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‘Talvez, paralisaremos todo o serviço, se não houver um auxílio por parte de Câmara e Prefeitura’, diz diretor da Expresso Planalto

Roberto Santana, diretor de negócios do Grupo CSC, dono da Expresso Planalto, explica a crise no setor do transporte público e busca reequilíbrio do contrato em Pouso Alegre.

Magson Gomes / 23 junho 2021

Em entrevista ao Terra do Mandu, o diretor do Grupo CSC, ao qual a Expresso Planalto faz parte, Roberto Santana, falou da crise no transporte público. O diretor afirma que os prejuízos com o transporte coletivo em Pouso Alegre, durante a pandemia, chega a R$ 13 milhões. Roberto Santana diz que a empresa aguarda que a prefeitura faça o reequilíbrio de contrato para que a prestação do serviço não seja totalmente paralisada.

Em ofício enviado ao Executivo Municipal e à imprensa, a Expresso Planalto comunicou que, a partir do dia 1º de julho, irá interromper diversas linhas. “No cenário atual, a decisão está tomada. E, deixando claro para toda a população de Pouso Alegre, essa decisão é para não haver a paralisação total do sistema”, afirma o diretor do grupo.

Roberto Santana lembrou que a pandemia severa dura mais de um ano e que, até teve um alívio no final do ano passado, mas depois teve um agravamento com a chegada a segunda onda da Covid e deixou o ‘setor do transporte público por ônibus em uma posição muito delicada. O diretor cita que a crise é vivenciada em todo o Brasil.

“Somos operadores em 30 cidades. E todas as cidades que não tiveram um reequilíbrio por parte do poder concedente, vão parar. O grupo CSC é muito sólido. Teve esse fôlego de 2020 de suportar, mas também estamos em situação delicada”.

O diretor explica que depende de decisões junto ao município para mudar esse cenário. “O contrato de concessão é uma relação público-privada. A prefeitura delega parte de suas funções para uma empresa privada executar sob seu controle. Quem remunera o serviço é a prefeitura, através de uma imposição de uma tarifa ao usuário, determinação do valor dessa tarifa e fontes alternativas de custeio do sistema. Além da receita do sistema, toda grade de horários, número de veículos, todo sistema do transporte é determinado pelo poder concedente”, explica o diretor do grupo.

O valor da tarifa do transporte público urbano em Pouso Alegre está em R$ 3,90. Segundo a empresa, o valor deveria estar em torno de R$ 8 para não haver desequilíbrio no custo da operação. Para que o valor não seja cobrado diretamente do usuário, a sugestão da empresa é que a prefeitura financie parte desse valor, como ocorre em algumas cidades brasileiras, segundo informa Roberto Santana.

“Em Pouso Alegre, atualmente, o sistema é financiado exclusivamente pela tarifa paga pelo usuário. No momento anterior, a gente conseguia atingir um equilíbrio. Atualmente, é impossível pela queda da demanda de passageiros no Brasil como um todo, e especificamente de Pouso Alegre”.

O diretor do grupo CSC diz que a empresa cumpre as exigências do contrato e busca que o município cumpra as cláusulas do reequilíbrio financeiro.

“O que acontece hoje é que a empresa está órfã de soluções econômicas financeiras do contrato e está arcando, com as próprias custas, com o transporte de Pouso Alegre. Infelizmente, não queríamos chegar nesse ponto, mas paralisaremos as linhas; talvez, num segundo momento, paralisaremos o serviço como um todo, e não houver por parte de Câmara e prefeitura um auxílio.

Na entrevista abaixo, Roberto Santana também comenta sobre os R$ 750 mil repassados pela prefeitura à Expresso Planalto em 2020 por causa dos prejuízos já no início da pandemia. Segundo o diretor, “o valor dividido por 12 meses dá pouco mais de R$ 60 mil mensais, que não paga uma semana da folha salarial do transporte em Pouso Alegre”.

ASSISTA A ENTREVISTA NA ÍNTEGRA:

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