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Corrida de conscientização sobre o autismo reúne dezenas de pessoas em Pouso Alegre

Foto: Câmara Municipal

Neste domingo (02/04) teve início a “Semana Azul”, um período de conscientização sobre o autismo. Em Pouso Alegre, dezenas de pessoas participaram de uma corrida e caminhada no Parque Municipal.

A ação foi desenvolvida por meio de uma união entre os grupos ‘Juntos Somos Mais Fortes’, ‘Mulheres em Ação’ e ‘Equipe UAI’ e contou com a participação do vereador Leandro Morais (PSDB) e do Superintendente de Esportes, Rooney Souza.

Na oportunidade, Leandro parabenizou os envolvidos no movimento e destacou ações que estão sendo realizadas para construção de medidas inclusivas no município.

“A ação deste domingo, que atraiu dezenas de pessoas, faz parte de uma série de atividades que estão sendo realizados no município para conscientização sobre o autismo”, disse.

Foto: Câmara Municipal

Durante toda a semana, na Câmara Municipal ocorrerão palestras e o Cine Azul, marcado para esta segunda-feira (03/04), no plenarinho da Câmara. Já pela prefeitura, nesta segunda-feira foram realizadas rodas de conversa entre 7h e 16h e nesta terça-feira (04/04) acontecerá um café com pais às 17h45.

Foto: Câmara Municipal

Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista

Em Minas, o governo já emitiu 8.686 Carteiras de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Ciptea), disponibilizadas em 508 municípios. O documento garante inclusão e acesso de pessoas com autismo nas áreas de saúde, educação e assistência social, viabilizando o atendimento preferencial em serviços públicos e privados.

Para o subsecretário de Direitos Humanos da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social de Minas Gerais (Sedese-MG), Duílio Campos, a Ciptea vem para dar visibilidade às pessoas com autismo.

“Elas são expostas a diversas situações que comprometem a sua segurança e integridade. O documento garante a essas pessoas usufruto de seus direitos e tira da invisibilidade, porque, muitas vezes, o transtorno do espectro autista é imperceptível às outras pessoas”, citou.

A regulamentação da Lei 13,977, conhecida como “Lei Romeo Mion”, se deu em 8 de janeiro de 2020. Desde dezembro de 2021, todas as 32 Unidades de Atendimento Integrado (UAI) do estado emitem presencialmente a Ciptea, que também pode ser solicitada virtualmente, pelo canal digital cidadao.mg.gov.br.

Após o preenchimento dos dados e envio dos documentos, o cidadão pode ter acesso à Carteira de Identificação gratuitamente. A Ciptea é um serviço público e gratuito.

“É importante instrumento oficial de comprovação material para pessoa com deficiência apresentar para usufruir dos direitos de acesso a serviços e ter prioridade de atendimento; Apresenta informações de identificação da pessoa com TEA e informações de um contato próximo ou dos responsáveis, trazendo mais segurança e autonomia para os beneficiários do serviço, caso seja necessária ajuda ou apoio em momento de crise, por exemplo; É considerada pelos movimentos sociais pela luta dos direitos das pessoas autistas como um importante instrumento de inclusão social”, explicou o governo.

Como emitir a carteirinha?

Para obter o documento, o cidadão pode fazer a solicitação de forma virtual clicando aqui. Em seguida é preciso fazer o login via Gov.br, clicar no menu “Desenvolvimento Social”. Em seguida, deve clicar nos ícones “Ciptea” e “Solicitar Ciptea”. É necessário preencher todos os campos obrigatórios, anexar documentos solicitados e enviar para análise.

Outra maneira de solicitar o documento é de forma presencial, nas Unidades de Atendimento Integrado (UAI). Para isso, basta acessar o site neste link e realizar o agendamento do atendimento presencial. Depois, é preciso preencher os dados necessários para confirmar o agendamento.

Diagnóstico

O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento que pode estar presente desde o nascimento ou o começo da infância.

“Ele é caracterizado, sobretudo, por déficits sociocomunitativos que incluem a comunicação verbal, não verbal, estereotipias, interesses restritos, dentre outros”, explica Thaís Oliveira, terapeuta ocupacional e referência técnica da Coordenação de Atenção à Pessoa com Deficiência (CASPD) da SES-MG.

De acordo com Thaís, é fundamental compreender a importância do diagnóstico precoce e, para isso, os pais e profissionais que acompanham as crianças devem estar atentos a alguns sinais de alerta relacionados à interação social, linguagem e alimentação. É importante ainda avaliar alguns indicadores comportamentais, tais como: evitar contato visual ou não responder ao ser chamado pelo nome; não responder ao sorriso ou outras expressões faciais dos pais; apresentar falta de autonomia ou repetição na fala; ignorar os sons de fala e emitir gritos aleatórios; resistência à introdução de novos alimentos na dieta; e movimentos motores estereotipados.

“O diagnóstico é complexo e envolve uma avaliação multiprofissional para que a condução clínica seja realizada de forma assertiva e em tempo oportuno”, afirma a terapeuta.

No Sistema Único de Saúde (SUS), o cuidado às pessoas com diagnóstico de autismo é transversal e perpassa vários serviços da Redes de Atenção à Saúde, visto que a avaliação requer cuidados específicos. A porta de entrada no sistema é por meio da Atenção Primária à Saúde, que irá realizar todo o cuidado longitudinal, o encaminhamento para os serviços da atenção especializada.

“A oferta de assistência nos serviços da rede ocorre considerando a singularidade, a especificidade e a necessidade de cada usuário”, informa Thais. Além disso, Minas Gerais possui o Programa de Intervenção Precoce Avançada (Pipa), que tem por objetivo a estimulação precoce dos neonatos e crianças que possuem algum risco para desenvolvimento de deficiência intelectual.

O tratamento é individualizado de acordo com o espectro apresentado por cada indivíduo. Alguns dos objetivos do tratamento em crianças são: minimizar déficits na comunicação e interação; aumentar a independência; e prevenir comportamentos repetitivos e restritos.

“A prescrição medicamentosa depende dos sintomas apresentados e da necessidade clínica avaliada pela equipe multiprofissional, sendo que não há medicação específica”, comenta Thaís Oliveira.

Os Caps oferecem atendimentos individuais e em grupo, atendimento à família, atividades de suporte social e inserção comunitária, oficinas terapêuticas, visitas domiciliares, de forma articulada com os outros pontos de atenção da rede de saúde e das demais redes. A Raps possui também os Centros de Convivência e Cultura que atuam na promoção da saúde e nos processos de reabilitação psicossocial, a partir do resgate e da criação de espaços de convívio, fomento à sociabilidade, produção e intervenção na cultura e na cidade, pautados na lógica da inclusão social.

Além das intervenções e tratamentos adequados, a falta de informação é outro aspecto que deve ser enfrentado para o tratamento eficaz de pessoas com TEA. Para mais informações sobre como acessar os serviços da Rede de Atenção Psicossocial em Minas Gerais, acesse saude.mg.gov.br/saudemental.