A torcida organizada do Pouso Alegre, Dragões do Mandu, realiza uma vaquinha para ajudar a família do torcedor do Atlético-MG, que morreu no último sábado (26/02), ao passar mal no estádio Manduzão.
Lucídio de Souza Lopes, de 70 anos, tinha ido ao estádio pela primeira vez. Ele foi sozinho para ver o time do coração jogar. Mas, o aposentado passou mal na arquibancada cerca de uma hora e meia antes da bola rolar para a partida entre Pouso Alegre e Atlético-MG, pela 8ª rodada do Campeonato Mineiro.
Ele foi socorrido pelas equipes de segurança e levado pela ambulância para o Hospital das Clínicas Samuel Libânio. O torcedor não resistiu e teve a morte confirmada no hospital.
Ajuda da torcida
A torcida organizada do Pouso Alegre Dragões do Mandu ficou sabendo que o torcedor era de família simples e que a aposentadoria dele, junto com a da esposa, mal dava para cobrir as despesas da casa, de cinco pessoas.
A vaquinha divulgada nas redes sociais tenta ajudar no custeio dos gastos com funeral, realizado no domingo (27/02), e as despesas da família neste momento de luto pela perda. Os valores podem ser doados via PIX, chave celular 35 9.9836-2456 (Andreia de Fátima Lopes, filha do torcedor).
Para Cláudio Alemão, presidente da torcida, “muita gente acha que torcida uniformizada é bagunça, é só briga, é muito mal falada no Brasil, mas a Dragões do Mandu está aí para ajudar o próximo”, afirma.
Idoso estava feliz de ver o time do coração
A filha do aposentado, Adriana Lopes, conta que o pai estava muito feliz que ia ver o time dele jogar. Adriana Lopes veio de São José de Campos (SP) para passar o final de semana com a família e encontrou o pai só falando dessa partida.
“Meu pai queria muito ir ver o jogo. Quando eu soube da proporção, que teria cerca de 15 mil pessoas e estava aquele calor, eu falei para ele não ir. Mas, ele insistiu. Falei que ia leva-lo de carro até o estádio. Mas, ele queria ir de circular e saiu de casa às 13h15”, conta a filha.
O sr Lucídio ainda não tinha comprado o ingresso para o jogo, por isso, foi mais cedo para garantir um lugar na arquibancada do Manduzão.
A falta do marido, pai e avô
“Tá fazendo muita falta, que ele que era tudo aqui”, diz a viúva, senhora Joaquina Nogueira Lopes. O marido costumava levantar às 7h, fazer o café e cuidar das galinhas e de uma pequena plantação perto de casa, no bairro Belo Horizonte.
Joaquina se emociona ao falar dele e do amor que ele tinha pelos netos que cresceram na casa do casal. Ela e o marido assistiam todos os jogos do Atlético, no sofá de casa.
A família aumentou recentemente, já que a filha Adriana, está grávida de três meses. Na sexta-feira à noite ela chegou para aproveitar a folga de carnaval com a família e mostrar o primeiro ultrassom do bebê para o pai dela.
“Ele estava muito feliz porque eu mostrei para ele o meu exame do ultrassom, o coraçãozinho do nenê batendo.” A conversa entre pai e filha seguiu sobre a alegria dele em poder ver o jogo entre Pousão e Atlético-MG, no sábado.
Joaquina e a filha tentaram evitar que ele fosse ao estádio, por ser diabético, hipertenso e pelo calor no dia. Ele disse que queria muito ir. “Como ele nunca foi, foi a primeira vez, eu acho que foi a emoção do jogo, ele tem problema de pressão alta também e o calor que estava, mas, parecia que ele já estava programando tudo, que ele estava esperando. Porque ele fez comida aqui para todo mundo, todo mundo almoçou feliz, o netinho veio aqui, ele brincou. Então a gente estava muito feliz naquele dia”, lembra Adriana.
Comprovante do ingresso ficou guardado na carteira
Na carteira de Lucídio estava o comprovante do ingresso de um sonho quase realizado, o de estar em um estádio para o jogo do Atlético-MG. Ele não conseguiu ver o início da partida, que começou às 16h30.