Vendedora aguarda decisão judicial após ser vítima de injúria racial dentro de loja
Justiça convocou testemunha para depor nesta semana. Caso aconteceu em maio de 2022.
Nayara Andery / 10 fevereiro 2023Justiça convocou testemunha para depor nesta semana. Caso aconteceu em maio de 2022.
Nayara Andery / 10 fevereiro 2023Fernanda Belmiro foi vítima de injúria racial em Pouso Alegre e espera que o caso seja resolvido pela justiça. Ela tem 29 anos e trabalhava como vendedora quando foi chamada de “macaca negra”, por um homem que entrou na loja. Uma testemunha foi convocada pela justiça para depor na última quarta-feira (08/02).
A vendedora trabalhava na loja no Centro, quando por na manhã de 3 de fevereiro o homem entrou e perguntou se ela vendia máscaras de proteção. Fernanda disse que não vendia o produto e que ele não precisava de máscara para entrar em ambientes fechados. Ele respondeu “então está bom sua macaca, negra”
O boletim de ocorrência descreve que o homem alterou o tom de voz ao cometer a injúria. Fernanda lembra que perguntou o que ele falou e o senhor repetiu a injúria e fugiu. Ela o seguiu até encontrar com a Polícia Militar há poucos quarteirões da loja. VEJA VÍDEO ABAIXO!
O homem foi preso em flagrante. Ele disse aos policiais que era morador de rua e alegou que a chamou de “morena”. Fernanda detalha que o agressor foi solto três dias após a prisão. “E agora depois de quase um ano a justiça convocou a testemunha para prestar depoimento”, conta a vendedora.
A vendedora que trabalhou com ela compareceu ao Fórum na quarta-feira e teria confirmado o crime de injúria racial. O processo tramita na 1ª Vara Criminal do Fórum de Pouso Alegre. A Defensoria Pública de Minas Gerais (DPMG) representa a vítima. A reportagem tentou contato com a DPMG, mas, até o fechamento desta reportagem não conseguiu falar com a instituição.
“No dia em que isso aconteceu fiquei muito triste e magoada, pois é uma coisa que a gente não espera das pessoas. Acredito que não fui a primeira e nem serei a última pessoa a passar por isso. Eu espero justiça comigo e com as outras pessoas, pois tenho visto isso acontecer com muitas pessoas”, conta Fernanda.
Elenilson tem 33 anos e nunca tinha passado por isso antes. “Fiquei muito magoado. Eu acho que a justiça deve ser feita, porque ele me humilhou demais. Eu não estou conseguindo trabalhar direito, dormir direito, porque fico pensando em tudo que ele falou lá. Eu quero que a justiça seja feita”.
Fernanda descreve que ficou marcada pelo momento em que foi chamada de macaca e de outras palavras ofensivas. Ela tem o mesmo desejo de justiça que o agricultor e espera que o agressor seja punido e que a sociedade não seja racista ou preconceituosa.
A Lei Federal nº14.532 modificou a tipificação de injúria racial no Brasil, pois o crime foi equiparado ao racismo, em 11 janeiro de 2023. Essa lei descreve o crime como “Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, em razão de raça, cor, etnia ou procedência nacional”.
A pena passa a ser de dois a cinco anos de prisão e multa, sem direito à fiança. Esse crime é imprescritível, ou seja, pode ser investigado independentemente de quando aconteceu.
“Tenho dois filhos e sempre ensino isso, que a cor não define ninguém e eu gosto muito de falar sobre isso”, destaca Fernanda. Ela pede que pessoas que passarem pela mesma situação “sejam fortes. Denunciem, não tenham medo e sigam em frente”.
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