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Vendedora aguarda decisão judicial após ser vítima de injúria racial dentro de loja

Vendedora aguarda decisão judicial após ser vítima de injúria racial dentro de loja em Pouso Alegre. Foto Terra do Mandu.

Fernanda Belmiro foi vítima de injúria racial em Pouso Alegre e espera que o caso seja resolvido pela justiça. Ela tem 29 anos e trabalhava como vendedora quando foi chamada de “macaca negra”, por um homem que entrou na loja. Uma testemunha foi convocada pela justiça para depor na última quarta-feira (08/02).

A vendedora trabalhava na loja no Centro, quando por na manhã de 3 de fevereiro o homem entrou e perguntou se ela vendia máscaras de proteção. Fernanda disse que não vendia o produto e que ele não precisava de máscara para entrar em ambientes fechados. Ele respondeu “então está bom sua macaca, negra”

O boletim de ocorrência descreve que o homem alterou o tom de voz ao cometer a injúria. Fernanda lembra que perguntou o que ele falou e o senhor repetiu a injúria e fugiu. Ela o seguiu até encontrar com a Polícia Militar há poucos quarteirões da loja. VEJA VÍDEO ABAIXO!

O homem foi preso em flagrante. Ele disse aos policiais que era morador de rua e alegou que a chamou de “morena”. Fernanda detalha que o agressor foi solto três dias após a prisão. “E agora depois de quase um ano a justiça convocou a testemunha para prestar depoimento”, conta a vendedora.

A vendedora que trabalhou com ela compareceu ao Fórum na quarta-feira e teria confirmado o crime de injúria racial. O processo tramita na 1ª Vara Criminal do Fórum de Pouso Alegre. A Defensoria Pública de Minas Gerais (DPMG) representa a vítima. A reportagem tentou contato com a DPMG, mas, até o fechamento desta reportagem não conseguiu falar com a instituição.

Sentimento da vítima

“No dia em que isso aconteceu fiquei muito triste e magoada, pois é uma coisa que a gente não espera das pessoas. Acredito que não fui a primeira e nem serei a última pessoa a passar por isso. Eu espero justiça comigo e com as outras pessoas, pois tenho visto isso acontecer com muitas pessoas”, conta Fernanda.

O agricultor Elenilson Vieira também foi vítima de injúria no Sul de Minas, em Estiva. O crime aconteceu nesta semana quando ele ajudou um idoso embriagado e em seguida, foi agredido verbalmente. A Polícia Militar prendeu o idoso no mesmo dia.

Elenilson tem 33 anos e nunca tinha passado por isso antes. “Fiquei muito magoado. Eu acho que a justiça deve ser feita, porque ele me humilhou demais. Eu não estou conseguindo trabalhar direito, dormir direito, porque fico pensando em tudo que ele falou lá. Eu quero que a justiça seja feita”.

Fernanda descreve que ficou marcada pelo momento em que foi chamada de macaca e de outras palavras ofensivas. Ela tem o mesmo desejo de justiça que o agricultor e espera que o agressor seja punido e que a sociedade não seja racista ou preconceituosa.

Crime de injúria racial

A Lei Federal nº14.532 modificou a tipificação de injúria racial no Brasil, pois o crime foi equiparado ao racismo, em 11 janeiro de 2023. Essa lei descreve o crime como “Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, em razão de raça, cor, etnia ou procedência nacional”.

A pena passa a ser de dois a cinco anos de prisão e multa, sem direito à fiança. Esse crime é imprescritível, ou seja, pode ser investigado independentemente de quando aconteceu.

“Tenho dois filhos e sempre ensino isso, que a cor não define ninguém e eu gosto muito de falar sobre isso”, destaca Fernanda. Ela pede que pessoas que passarem pela mesma situação “sejam fortes. Denunciem, não tenham medo e sigam em frente”.