Pouso Alegre

Perdão real para Mary Hellen não será possível agora, diz advogada

Segundo defesa da pouso-alegrense, o benefício só poderia ser pedido após 1/3 da pena, que é de 9 anos e 6 meses, ser cumprida na Tailândia

Iago Almeida / 14 maio 2022
Jovem Pouso Alegre presa na Tailândia - reproduçao G1 paraná + foto cedida pela família

Jovem Pouso Alegre foi presa na Tailândia em fevereiro / Fotos: Reprodução G1 Paraná + cedida pela família

A jovem pouso-alegrense Mary Hellen Coelho Silva, de 22 anos, não conseguirá o perdão real neste ano de 2022, e possivelmente também não nos próximos dois anos, na Tailândia. De acordo com a advogada de defesa da jovem, Kaelly Cavoli, o benefício só poderia ser solicitado depois que ela cumprisse 1/3 da pena, que é de 9 anos e 6 meses.

Sendo assim, o caminho agora, ainda segundo a defesa, é pedir a extradição de Mary Hellen para o Brasil, que continua reclusa no país asiático, condenada por tráfico internacional de drogas. Entretanto, ela não passou mais informações de como e quando acontecerá esse pedido.

A sentença na Tailândia foi proferida no domingo (08/05), mas somente comunicada pelo consulado brasileiro para a defesa por e-mail na madrugada de quinta-feira (12). Já o perdão real foi cogitado, pois é costume acontecer para alguns presos no dia do aniversário do rei da Tailândia, Maha Vajiralongkorn, comemorado no dia 28 de julho . Ele está no trono desde 2019!

Entretanto, novas informações foram obtidas pela defesa na madrugada desta sexta-feira (13/05), através do Departamento Correcional da Tailândia. O comunicado era de que neste momento o perdão real não seria possível, devido ao fato do ‘requisito temporal’ não estar preenchido, ou seja, o cumprimento de 1/3 da pena.

Mary Hellen recebeu condenação na Tailândia dia 8 de maio de 2022 / Foto:

Advogada conversou com o Terra do Mandu na quinta

Em entrevista ao Terra do Mandu na última quinta-feira (12/05), a advogada chegou a afirmar que a condenação abria uma janela de oportunidades para recursos e explicou que os anos que ela pegou foram divididos em: dois por crime civil e sete anos e seis meses por crime penal.

A advogada afirmou ainda que o pedido de extradição é mais complexo e que é preciso ter em mãos a sentença condenatória, que ainda não havia chegado para a defesa, para que os próximos passos pudessem ser dados.

“O pedido de extradição é um pedido um pouco mais complexo do que o de perdão real, porém nós precisamos aguardar ter em mãos a sentença condenatória, que é esse documento que traz substâncias para que a defesa possa se alocar até mesmo nesse pedido de extradição. Posterior a isso, podemos pensar nesse pedido de extradição, caso a pena seja reduzida, até porque essa pena de 9 anos e 6 meses é compatível com a legislação brasileira, onde a pena por tráfico de drogas vai de 5 anos até 15 anos, o que talvez facilitaria o nosso pedido de extradição”, explicou a advogada.

Leia o e-mail enviado pelo consulado sobre a condenação

“A embaixada foi avisada ontem, 11/5, por telefone, sobre a audiência de Mary Hellen Coelho Silva perante a Corte de Samut Prakan, realizada no dia 8/5. O funcionário que informou a embaixada afirmou que a audiência foi agendada com um dia de antecedência, razão pela qual não teria sido possível alertar as partes interessadas antecipadamente.

De acordo com o funcionário da Corte, Mary Hellen foi condenada a 9 anos e 6 meses de prisão (divididos em: 2 anos, por crime civil; e 7 anos e 6 meses, por crime penal). A brasileira teria sido assistida por defensor público nomeado pela própria Corte. O setor consular está tentando, desde ontem, obter cópias dos documentos da sentença da brasileira”.

Relembre o caso

Mary Hellen foi detida ao chegar no aeroporto da capital tailandesa, em 13 de fevereiro. Ela estava acompanhada com um rapaz, de 27 anos, que é paranaense. Os dois embarcaram juntos no aeroporto de Curitiba. Eles estavam com cerca de 09kg de cocaína nas malas.

Conforme comunicados das autoridades do país asiático, o sistema de raio-x mostrou que nas três malas usadas pelo casal havia cerca de nove quilos de cocaína. Um terceiro brasileiro, de 24 anos, também foi preso no mesmo dia em Bangkok, com mais seis quilos de cocaína. Ele estava em outro voo, que também tinha partido de Curitiba.

Prisão de possível aliciadora

Na semana passada (05/05), a Polícia Federal prendeu, em Curitiba (PR), uma mulher apontada como aliciadora dos brasileiros presos na Tailândia por tráfico internacional de drogas. Um vídeo junto ao processo da PF na operação ‘ONG BAK’ mostra Mary Hellen junto com o rapaz e uma mulher, que seria a aliciadora, momentos antes do embarque no aeroporto de Curitiba.

A investigação

As investigações da Polícia Federal tiveram início logo após a prisão dos brasileiros em Bangkok e apontaram que os dois homens já haviam viajado para o exterior, antes do período da pandemia de Covid-19, em situações que denotam que estariam transportando drogas.

A reportagem do Terra do Mandu conversou com a advogada Kaelly Cavoli, que representa a família de Mary Hellen. A advogada destaca que a jovem ainda não é investigada pela Polícia Federal.

A Polícia Federal examina, a possibilidade de requerer à Justiça Federal a extradição dos presos na Tailândia, para que respondam pelos crimes praticados no Brasil. A advogada de Mary Hellen reforça esse pedido para que a jovem volte ao Brasil.

Primeira chamada de vídeo e morte da mãe

No último dia 26 de abril, Mary Hellen fez a primeira vídeo chamada do presídio em Bangkok com a irmã Mariana Coelho, que está em Pouso Alegre. Desde que foi presa, a jovem tinha conseguido enviar apenas uma carta, escrita por terceiros.

A mãe de Mary Hellen, Thelma Coelho, faleceu no dia 13 de abril, dois meses após a prisão da filha. A família conseguiu avisar a jovem apenas cinco dias após, devido às dificuldades de comunicação com o consulado brasileiro em Bangkok.

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