Anna Flávia Sabino é uma das sobreviventes do engavetamento entre caminhão, ônibus e dois carros, na Fernão Dias. A adolescente de 18 anos ficou quatro horas presa às ferragens do Fiat Mobi. Ela falou com o Terra do Mandu sobre o acidente desta quinta-feira (12/10), em Estiva.
O carro ficou prensado entre os veículos. Ela e a sogra Elisângela Pedrina Costa ficaram presa às ferragens. Guilherme de Jesus, de 20 anos, foi o único que conseguiu sair do carro e buscar ajuda. Ele é filho de Elisângela e estava com a namorada Anna no banco de trás.
O padrasto de Guilherme, Emerson Santana Melo, de 43 anos, dirigia o Mobi com placas de São Paulo. A viagem programada há duas semanas para a praia em Mongaguá (SP), terminou de forma trágica. Emerson morreu no local.
A viagem e o engavetamento
Elisângela e Emerson saíram de São Paulo para buscar Guilherme e Anna em Borda da Mata, na noite de quarta-feira (11/10). Eles descansaram e seguiram para a praia na madrugada de quinta-feira. A viagem terminou em um congestionamento na Fernão Dias, na descida entre Pouso Alegre e Estiva.
Anna lembra que estava no banco de trás com Guilherme, e viu que o acidente aconteceu muito rápido. “Fiquei inconsciente. Lembro da música parar, do padrasto do meu namorado beijar minha sogra, do barulho e grande impacto nas costas, quando o caminhão bateu.”
Ela fala que Guilherme a acordou e ela sentiu as “pernas pressionadas, pois ficamos entre o caminhão e o ônibus. Cada perna ficou pressionada em um banco da frente, as duas ficaram presas nas ferragens. Ele saiu pela janela, mas não conseguiu me tirar.”
Pessoas que estavam no engarrafamento ajudaram. “Tentaram abrir a porta com uma ferramenta e não deu certo, mas dois residentes examinaram eu e minha sogra.” Duas horas depois os bombeiros chegaram e se revezaram entre manter elas conscientes e serrar o carro.
A operação foi minuciosa. O resgate de Anna só foi possível após os bombeiros tirarem Elisângela das ferragens e arrancarem o banco da frente. Elas achavam que Emerson estava desacordado na direção do carro, mas ainda não sabiam que ele morreu no acidente.
Sargento Vilela é um dos bombeiros que se revezava para ficar de mãos dadas com Anna. “Ela foi amparada por nós e pela Arteris a todo momento, tanto emocionalmente quanto na saúde.” Segundo Anna, “foram 4 horas de angústia. Os socorristas me ajudaram a ficar mais calma, principalmente o Sargento Vilela. Falei com ele na manhã desta sexta-feira (13/10), pois me marcou muito a ajuda. Nasci de novo.”
Guilherme, Anna e Elisângela foram atendidos no Hospital das Clínicas Samuel Libânio, em Pouso Alegre e receberam alta na quinta-feira. A família está em recuperação em casa. Guilherme fraturou a coluna. Ele e Anna terão que passar por fisioterapia.
O corpo de Emerson foi levado para São Paulo nesta sexta-feira. O velório será no Cemitério Cerejeira, na Avenida Parque das Cerejeiras, 300 e o enterro será às 8h deste sábado (14/10). Segundo os bombeiros, a quinta vítima do acidente é um caminhoneiro. Ele teve ferimentos e foi atendido pela concessionária Arteris. A informação é que não há vítimas nos outros veículos.