Março de 2022 é o primeiro mês em que instituições de ensino têm que realizar a Semana Escolar de Combate à Violência contra a Mulher. A Lei nº 14164/2021, sancionada em junho do ano passado, alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Ela define que durante uma semana de março, toda escola pública ou particular aborde o tema, com conscientização sobre os tipos de violência, como combater, onde encontrar ajuda e a importância da comunidade difundir o assunto.
Em Pouso Alegre, tem escola que mesmo antes da lei já abordava o assunto. A novidade é a ampliação do debate com os estudantes, agora na semana da mulher. “Os alunos estão em formação e nós queremos deixar cidadãos conscientes para o nosso futuro”, afirma a professora, Rita Eliza Bitencourt.
Para engajar ainda mais os estudantes, temas sobre as mulheres e o combate à violência contra elas são relacionados a conteúdos que eles já aprendem nas salas de aula. Disciplinas como ciências, matemática e geopolítica ganham temas como saúde da mulher, estatísticas de vítimas e mortes por violência doméstica e a mulher na guerra na Ucrânia, respectivamente.
Relacionamento abusivo foi o tema de uma palestra com Ellen Faria, que trabalha com essa realidade no dia-a-dia, ao estagiar na Vara da Família do Fórum de Pouso Alegre. Ela também participa do Coletivo Florescer, que oferece conscientização para a sociedade e ajuda mulheres que são vítimas de violência.
Ellen fez uma palestra para jovens estudantes do ensino médio, onde abordou o relacionamento abusivo. “Eles estão na idade em que mais tem ocorrência disso. Falei como identificar, as formas como sair daquele relacionamento, a quebra do ciclo, prevenção e medidas jurídicas para sua própria segurança.”
Estatísticas de violência contra a mulher não conseguem refletir o total de vítimas, pois, muitas não denunciam esse crime às autoridades. Mesmo assim, no Fórum de Pouso Alegre “tem muitos casos de relacionamentos abusivos por parte de pai, irmãos, amigos, ex-companheiros. Essa questão é muito abrangente, infelizmente. Assim como eu vejo no dia-a-dia, no meu trabalho, isso acontece muito. Aqui em Pouso Alegre tem bastante”.
Os próprios adolescentes valorizam a importância de se trazer esse tema para a sala de aula. Bruno Rodrigues, de 15 anos, “ter esse ensino na base educacional, vai trazer à mulher o direito de ter esse poder de escolha, de saber ‘eu preciso realmente de ajuda nesses momentos’. É saber que ela pode buscar ajuda da polícia, de uma rede de apoio, que ela pode contar com as pessoas no entorno dela e que isso não pode ser algo comum”.
Ações abertas ao público
O Coletivo Florescer, criado em 2013 em Pouso Alegre, realiza trabalhos de conscientização e prevenção à violência de gênero, em Pouso Alegre. Ele também auxilia mulheres que são vítimas desse crime e atua junto com o Ciampar (Centro Integrado de Apoio à Mulher de Pouso Alegre e Região). A co-fundadora, Isabelle Marisa Pelourinho e outras voluntárias abordaram o tema na escola de Bruno e também realizam nesta terça-feira, um evento aberto ao público feminino e masculino.
“A nossa primeira atividade presencial pós-pandemia será hoje (08/03), às 19h, no Centro Cultural (antigo Fórum). E a nossa proposta é discutir a vida das mulheres, porque a vida delas é tão importante e o que a gente precisa para existir enquanto mulher na sociedade.” O evento também vai oferecer sorteio de livros e café para conversa entre os participantes. Novas atividades serão realizadas pelo coletivo, em março. Os detalhes serão divulgados nas páginas do Coletivo Florescer, no Facebook e Instagram.