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Inconfidentes Capital Nacional do Crochê: Vendas crescem na pandemia; vídeo

Lojistas investem no comércio online, que já representa 90% das vendas. Na cidade, cerca de 60% das residências têm alguém que trabalha com o artesanato.

Magson Gomes / 20 junho 2021

Estamos em Inconfidentes, a Capital Nacional do Crochê. Peças produzidas aqui decoram ambientes de todas as partes do Brasil. São tapetes, passadeiras, caminhos de mesa, jogo para banheiros e tantas outras peças.

Com as pessoas ficando cada vez mais em casa, devido à pandemia da Covid-19, os lojistas estão vendendo mais. “As pessoas passaram a valorizar, ainda mais, os trabalhos manuais, as peças artesanais. Tanto para quem compra a peça pronta, como para quem faz o crochê, que a gente passou a vender mais barbante”, conta Vitória Veronez, gerente de uma das principais lojas da cidade, que também comercializa a matéria prima para quem quer produzir crochê.

A pandemia também acelerou o processo das vendas pela internet. Segundo Vitória Veronez, atualmente, 90% do faturamento da loja vêm do comércio online. “Cresceu muito. Antes, a gente fazia poucos pedidos pela internet. O pessoal preferia vir na lojoa, ver pessoalmente. Hoje, a gente faz chamada de vídeo, mostra tudo, como se a pessoa estivesse aqui na loja mesmo”.

Mas tem gente que prefere vir pessoalmente, conhecer cada detalhe. A Maria Alciete saiu de Cruzeiro do Sul, no Acre, a mais de 4 mil km, para conhecer o crochê de Inconfidentes. E ficou encantada. A intenção dela é comprar para revender no norte do Brasil. “O preço que achei muito bom e as peças muito lindas. É tudo maravilhoso. Estou impressionada”, diz.

Tradição que atravessa gerações

Segundo dados da prefeitura, em torno de 60% das residências de Inconfidentes têm alguma pessoa que faz crochê. Na casa do Alex Bueno, o pai e a mãe são ‘crocheteiros’. Ele aprendeu dar os primeiros pontos aos 10 anos.

“Eu aprendi com minha mãe. Quando eu era criança, ela me ensinou fazer alguns pontinhos, aí eu a ajudava porque ela já crochetava para a Maria Veronez. Fui ajudando, aprendendo e aprimorando”, conta Alex que tem o pai e a mãe crocheteiros. Ele mesmo trabalha como vendedor em uma loja de barbantes e linhas.

Habilidade em fazer crochê é patrimônio cultural da cidade. Foto: Terra do Mandu

A dona Maria Veronez também começou a fazer crochê ainda criança, devido a necessidade de ganhar dinheiro para ajudar na renda da família. “Para poder comprar roupa; as coisas para casa. Nós viemos da roça para cá. Aí fui aprendendo, vendendo mão-de-obra para os outros”

Dona Maria trabalhou seis anos como professora, mas continuava a confeccionar as peças de crochê para as revendedoras. Até que perdeu a vaga de professora e decidiu abrir uma empresa e vender sua própria produção.

Hoje, Maria Veronez é a dona dessa loja e mãe Vitória, nossa primeira entrevistada. Se antes ela produzia as peças para os outros, agora compra a produção de cerca de 500 crocheteiras.

Maria Veronez começou fazer crochê aos 11 anos para ajudar nas despesas da casa. Foto: Terra do Mandu

Patrimônio Cultural de Minas

E esse jeitinho habilidoso de fazer o Crochê de Inconfidentes é reconhecido como Patrimônio Cultural do Estado de Minas Gerais.

Para não deixar dúvidas da sua importância e beleza, a arte crochê reveste os troncos das árvores no Centro da cidade.

O Crochê chegou em Inconfidentes com os imigrantes. Enquanto os homens trabalhavam na lavoura, as mulheres faziam crochê em casa. Com o passar do tempo, o crochê passou a ser uma nova fonte de renda para as famílias e acabou se tornando negócio.

Hoje, Inconfidentes tem a indústria e o comércio fortalecido pelas empresas deste ramo, com a fabricação de linhas e a venda por atacado e varejo das peças feitas à mão por muitas crocheteiras, que usam tanto a linha de seda, quando a de barbante.

Há as grandes empresas que trabalham com vendas no atacado. Tem ainda as famílias que trabalham em casa ou em suas próprias lojas produzidos peças em tear, bordados e o artesanato em crochê.

 

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