Política

Dia da Umbanda, Candomblé e religiões afro-brasileiras é criado em Pouso Alegre

Magson Gomes / 27 novembro 2019

Proposta do vereador Bruno Dias (PR) foi aprovada em 1º turno. Em Pouso Alegre existem cerca de 150 terreiros. Dia municipal será comemorado em 15 de novembro, mesma data que já celebrado o Dia Nacional da Umbanda.

Seguidores da Umbanda estiveram na reunião da Câmara. Foto: Magson Gomes/Terra do Mandu

Os vereadores de Pouso Alegre aprovaram, em primeira votação, durante a sessão ordinária desta terça-feira (26), o projeto de lei que cria o Dia Municipal da Umbanda, Candomblé e demais religiões afro-brasileiras na cidade. A proposta é do vereador Bruno Dias (PR) e recebeu 13 votos favoráveis.

Os parlamentares destacaram a importância de se reforçar o desejo de acabar com a intolerância religiosa e garantir o livre direito de manifestação de crença, como está na Constituição Federal Brasileira.

O autor do projeto, vereador Bruno Dias, justificou que, no Brasil, há mais de 40 milhões de pessoas que seguem religiões de matrizes africanas e que a África é o berço da humanidade e uma matriz cultural importante para o povo brasileiro. “Assim sendo, torna-se justificável o fato de o Município ter em seu calendário de comemorações um dia dedicado àqueles que professam as religiões desta importante matriz”, apontou o vereador no texto do projeto.

O Dia Municipal da Umbanda, Candomblé e demais religiões afro-brasileiras será o dia 15 de novembro, que já é a data oficial do Dia Nacional da Umbanda, criado por Lei Federal nº 12.644.

“As religiões de matrizes africanas pregam a caridade, a fé e o trabalho em benefício de todos, independentemente de cor, raça, credo ou condição social. Muitas tendas e terreiros da cidade possuem um trabalho filantrópico e assistencial relevante para suas comunidades e praticantes”, afirma Bruno Dias.

ADEPTOS DA UMBANDA LOTARAM O AUDITÓRIO DA CÂMARA

Dezenas de seguidores da Umbanda estiveram na Câmara Municipal para acompanhar a votação do projeto. Em alguns momentos eles se manifestaram aplaudindo os discursos de vereadores e até entoaram cânticos.

O advogado e dirigente espiritual do terreiro de Umbanda Tenda de Luz, Vinícius da Silva Gonçalves, conta que em Pouso Alegre existem cerca de 150 terreiros de Umbanda. Porém, não existe um levantamento oficial e muitos desses locais estão na informalidade, não têm uma estrutura jurídica. Segundo o dirigente, porque as pessoas têm receio de se manifestar diante do pré-conceito que ainda existe na sociedade contra as religiões de raízes africanas.

“Na verdade, esse projeto é de grande relevância não só para a comunidade umbandista e candomblecista, mas também para os cidadãos. Não podemos perder o foco que a nossa sociedade tem raízes na cultura negra, em África. Essas religiões, por terem pilares em deuses negros, é mais um reconhecimento do povo brasileiro da importância que a mãe África tem em nossas vidas”, afirma o líder espiritual.

Vinícius Gonçalves ainda reforça que o contraponto sobre a criação desse dia municipal dedicado às religiões afro é o momento de grande intolerância religiosa, falta de respeito que a sociedade atravessa. “E você trazer esse assunto para discussão, conhecimento, é muito relevante. Costumo dizer que o conhecimento e o estudo afastam qualquer tipo de pré-conceito”, afirma o dirigente.

Membro da OAB de Pouso Alegre, o advogado conta que, recentemente, foi criada na subseção de a Comissão de Promoção e Igualdade Racial. “É algo novo para nossa cidade, também para a advocacia em Pouso Alegre e estamos elaborando projetos voltados para os advogados e para a sociedade, de maneira geral, como forma de minimizar essa diferença de situação que existe entre a minoria em nossa cidade. Isso inclui os negros e a religiosidade também”, finaliza.

Sobre o Candomblé e a Umbanda

A religião do Candomblé tem o registro do seu início no Brasil no século XIX, na Bahia. Já a Umbanda nasce no início do século XX. Quem trouxe o Candomblé para o Brasil foram os negros que vieram como escravos da África. Entre eles se destacavam dois grupos: os bantos, que vinham de regiões como o Congo, Angola e Moçambique, e os sudaneses, que vinham da Nigéria e do Benin.

O projeto que institui o Dia Municipal da Umbanda, Candomblé e demais religiões afro-brasileiras será apreciado em segunda votação na semana que vem e seguirá para sanção do prefeito Rafael Simões (PSDB).


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