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Mãe registra denúncia de racismo sofrido por filho; advogada explica penalidades

Mãe denuncia caso de racismo contra filho durante partida de futebol em escola particular em MG

Jacqueline Amaral esteve no posto da Polícia Militar na Avenida Tuany Toledo, nesta quinta-feira (27/3), onde registrou um boletim de ocorrência. O filho dela, João Victor, de 16 anos, estudante da Escola Estadual Arthur da Costa e Silva (Polivalente), foi vítima de racismo durante uma partida dos Jogos Escolares de Pouso Alegre.

O caso ganhou repercussão após a mãe divulgar um vídeo nas redes sociais, mostrando sua indignação. O vídeo logo viralizou e foi compartilhado por milhares de pessoas, ultrapassando 200 mil visualizações no Instagram e repostado por coletivos.

O repórter Iago Almeida conversou com Jacqueline na unidade da PM, onde ela registrou a queixa. O posto da polícia fica ao lado onde foi a partida de futebol. Veja a reportagem acima!

Coletivos se movimentam para apoiar família

O Terra do Mandu conversou com o Coletivo Negro Raiz de Baobá, Movimento Negro em Pouso Alegre, que acompanhou a família durante o registro da ocorrência na delegacia. Mariana Romão citou que o coletivo procurou a família e ofereceu orientação jurídica e acompanhamento psicológico.

A vereadora Lívia Macedo, apoiadora do coletivo Unegro Pouso Alegre, também acompanhou a família. Ela procurou o Ministério Público, junto do responsável pelo coletivo, Pedro Moreira, que esteve com a vereadora, redigindo o ofício e também em contato com a família.

ERRATA: Na reportagem, a vereadora Lívia Macedo foi citada como membro do Coletivo Unegro, entretanto, ela representa o Coletivo Florescer. O Coletivo Unegro tem como responsável, Pedro Moreira. Pedimos desculpas pelo erro, corrigido à 00h15 do dia 28/3.

O Coletivo Da Ponte Pra Cá, do bairro São Geraldo, também se movimentou. “QUEREMOS RESPOSTA, E OS RESPONSÁVEIS PUNIDOS RACISMO É CRIME!!!!!”, escreveu, no Instagram, junto do post de denúncia do crime.

A advogada Charlene Silva também conversou com a reportagem e explicou, novamente, o crime de racismo e quais as penalidades previstas para os envolvidos. Segundo a especialista, esse tipo de ato infracional é punido com advertência e internação, quando envolvidos são menores.

O que disse o Anglo?

Por meio de seu site oficial, o colégio Anglo se pronunciou, dizendo que está ciente do ocorrido durante os jogos escolares e que reconhece a importância do assunto. O colégio disse que seguiu seus procedimentos internos de sanções cabíveis, tomando as medidas necessárias e ressaltando a importância do respeito mútuo em nossa comunidade.

Ainda na nota, citou que é importante destacar que temas como respeito, diversidade e inclusão são abordados constantemente com os alunos em todas as etapas da educação, reforçando valores que consideram fundamentais para a formação de cidadãos conscientes. Confira a nota na íntegra:

“O Colégio Vale do Sapucaí – Anglo Pouso Alegre está ciente do que aconteceu durante os Jogos Escolares de Pouso Alegre (JEPA) e reconhece a importância desse assunto. Queremos reafirmar nosso compromisso inabalável com o respeito, a inclusão e o combate a qualquer forma de discriminação. Em resposta ao ocorrido, a escola seguiu seus procedimentos internos de sanções cabíveis, tomando as medidas necessárias e ressaltando a importância do respeito mútuo em nossa comunidade. É importante destacar que temas como respeito, diversidade e inclusão são abordados constantemente com nossos alunos em todas as etapas da educação, reforçando valores que consideramos fundamentais para a formação de cidadãos conscientes. Continuamos vigilantes e dedicados a promover um ambiente seguro e acolhedor para todos”.

Prefeitura e Superintendência se pronunciam

O Terra do Mandu procurou as partes envolvidas. A Superintendência Regional de Ensino de Pouso Alegre disse que “determinou ao inspetor que acompanha a escola fazer a apuração e as recomendações administrativas e pedagógicas”. 

Já a Prefeitura Municipal informou que vai oficializar o pedido de esclarecimentos às escolas envolvidas (Polivalente e Anglo); oficializar o pedido de esclarecimentos à arbitragem (que é terceirizada), “já comunicando que caso presencie ato de racismo interrompa o jogo, consigne na súmula o ocorrido e acione a polícia”; e ainda vai nomear os membros da Comissão Disciplinar para resposta aos esclarecimentos.

Ainda na nota, a Prefeitura disse que repudia qualquer forma de discriminação, especialmente o racismo, “que é absolutamente inadmissível”. Citou ainda que o Regulamento dos Jogos Escolares de Pouso Alegre (JEPA) prevê sanções para agressões e ofensas morais.

 

Confira a nota completa da prefeitura:

“A Prefeitura de Pouso Alegre, por meio da Superintendência de Esportes, reafirma seu compromisso com o respeito e a igualdade, repudiando qualquer forma de discriminação, especialmente o racismo, que é absolutamente inadmissível.

O Regulamento dos Jogos Escolares de Pouso Alegre (JEPA) prevê sanções para agressões e ofensas morais. Diante de denúncias a Superintendência de Esportes solicitou esclarecimentos, que serão analisados pela Comissão Disciplinar do JEPA.

Ressalta-se que o racismo é crime e deve ser tratado com máxima seriedade. Caso ocorra qualquer ato de discriminação, testemunhas ou envolvidos devem comunicar imediatamente o árbitro, para que a partida seja interrompida e a Polícia Militar acionada, garantindo a devida apuração dos fatos e a segurança de todos”. 

O caso

Jacqueline, mãe de João Victor, de 16 anos, aluno da rede estadual de ensino, denunciou, por meio das redes sociais, que o filho foi vítima de racismo em um jogo de futebol, durante os Jogos Escolares de Pouso Alegre (JEPA). O racismo teria acontecido por parte da torcida, que assistia a partida no colégio Colégio Vale do Sapucaí – Anglo, na Avenida Tuany Toledo.

João Victor é estudante da Escola Estadual Presidente Arthur da Costa e Silva (Polivalente). A mãe ficou indignada que o caso aconteceu em no colégio, onde há um posto da Polícia Militar do lado e que nenhum adulto responsável acionou a polícia para que a injúria parasse e os responsáveis pudessem ser punidos.

Segundo o garoto, que conversou em off com o repórter Iago, o time dele estava perdendo a partida, quando ele entrou em quadra. E ele marcou os quatro gols de sua equipe no jogo. Esse teria sido o motivo das ofensas, com a comemoração do menino artilheiro.

Um levantamento do Observatório da Discriminação Racial, divulgado no segundo semestre de 2024, mostrou que o número de incidentes racistas no futebol brasileiro aumentou. O levantamento registrou 136 casos de racismo no futebol nacional em 2023, um crescimento de quase 40% em comparação com 2022. Vinícius Júnior, do Real Madrid e da Seleção Brasileira, começou a denunciar casos como este no ano passado, o que escancararam ainda mais denúncias do mesmo crime, em diversos campos e países.

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