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O drama de trabalhadores que ficaram sem renda na crise do coronavírus; vídeo

Magson Gomes / 03 abril 2020

Com a crise provocada pela pandemia do novo coronavírus muita gente ficou sem ter como trabalhar e levar dinheiro para casa. São profissionais que já sabem que, se a crise durar mais um mês ou dois meses, não terá de onde tirar dinheiro para pagar as contas.

Tem a diarista, o garçom, o jardineiro, o motorista de aplicativo, o taxista e outros tantos profissionais que estão sem ter para onde correr.

Dona Janice Braz é um desses exemplos. Ela é manicure e depiladora e atende em um salão. Mas nesses dias ela está em casa.

“Se eu vou ao salão, as clientes não estão indo porque não pode ter contato. E com isso, eu fico em casa para me proteger e elas também estão se protegendo em casa”, explica.

Essa é a única fonte de renda da manicure. Janice precisa pagar o financiamento do apartamento e as demais contas da casa. A filha que mora com ela trabalha, mas o dinheiro mal dá para suas próprias despesas de universitária. Tem ainda um filho deficiente que usa medicamentos e faz exames médicos regularmente. “A gente fica sem saber o que vai fazer com as contas. A gente não está trabalhando, mas as contas chegam em casa”, lembra.

O casal Ângela Lambert e Eduardo Almeida são autônomos e também estão sem trabalhos nesses dias. Eduardo é auditor de qualidade e ganha por serviço prestado.

“A empresa para quem eu presto serviço suspendeu a agenda. Todo dia era numa cidade diferente. E nem eles lá no escritório central, que fica em São Paulo, sabem o que está abeto já que em cada cidade está de um jeito”, explica o auditor.

Ângela é consultora financeira e com as empresas fechadas e sem a perspectiva do que será o amanhã, também ficou sem ter como oferecer seus serviços.

“Eu trabalho com projetos. Mas diante dessa instabilidade econômica e desse caos se instaurando, as empresas ainda noção da proporção dos números financeiros e meu trabalho cai por terra nesse momento. As empresas não vão procurar um consultor financeiro, que nesse momento não é útil”, diz a consultora.

Ângela fez carreira em multinacionais antes de se tornar consultora. Ela diz que o cenário atual é novo para todo tipo e tamanho de empresa no mundo.

“Fui totalmente afetada nesse primeiro momento. Estou sem agenda. Projetos que estavam sendo discutidos, diante do cenário positivo antes de aparecer o coronavírus, fui afetada sem data de retorno”, lamenta.

A situação da consultora e o marido só não é pior porque conseguiram fazer uma reserva ao longo dos anos. Mas é algo que ela sabe que não vai durar muito tempo. E ela mesmo sabe que a maioria dos milhões de autônomos hoje não tem como ficar um dia parado.

“No Brasil são 40 milhões de autônomos. Pessoas que perderam emprego por crise econômica. Esse pessoal não tem condições de fazer uma reserva. Ele trabalha hoje para pagar as contas amanhã”, conta.

Ângela ainda enfatiza que, se esse cenário perdurar por mais tempo, o autônomo brasileiro estará quebrado. “Não tem para onde correr”.

É o caso da manicure Janice que não tem como ficar parada. “Eu tenho que voltar já. Não tenho condições de ficar em casa. Só que também as clientes não estão indo no salão. E não sei quanto tempo vai durar essa crise. É complicado”, diz dona Janice.

Enquanto as orientações são de distanciamento social, quem pode trabalhar vender em casa, é uma opção e quem tem alguma reserva em dinheiro não gaste com o que não é necessário.

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