Aumento de internações chegou a 400%, com morte de paciente esta semana. Dois profissionais de saúde do hospital estão afastados com suspeita da doença. Santa Casa faz parte da rede de atendimentos de pacientes com sintomas do coronavírus na microrregião de Pouso Alegre.
O aumento de casos confirmados e casos suspeitos de novo coronavírus tem deixado gestores de hospitais responsáveis por esse tipo de atendimento preocupados. De acordo com as autoridades políticas e de saúde, o sistema de saúde de Minas Gerais poderá entrar em colapso, com a falta de leitos, se o índice de contágio não diminuir nos próximos dias. O pico estimado pelo governo mineiro é para 15 de julho, se não houver essa retração.
O provedor da Santa Casa de Ouro Fino, no Sul de Minas, Octávio Miranda Junqueira, afirma que a situação é assustadora. Houve aumento de 400% em internações e profissionais de saúde do hospital tiveram que ser afastados com suspeita da doença.
“De uma semana para outra, a ocupação dos leitos de isolamento para pacientes Covid-19 da Santa Casa Ouro Fino teve um salto de 400%. Um susto! Esperado, é verdade, mas, um susto. Para agravar, infelizmente, tivemos um óbito (paciente de Jacutinga que estava internado na Santa Casa) e dois dos nossos colaboradores foram afastados com suspeita de adoecimento. Estão em isolamento domiciliar e todos estamos em oração para que não seja nada grave”, disse o administrador em um post feito nas redes sociais.
Octávio Junqueira conversou com a nossa reportagem e confirmou a preocupação com o cenário atual. O provedor da Santa Casa constata que houve um relaxamento da população aos cuidados de prevenção contra a pandemia, sem uso correto da máscara e aglomerações, o que poderá levar à falta de leitos nos hospitais.
“Dos gestores hospitalares de um grupo que participo, recebo informações sobre falta de medicamentos, contaminação de profissionais de saúde e risco real da falta de leitos. É nossa obrigação redobramos os cuidados para a nossa própria segurança e das outras pessoas, como uso de equipamentos de proteção, distanciamento social e etiqueta respiratória”, afirma o administrador da Santa Casa, que tem participado de reuniões com a direção da Superintendência de Saúde de Pouso Alegre para discutir as ações para o enfrentamento da pandemia.
A Santa Casa de Ouro Fino faz parte da rede de atendimento de pacientes com diagnóstico ou suspeita de Covid-19 na microrregião de Pouso Alegre. O hospital referência para casos mais complexos é o Hospital das Clínicas Samuel Libânio, onde há 20 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) exclusivos para atendimento de casos de Covid. Outros três hospitais, em Extrema, Santa Rita do Sapucaí e Ouro Fino também tem leitos destinados a esse protocolo.
No caso de Ouro Fino, são 25 leitos para atendimento de média complexidade. Chegou a ter nove leitos ocupados com casos confirmados e suspeitos. Junqueira lembra que era um ou nenhum há poucos dias. Atualmente, são cinco leitos ocupados.
Mas em Extrema, por exemplo, todos os 10 leitos de UTI dedicados ao novo coronavírus tem ficado ocupados desde a semana passada. A direção do HCSL, em Pouso Alegre, não autorizou passar informações sobre a situação no hospital referência regional. No último dado divulgado, na semana passada, a taxa de ocupação estava abaixo de 20% no hospital.
Em caso de piora no quadro de pacientes internados em Ouro Fino, eles são enviados ao HCSL, em Pouso Alegre. Foi o que aconteceu no fim da tarde desta quinta-feira (25). Uma paciente de 54 anos teve que ser transferida às pressas para o hospital referência porque apresentou um quadro grave de sintomas do vírus. Ela ainda não teve o resultado do exame, mas apresenta as lesões nos pulmões e dificuldade de respirar característicos da Covid-19. Conforme a Santa Casa, a mulher está no grupo de risco porque tem obesidade, diabetes e hipertensão.