Filha que perdeu a mãe com câncer de mama faz alerta sobre a doença
Médica e outra paciente falam da importância do diagnóstico precoce e contam histórias e obstáculos nos tratamentos.
Nayara Andery / 30 outubro 2024Médica e outra paciente falam da importância do diagnóstico precoce e contam histórias e obstáculos nos tratamentos.
Nayara Andery / 30 outubro 2024Descobrir o tumor de câncer de mama na fase inicial aumenta a chance de cura e sobrevivência. A doença atinge cada vez mais mulheres mais novas. O câncer que mais mata mulheres no Brasil, tem tratamento e pode ter cura. O Terra do Mandu traz reportagem especial com pessoas que vivem essa realidade e ajudam a conscientizar mulheres.
Para salvar vidas é essencial falar do assunto, conhecer o próprio corpo e buscar ajuda ao notar alguma diferença. Rosângela Paiva teve diagnóstico tardio do câncer de mama e faleceu em julho de 2024.
A filha, Bruna Nataline, lembra que demorou para a mãe perceber o tumor, mas a demora foi ainda maior para conseguir consultas, exames e tratamento logo. Rosângela fez tratamento, cirurgia e a doença retornou duas vezes.
O tratamento foi marcado por fé, garra e motivação dela e da filha. “O sonho da minha mãe era ajudar pessoas pela história dela. Em meio à dor, ela cantava, aconselhava, cuidava de pacientes nas quimioterapias, chorava com elas.”
As duas conscientizavam mulheres e ajudavam a lutar contra a doença. Rosângela viveu esse propósito até seu último respiro, legado que a filha continua nas redes sociais. Seus vídeos viralizam e motivam pacientes e familiares de quem descobriu a doença ou está em tratamento.
Andreia da Silva também teve dificuldade em conseguir o diagnóstico precoce. Com hemorragias frequentes e sequelas ela buscou ajuda em 2022 pelo SUS e fez uma vaquinha para ser operada a tempo, com outro diagnóstico.
Depois veio o susto. Uma biópsia identificou um sarcoma endometrial, tumor maligno no útero. Ela fez tratamento e em 2024, viu a história se repetir. Ao buscar o SUS, teve demora em conseguir exames e o diagnóstico da suspeita de um novo tumor, agora na mama, mesmo sendo paciente oncológica.
“Os oncologistas são ótimos, mas a demora no sistema é grande. Passei para fazer biópsia em 10 de outubro e a médica disse que só tinha vaga para fevereiro de 2025. O tempo é primordial, já sou paciente oncológica e insisti com ela para fazer já e estou aguardando o resultado.”
A radio-oncologista, Priscila Pasquineli, explica que é o tempo é crucial quando se fala de câncer. “Nem precisa esperar sentir algo, tem o autoexame e a mamografia, que a mulher deve fazer periodicamente. Se perceber algo, tem que fazer consultas, exames, diagnósticos, tratamento ou até cirurgia. Isso já leva um tempo natural. Não dá para deixar para depois ou esperar para buscar ajuda.”
A cada ano aumentam os casos de câncer de mama. O Instituto Nacional do Câncer (inca) estima que entre 2023 e 2025 serão 73.600 novos casos. Obstáculos para conseguir que o direito ao diagnóstico e tratamento seja cumprido, infelizmente estão presentes na rotina de pacientes pela rede pública, como Andreia e Rosângela.
De um lado há aumento de casos e de outro, pelo SUS, as longas filas. A médica reflete que é preciso investir em mais profissionais, equipamentos, exames, tratamentos e cirurgias, e envolver a população na conscientização. “A lei recomenda que o tratamento comece em até 60 dias do diagnóstico, mas ainda assim existem filas.”
Andreia e pacientes que passam pela mesma demora, sonham com melhorias e investimentos na oncológico no país. “Precisa de um pouco mais de rapidez, mais profissionais e aparelhos, um conjunto para chegar num Outubro Rosa com mais agilidade e mais humanização para as pacientes. Para ter mais esperança. É tempo de viver.”
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