Notícia

APAE completa 50 anos de atendimento gratuito para pessoas com deficiência

Instituição localizada em Pouso Alegre tem cerca de 300 alunos e pacientes de quatro municípios

Nayara Andery / 07 dezembro 2022

 

Davi de Paiva Cunha tem 15 anos e aos três anos foi diagnosticado com autismo. Ele está entre crianças e adolescentes com deficiência intelectual ou múltipla frequentam a APAE (Associação de Pais e Amigos de Excepcionais) de Pouso Alegre, que comemora 50 anos.

Os resultados desse atendimento mudaram a vida de Davi, conta a mãe Patrícia Lopes. “Ele não falava, não conseguia sair, não se expressava e hoje ele fala, lê, escreve e melhorou muito. No social também e eu consigo sair com ele, apesar das dificuldades, então foi excelente.”

A APAE oferece atendimentos gratuitos nas áreas clínica e educacional. Para Patrícia, sem a instituição muitas famílias não conseguiriam atendimento especializado para seus filhos. “É muito caro. E aqui tem tudo, terapeutas, médicos e se não tivesse isso, como a gente iria pagar? A gente não tem condições”.

História que se mistura à da cidade

O APAE nasceu do sonho do empresário Francisco de Freitas e do antigo Rotary, em oferecer atendimento especializado para crianças deficientes. Ele foi o primeiro presidente e ajudou a instituição a crescer, lembra Cláudia Bueno Garcia, presidente há 31 anos.

“A história da APAE é muito rica, com resiliência, muito trabalho e dedicação da sociedade de Pouso Alegre como um todo, desde 50 anos atrás até agora.” Em 1979 a instituição quase fechou e nos momentos de maior dificuldade teve apoio de pessoas da sociedade de Pouso Alegre, como Cida Francescato, que se tornou presidente e “teve a ajuda de Odilon Pacheco, que era influente na cidade”.

“A partir daí foi um movimento que cresceu. A APAEteve dificuldades financeiras e novamente a sociedade nos ajudou. Nessa época foi criada a FESTAPAE, por Sebastião Lopes, Zaida Pacheco, Cida Francescato e inúmeros nomes de pessoas relevantes e influentes da sociedade. Falo que a história da APAEpassa pela história de Pouso Alegre.”

Funcionamento da Apae

Manter o funcionamento da APAE exige alto custo, esclarece Cláudia. São cerca de 80 colaboradores desde serviços gerais até a área médica. O governo estadual fornece professores, o Governo Federal destina verbas do Fundeb e SUS, enquanto a prefeitura repassa subsídio.

“A estrutura do prédio, eventuais reformas, construção como estamos fazendo da cozinha e refeitório, treinamento de pessoal, não têm verba. A ajuda da sociedade e da FESTAPAE que tem sustentado essa qualidade, a beleza do prédio, toda estrutura e treinamento de pessoal que é constantemente aprimorado.”

A APAE atende 300 pessoas de 0 a 16 anos de Pouso Alegre, Congonhal, Espírito Santo do Dourado e Silvianópolis, sendo que 223 frequentam a escola da instituição. “Temos atendimentos de todas terapias e a parte pedagógica é muito divertida e diversificada”, detalha a diretora Maria Paula Moura.

O aprendizado tem ensino infantil e Fundamental I, oficinas de artesanato, cozinha, música, dança, arte e horta para a descoberta de dons e talentos. “É o que as crianças gostam, não somos focados na parte pedagógica da aprendizagem, eles aprendem o que conseguem. Temos crianças que tocam bateria, violão, dançam e agora temos a sala de música com 15 violões, dois teclados, duas baterias.”

Apresentações celebraram os 50 anos da Apae e mostraram como os alunos superam obstáculos e fazem o que poderia parecer impossível. “Eles conseguem estar inseridos na sociedade, conseguem se apresentar e a gente teve muitas mães aqui que não acreditavam que eles iam conseguir tanto quanto eles conseguiram. Para nós é uma gratidão muito grande e um orgulho.”

Um ipê amarelo foi plantado por alunos no Parque Municipal ao lado do Fórum, em 6 de dezembro, dia do jubileu de ouro. A professora Elisângela Rodrigues ressalta que o “ato concreto faz diferença para eles e vai ficar na memória. E quem passar lá daqui há anos vai ver que essa árvore foi plantada em comemoração aos 50 anos da APAE.”

Patrícia tem na memória a importância da instituição para a vida do filho e da família. “A melhor coisa para o Davi na minha vida é a APAE, só tenho a agradecer.”

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