wilson chamou a atenção de Léo Maciel, da diretoria do Pouso Alegre FC SAF. Ele descobriu a história do atleta e as condições precárias que ele vivia.

“Ele é muito veloz, dedicado, um atleta de elite mesmo, que precisava de ajuda.” Ao contar para os diretores executivos, o clube resolveu dar todo o apoio necessário, há um mês e meio.

Wilson passou a morar na casa da comissão técnica do Pousão. Ele ganhou uniformes em que leva o nome da cidade e do time nas maratonas, além de ter atendimento médico, nutricional e de fisioterapeuta do time.

O diretor executivo do PAFC, Rafael Amaral, fala que o apoio oferece ao atleta melhores condições no cotidiano e isso se reflete nos treinos e competições. “Temos um compromisso social do PAFC SAF com a base e outros esportes. E o Wilson ainda tinha uma dificuldade devido à língua estrangeira, mas com nossa equipe ele tem todo apoio.”

Esporte que muda vidas

O atletismo para os quenianos tem a mesma função social do futebol no Brasil, apesar da falta de oportunidades. O esporte mais reconhecido no país, gera esperança na mudança de vida, principalmente da população mais pobre.

Wilson destaca que “no Quênia, o atletismo quebra paradigmas, faz crianças pobres sonharem a dar um futuro melhor para a família, por meio da corrida. Um esporte barato, que todos podem fazer e treinar. E quanto mais se dedica, mais se melhora a esperança no futuro”.

Veloz, em busca de quebrar recordes

Wilson quer quebrar recordes em provas de meia maratona. Ele venceu provas de 10 e 21 km em Brasília (DF), Curitiba (PR), Cuiabá (MT). Ele ficou nas primeiras colocações na São Silvestre 2024 e meia-maratonas no Rio de Janeiro (RJ) e Petrolina (PE).

Pouso Alegre é a cidade que ele escolheu para morar e seguir os treinos em busca de novas vitórias. Quando questionado sobre seu objetivo, ele é determinado e responde que quer apenas quebrar recordes.

O atleta vai disputar a 2ª Corrida Rústica Internacional do Agronegócio, em Petrolina (PE), no próximo domingo (13/7). O evento vai reunir cerca de 1,3 mil atletas. Wilson é citado um dos corredores de elite do Quênia, Uganda, Etiópia e países da Europa e América do Sul.

As próximas provas serão no Espírito Santo e em outros estados. Mais do que chegar em primeiro lugar, ele quer principalmente bater o recorde de cada competição. O foco é repetir o ótimo desempenho que ele teve na São Silvestre, antes do incidente em 2024 e possivelmente trazer o título e o recorde para Pouso Alegre.

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