O caso envolvendo uma fala do vereador Dito Pistola (PL), em Santa Rita do Sapucaí, no sul de Minas, ganhou novos desdobramentos. Em vídeo divulgado pela Polícia Civil, o Delegado Hélio Evangelista de Mattos Júnior falou sobre a abertura de uma investigação para analisar a fala do político.
“Além dessas expressões utilizadas por ele, também foram feitas algumas menções ao prefeito municipal. O inquérito policial foi instaurado para apurar a eventual responsabilização criminal por parte do vereador, pelo possível crime de injúria racial. É importante observar que o crime, de acordo com o STF e também após recente mudança legislativa, passou a ser considerado equiparado a crime de racismo”, citou o delegado.
O caso
O vereador estava gravando um vídeo nesta semana, criticando uma obra de pavimentação na cidade, realizada pela prefeitura, quando disse que “isso aqui tinha que arrancar tudo e asfaltar. Quer fazer um serviço direito? Arranca tudo isso aqui, aí é um serviço descente, é um serviço de branco”, disse o vereador.
Logo em seguida ele apagou o vídeo, mas em grupos de WhatsApp, a fala do vereador já estava sendo compartilhada. Depois, em novo vídeo divulgado nas redes sociais, após a repercussão, o vereador, com intuito de se desculpar, culpou a oposição pela divulgação e propagação do vídeo, postado por ele. Dizendo que nunca foi racista, Dito Pistola afirmou que seus adversários estão fazendo de tudo para o derrubar.
O prefeito Wander Chaves emitiu uma nota de repúdio, enquanto a vereadora Fabiana Salgado (União Brasil), única mulher na casa legislativa da cidade, protocolou um projeto de resolução na Câmara, para a criação de uma comissão de ética e decoro, visando uma maior transparência e moralidade na atuação dos vereadores. A A presidente da Associação Santarritense José do patrocínio, Mônica Maria do Rosário, também manifestou repúdio contra a fala do vereador.
Vereador emite nota de esclarecimento
Já nesta sexta-feira (19/7), o vereador emitiu uma nota de esclarecimento, confirmando que “utilizou uma expressão infeliz e de conotação pejorativa, o que causou justa indignação na comunidade negra local”. Gostaria de esclarecer que, em nenhum momento, tive intenção de ofender qualquer pessoa, grupo ou mesmo os trabalhadores da referida obra”, citou.
Ainda na nota, ele disse que a expressão utilizada por ele não reflete o seu pensamento e não deve mais ser utilizada por sua conotação discriminatória. “Minha equivocada crítica foi direcionada exclusivamente à qualidade da obra, realizada sem o devido planejamento e fora dos padrões usuais. Ao longo de minha vida sempre convivi com pessoas de diferentes raças, classes sociais e opções sexuais, mantendo com todas elas uma relação de respeito, amizade e urbanidade”, disse.
Ele ainda disse reconhecer que a expressão foi infeliz e pediu novas desculpas por quem se ofendeu com sua fala. Confira abaixo a nota completa de esclarecimento do vereador: