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Vereadora de Estiva é denunciada ao MPF por ato pró-golpe militar e a favor do AI-5

Magson Gomes / 22 abril 2020

A denúncia está em análise no MPF em Pouso Alegre. Apesar de confirmar que é ela na imagem, a vereadora diz que a foto se trata de uma montagem feita pelo namorado, porque ela não segurou o cartaz. O STF também abriu inquérito para investigar atos contra a democracia.

Vereadora de Estiva aparece ao lado do namorado com cartaz a favor de intervenção militar. Ela admite ser ela com o namorado. Mas o cartaz teria sido incluído por ele numa montagem. Foto: reprodução

Uma vereadora de Estiva, no Sul de Minas, foi denunciada ao Ministério Público Federal por possível ato de apologia à tortura e à ditadura militar. A parlamentar Elenice Carmen da Silva, do MDB, aparece numa foto em frente à sede do 14º Grupo de Artilharia do Exército em Pouso Alegre onde segura um cartaz com os dizeres: ‘INTERVENÇÃO MILITAR JÁ’, e as hastags ‘FORA MAIA’ ‘FORA STF’.

As fotos foram publicadas no domingo, dia 19, no facebook que a vereadora mantém com o namorado, que é o homem que está ao lado dela e que preferimos não vamos identifica-lo por não se tratar de pessoa pública.

Após ver a publicação, o ativista socioambiental e cidadão estivense, Renan Andrade, resolveu denunciar a vereadora, que também é servidora pública na cidade, ao Ministério Público Federal por possível apologia à tortura e à ditadura militar. A denúncia foi protocolada no sistema online do MPF na segunda-feira (20).

“A senhora vereadora foi democraticamente eleita, mas parece esquecer o valor da democracia. Ao invés de respeitar as leis, ela atenta contra a Constituição Federal e contra a Lei de Segurança Nacional ao pedir o fechamento de instituições como o Congresso Nacional e a Suprema Corte. Nós, cidadãos, não podemos calar diante de uma visível escalada autoritária”, disse Andrade.

A reportagem do Terra do Mandu falou no MPF em Pouso Alegre. A servidora que nos atentou informou que a denúncia já foi recebida e está em análise.

Vereadora diz que a foto é uma montagem

Falamos por telefone com a vereador Elenice Carmen da Silva. Ela admite que é ela na foto em frente ao quartel do Exército em Pouso Alegre, e que estava com o namorado. Porém, a parlamentar garante que não segurou o cartaz. Ela diz que foi o namorado quem fez uma montagem como se ela estivesse segurando o cartaz e publicou no facebook.

Elenice ainda explica que as fotos são de novembro, quando o marido foi até o quartel para tratar da aposentadoria dele. Aproveitou e levou uma bandeira do Brasil, vestiu a camisa da seleção brasileira e confeccionou o cartaz para o protesto solitário.

“Não foi eu. Foi meu namorado lá de São José dos Campos. Eu não tenho facebook. Ele fez montagem da foto. Ele assume que ele fez. Aquela foto já foi feita em novembro. Ele pegou esse cartaz agora e fez montagem na foto. Eu estava com a bandeira do Brasil e ele vestido de amarelo aí ele colou o cartaz na foto”, afirma a vereadora.

As fotos foram publicadas no face com o nome do casal, depois apagadas. Foto: reprodução

A vereadora ainda explica que o namorado é a favor da intervenção militar. Questiona pela nossa reportagem se ela é a favor, Elenice diz que prefere não se manifestar e que a favor do diálogo.

STF abre inquérito da investigar atos a favor do AI-5

Ontem (21), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) abriu inquérito para investigar as manifestações pró-intervenção militar realizadas no domingo, em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília, do qual participou o presidente Jair Bolsonaro.

Moraes qualificou o ato de “gravíssimo”, pois atenta contra “o Estado Democrático de Direito brasileiro e suas instituições republicanas”, informou o STF em nota divulgada nesta terça.

Moraes acatou um pedido apresentado pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, que não menciona o presidente Bolsonaro, mas vários cidadãos, inclusive deputados federais.

Seiscentas pessoas se aglomeraram em frente ao Quartel-general do Exército, em Brasília, gritando palavras de ordem e exibindo cartazes defendendo uma intervenção militar com Bolsonaro no poder e pedindo um novo AI-5 (Ato Institucional número 5), decreto que fechou o Congresso em 1968 e suprimiu garantias constitucionais.

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