Política

‘Ter estrada com pedágio ou não ter estrada, nem pedágio’, diz vice-governador ao Terra do Mandu

Mateus Simões disse que pedágios são necessários, para que sobre dinheiro para manutenção de estradas "que não vão ser concedidas nunca"

Iago Almeida / 04 setembro 2024

O vice-governador de Minas Gerais, Professor Mateus Simões, cumpriu agenda no Sul de Minas nesta semana. O primeiro local visitado pelo político foi a redação do Terra do Mandu, na segunda-feira (2/9). Ele participou ao vivo do Mandu News, falando sobre diversos assuntos.

Um dos assuntos tratados foi a concessão das rodovias estaduais, que tem gerado críticas de usuários, moradores e principalmente empresários e autoridades do Sul de Minas. Isso porque o valor do pedágio está sendo considerado alto, em relação à outras estradas pelo próprio estado, como a Rodovia Fernão Dias.

Para o vice-governador, a nova realidade econômica das licitações faz com que os valores de concessões atuais sejam maiores que no passado. Ele disse ainda que a opção era ter a estrada com pedágio ou não ter estrada, nem pedágio, levando em consideração, segundo ele, a situação encontrada em algumas rodovias.

“Leilão é por lance. A BR-381, na direção de Governador Valadares tem valor de R$ 16. Na verdade a gente fica na memória, com pedágios um pouco mais baratos que foram praticados no passado, mas a nova realidade econômica das licitações não é essa. E a alternativa que era entre ter a estrada pedagiada num custo de R$ 13 reais, que eu sei que é alto mas é o valor para manter a estrada, ou continuar tendo as estradas esburacadas que a gente tinha”, disse Matheus Simões.

“Eu até dizia para alguns usuários do triangulo mineiro semana passada: A definição era entre ter estrada com pedágio, ou não ter estrada, nem pedágio, pois as estradas estavam acabando”, enfatizou o vice-governador. 

Ainda durante a entrevista, o vice-governador lembrou a situação da BR-459, em trecho de Senador José Bento, no sul de Minas. O trecho ficou interditado no km 68 por vários meses, parecendo cenário de filme de destruição. Após a concessão, a concessionária EPR Sul de Minas iniciou a manutenção no asfalto.

“Olha aquela situação de Senador José Bento, aqui próximo. Mais de um ano de estrada interditada. A concessão foi feita e 90 dias depois a estrada estava liberada, a pista refeita, por quê? Porque tem gente gerindo. Mas isso demanda o pagamento de uma tarifa que não é barata”, disse Matheus Simões.

O vice-governador ainda citou que seu pensamento não é deixar de ter pedágio, mas ter mais estruturas de pedágio sem cancela, como o que foi instalado no KM 12,7 da MG-459, trecho da cidade de Monte Sião. Nele, o motorista não precisa parar para fazer o pagamento.

“O meu sonho na verdade não é deixar de ter pedágio, porque o pedágio é necessário, mas é deixar de ter a praça de pedágio. Pra gente ter mais experiência como esta que tem perto de Ouro Fino, que é a primeira instalada no estado, em que você passa, sua placa é fotografada e você segue sua viagem direto. Nem aquela ‘reduzidinha’ que você tem que dar para ser reconhecido no pedágio, você precisa dar”, afirmou o vice-governador.

Ainda na entrevista, Mateus Simões explicou que a concessão das estradas é importante para que haja manutenção em rodovias menores que, segundo ele, nunca serão concedidas. Ele ainda citou cidade de Alagoa, na região da Serra da Mantiqueira, que até pouco tempo não tinha ligação com asfalto.

“O pedágio é importante para que sobre dinheiro pra gente fazer aquelas estradas pequenininhas que não vão ser concedidas nunca. Como por exemplo Alagoa, na Serra da Mantiqueira, que era uma das poucas cidades, só tinham quatro em Minas Gerais, que não tinham ligação com asfalto. Quando é que nós vamos conseguir conceder uma estrada daquela? Nunca. Mas por que que a gente pode asfaltar aquela estrada? Porque a gente concedeu as de grande fluxo. Quando eu tenho estrada de grande fluxo, sem pedágio, todo dinheiro que a gente tem vai para manutenção dessas estradas. Não sobra dinheiro para corrigir as pequenas estradas, para dar manutenção para as estradas rurais”, disse o vice-governador.

Professor Matheus ainda citou que a concessão de estradas traz benefícios para as cidades da região das praças, como segundo ele, a ligação de Pouso Alegre com a Fernão Dias. Ele ainda explicou a diferença de preço nos pedágios da Fernão Dias com outras estradas.

“Então eu entendo que é sofrido no começo, mas pra quem está às margens da Fernão Dias, como Pouso Alegre está a tanto tempo, sabe os benefícios que uma concessão bem feita pode trazer para a economia de uma cidade. A Fernão Dias quando foi concedida, tinha acabado de ser duplicada com o dinheiro do governo. É um pouco diferente esses pedágios que estamos fazendo agora”, encerrou ele.

Na Rodovia Fernão Dias, o preço do pedágio é de R$ 2,80 para carros e R$ 1,40 para motos, enquanto nas rodovias concessionadas pela EPR Sul de Minas (como a BR-459, MG-290 e outras na região de Pouso Alegre) o valor é de R$ 9,20 para carros e R$ 4,60 para motos.

Algumas rodovias da região de Varginha/Furnas possuem valores ainda maiores que da região de Pouso Alegre. Lá, a concessão é da empresa EPR Vias do Café e os valores variam entre R$ 7,15 e R$ 14,30. ACIV, Abrasel e entidades da classe chegaram a solicitar ao Ministério Público apuração no valor do pedágio, mas até o momento, nada mudou.

Lembrando que os motoristas que possuem TAG e passam com frequência pelos trechos de concessões, podem receber o benefício de “Desconto de Usuário Frequente”. O DUF, como é chamado, é válido apenas para veículos de passeio que utilizam o sistema de cobrança automática (AVI).

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