Pesquisa aponta MG-290, entre Pouso Alegre e Jacutinga, a pior do Sul de Minas
Levantamento mapeou 15 mil quilômetros de estradas em Minas Gerais e apontou que 70% têm problemas de pavimentação
Iago Almeida / 30 março 2022Levantamento mapeou 15 mil quilômetros de estradas em Minas Gerais e apontou que 70% têm problemas de pavimentação
Iago Almeida / 30 março 2022Alvo de muitas reclamações e acidentes nos últimos meses, a MG-290, no trecho entre Pouso Alegre e Jacutinga, foi considerada a pior do Sul de Minas em pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT). A pesquisa mapeou 15 mil quilômetros de pistas em Minas Gerais e apontou que 70% têm problemas de pavimentação, em condições regulares, ruins ou péssimas.
A pesquisa foi realizada em dezembro de 2021 e divulgada nesta quarta-feira (29/03) pelo g1 Sul de Minas; os dados foram confirmados pelo Terra do Mandu. Outras rodovias da região consideradas problemáticas foram a BR-354, entre Perdões e Campo Belo e o trecho da MG-267, entre Campanha e Conceição do Rio Verde.
De acordo com a CNT, mais de R$ 11 bilhões é o valor que seria necessário para resolver todos os problemas das rodovias de Minas Gerais, mas isso poderia gerar um impacto no bolso dos motoristas. Entretanto, devido as más condições, os motoristas têm um prejuízo 37,2% maior do custo operacional, com manutenção, suspensão, pneus e outros reparos.
“Desde o início da pandemia, o transporte rodoviário vive momentos desafiadores. Os transportadores precisam, constantemente, se reinventar e superar os obstáculos impostos pela covid-19 para continuarem conectando pessoas e lugares. Mas, apesar da crise, o setor vem se recuperando paulatinamente e produzindo resultados positivos, o que evidencia a importância econômica do transporte para impulsionar o desenvolvimento pleno e sustentável do Brasil”, afirmou a CNT.
Fernanda Rezende, gerente da CNT, em entrevista À EPTV Sul de Minas, afirmou que as estradas de Minas Gerais apresentam alto índice de trincas e buracos, além da falta de faixas adicionais. A CNT constatou piora nas estradas, de 2019 para 2021, quando o total de pontos críticos identificados subiu de 21 para 95.
“Em Minas a gente pode destacar que as rodovias deveriam ter faixa adicional de subida, para permitir a ultrapassagem e reduzir o risco de acidentes. Porém, 71% das rodovias que deviam ter esse dispositivo não possuem, como também mais da metade das rodovias de Minas Gerais não possuem acostamento, que é outro fator que gera mais insegurança ao condutor ao dirigir um veículo na pista”, disse a gerente na entrevista.
A CNT verificou na pesquisa 15.279 km em todo o Estado e constatou piora de 2019 para 2021, quando o total de pontos críticos identificados subiu de 21 para 95.
“As rodovias são antigas, a maioria delas foram construídas na década de 1970, então como elas não passam por essa manutenção frequente, principalmente a manutenção preventiva, isso faz com que elas se degradem mais facilmente ao longo dos anos. A chuva é um fator que vem agravar porque às vezes um defeito na rodovia, como uma simples trinca, se ela não é corrigida, a água penetra ali e faz com que esse defeito aumente ao longo dos anos, ou às vezes com uma chuva muito intensa não demora nem muito tempo para se degradar, além da falta de manutenção no sistema de drenagem das vias”, encerrou.
Concessão da MG-290
O Governo de Minas publicou dois editais do Programa de Concessões Rodoviárias. Um dos editais contempla 454.3 km de rodovias do Sul de Minas. O outro edital é para rodovias do Triângulo Mineiro. Os documentos podem ser acessados no Diário Oficial.
Entre as rodovias do Sul de Minas que no lote de concessão está a MG-290, entre Pouso Alegre e Jacutinga. Além dela, a BR-459, entre Poços de Caldas e Itajubá (veja os trechos no mapa abaixo). Essas rodovias registram alto índice de acidentes, com muitas curvas e sem acostamento, além do mau estado de conservação em alguns pontos.
De acordo com o Governo de Minas, o vencedor do leilão do lote do Sul de Minas, além de ser responsável pelos serviços de operação, manutenção e conservação da rodovia ao longo dos 30 anos de concessão, se comprometerá a implantar 39 km de faixas adicionais, 335 km de acostamentos, dois contornos (um em Andradas e outro em Ipuiuna), e diversos dispositivos nas interseções rodoviárias.
Os leilões com os lances estão previstos para 10 de maio, na Bolsa de Valores (B3), em São Paulo. Esses lotes, em conjunto, demandarão investimentos estimados em R$ 4,5 bilhões ao longo dos 30 anos de concessão, sendo R$ 2,4 bilhões nos oito primeiros anos. A expectativa é que os recursos ampliem a segurança e o conforto nas vias, com a inclusão de serviços para os usuários, como socorro mecânico, atendimento médico, combate a incêndios e apreensão de animais.
“Estamos entusiasmados com a publicação dos editais dos lotes Triângulo Mineiro e Sul de Minas, frutos da construção coletiva do projeto, que vem ocorrendo desde a realização da consulta pública. O objetivo é, de fato, atender ao anseio da sociedade por melhorias na infraestrutura das regiões”, afirma o secretário de Estado de Infraestrutura e Mobilidade, Fernando Marcato.
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