Região

Hospital fechado há 6 anos pode ser alternativa para atendimentos da covid-19 no Sul de Minas

Magson Gomes / 29 março 2020

Empreendimento particular fica em Santa Rita do Sapucaí e tem capacidade para 125 leitos. Hospital funcionou por apenas oito meses. Governo federal foi procurado, mas não teria demonstrado interesse na reabertura. Prefeitos buscam outras alternativas para reabrir as instalações. “Reabrir o equipamento sai mais barato do que construir um hospital de campanha”, afirma o prefeito de SRS, Wander Chaves.

Hospital tem 7.500 m² de área construída. Foto: Divulgação

O hospital Maria Thereza Rennó acaba de completar seis anos de portas fechadas, em Santa Rita do Sapucaí, Sul de Minas. O prédio, que tem quase oito mil m² de área construída e conta com 125 leitos, entre UTI, urgência, emergência e observação, seria uma alternativa para o tratamento de pessoas com o novo coronavírus na região.

O hospital é particular e foi fechado em 2014 por causa de um rombo nas finanças. O prefeito de Santa Rita do Sapucaí, Wander Chaves, afirma ao Terra do Mandu que o governo federal foi procurado, mas não demonstrou interesse em investir na reabertura do empreendimento.

Na última terça-feira (24/03), foi realizada uma reunião por videoconferência para discutir o assunto com um membro da Secretaria Executiva do Ministério da Saúde. Além do prefeito Wander Chaves, participaram da reunião o prefeito de Pouso Alegre, Rafael Simões, e o deputado federal, Bilac Pinto.

“O ponto importante é o governo federal querer colocar esse hospital para atender pacientes do coronavírus para atender a região inteira. Aí viria com a força de governo federal e rapidinho aprontava. Essa foi a conversa. Na emergência do coronavírus não houve interesse do governo federal”, lamenta o prefeito”, diz o prefeito de Santa Rita que completa: “Reabrir o equipamento sai mais barato do que construir um hospital de campanha”.

Wander Chaves explica que, mesmo com o hospital estando pronto, colocar em funcionamento exige um vultuoso investimento que os municípios não teriam capacidade de arcar com todas as despesas. Os valores necessários não foram informados.

O representante do hospital Maria Thereza Rennó, Joaquim Campos, confirma que houve conversas e até uma visita ao local de uma comitiva composta por membros do Ministério Público Federal e do Ministério Público de Minas Gerais para ver as condições do hospital.

“Recebemos uma comitiva de 10 pessoas do Poder Público e nós disponibilizamos, sensibilizados pelo caráter humanitário, a contribuir para reativar o empreendimento”, conta o representante do hospital que ainda completa afirmando que tem falado com prefeitos sobre o assunto: “Não é simples reabrir um prédio ativando, a atividade hospitalar”, pondera.

Algumas das despesas iniciais para a reabertura do hospital estão religação da energia elétrica, desinfecção de todo o prédio, compra de oxigênio, medicamentos e insumos para a farmácia, além de contratação de profissionais para todos os setores e alimentação.

 

OUTRAS POSSIBILIDADES
O prefeito de Santa Rita do Sapucaí disse ainda que a luta para a reativar o hospital vai continuar e busca outros modelos de parcerias para isso. Uma esperança é o governo do estado, que é mais frágil economicamente.

“Esse hospital em funcionamento é absolutamente estratégico para o Sul de Minas. Para Santa Rita também, mas ele é pensado para a região. Para que a saúde melhore com mais um hospital mais próximo da gente, ao lado do Hospital das Clínicas Samuel Libânio, em Pouso Alegre, e do Hospital Escola, em Itajubá. Nós estamos precisando de leitos e de médicos para atender a população”.

Enquanto o Maria Thereza Rennó continua fechado, o prefeito busca equipar o hospital Antônio Moreira da Costa com uma nova ala para atender as possíveis vítimas do novo coronavírus na cidade.

HOSPITAL MARIA THEREZA RENNÓ FUNCIONOU POR 8 MESES

O hospital foi um projeto idealizado pelo fazendeiro Wagner Rennó. Ele decidiu construir o empreendimento depois que a mãe morreu em casa, sem conseguir atendimento médico. A obra durou 14 anos e foi inaugurada em julho de 2013.

O hospital Maria Thereza Rennó ficou apenas oito meses em funcionamento. Era feito o atendimento através de planos de saúde particulares e do Ipsemg, plano médico dos servidores do estado. A unidade também estava em processo de credenciamento para atender pacientes pelo SUS. No entanto, com as dívidas, funcionários e médicos foram dispensados.

Desde então, os representantes buscam financiadores ou parceiros para que o hospital volte a funcionar.

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