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Coletivo ‘Dá Ponte Pra Cá’ recebe homenagem na ALMG

Coletivo criado no bairro São Geraldo, em Pouso Alegre, fortalece a cultura do Hip-Hop e desenvolve ações sociais como instrumento de luta de quem vive na periferia.

Terra do Mandu / 24 dezembro 2023

Coletivo ‘Dá Ponte Pra Cá’ recebe homenagem na ALMG. Foto: Divulgação

O coletivo ‘Dá Ponte Pra Cá’, fundado no bairro São Geraldo, em Pouso Alegre, foi homenageado na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), em Belo Horizonte.

A homenagem foi feita em reconhecimento do papel social do coletivo e sua contribuição para a manutenção e fortalecimento da cultura do Hip-Hop, que está completando 50 anos do seu surgimento, nos Estados Unidos.

Os agentes culturais e ativistas membros do coletivo ‘Dá Ponte Pra Cá’, Flávia Pereira da Silva e Luciano Aparecido Anastácio (Bboy Lu), receberam um certificado das mãos da deputada estadual Andréia de Jesus, autora da homenagem, entregue nesta semana (19/12).

O Terra do Mandu mostrou algumas ações desenvolvidas pelo coletivo ‘Dá Ponte Pra Cá’, dentro do bairro São Geraldo. Entre esses trabalhos, está a recuperação de um espaço que estava abandonado pelo poder público, que está se transformando em um complexo de lazer dentro do bairro.

“Que também servirá de sede para cada maloqueiro e maloqueira, moradores de qualquer quebrada, que queiram se organizar conosco para mostrarmos que juntos somos mais fortes e podemos fazer que nossas periferias sejam fábricas de sonhos e oportunidades que nós construímos”, conta Flávia Pereira, coordenadora do coletivo.

Flávia lembra que o Hip-Hop está presente em Pouso Alegre desde os primeiros momentos que essa cultura chegou ao Brasil.

As cidades conheceram muito cedo a cultura do Funk e o Soul, culturas que antecedem o Hip-Hop, e graças a isso, a região foi agraciada de passar pela transição do Funk e Soul para o Hip-Hop. Ou seja, ao mesmo tempo que chegou através de filmes em todos os estados brasileiros, o Hip-Hop chegou facilmente em Minas Gerais e Pouso Alegre não ficou de fora”.

“O papel do coletivo ‘Da Ponte Pra Cá’ é mostrar que dentro das ‘quebradas’ do nosso país há auto-organização da periferia, já que muitas vezes o poder público é omisso. Nós decidimos fazer com nossas próprias mãos nosso futuro, onde reconhecemos que a periferia precisa de mais oportunidades”, explica.

O nosso foco principal é a cultura Hip-Hop, com seus quatro elementos: o DJ, o Grafite, os B-boys e as B-girls, mestres de cerimônia. Através desta cultura mostraremos que ações sociais dentro dos bairros pobres é um instrumento importante de luta, porque ajudam a ver a vida além da exploração e opressão diária”.

O coletivo é contra qualquer tipo de preconceito, seja o racismo, o machismo, a LGBTfobia, xenofobia e outros. Porque sabe que a classe é composta por todos os tipos de pessoas e, somente unida, poderá mostrar seu poder e sua grandiosidade.

“Por entendermos isso, deixamos clara nossa afirmação de que somos um coletivo suprapartidário, porque não queremos ter amarras na hora de cobrar ou criticar ações e posturas contra os nossos, pois sabemos que na quebrada é nóis por nóis”.

“Não adianta querer, tem que ser, tem que pá, o mundo é diferente da ponte pra cá.” – Racionais MC’s.

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