Prefeitura pede que população não dê esmolas em Pouso Alegre
Magson Gomes / 20 agosto 2019
Segundo secretaria de Políticas Sociais, 829 pessoas em situação de rua receberam ajuda do município entre janeiro e julho desse ano. Casal veio de Campinas para Pouso Alegre e está em situação de rua.
A prefeitura de Pouso Alegre, no Sul de Minas, espalhou cerca de 25 placas pela cidade em que solicita à população para não dar esmolas nas ruas da cidade. O pedido é seguido com números de telefones para onde os moradores de rua devem ser encaminhados.
De acordo com dados da secretaria municipal de Políticas Sociais, de janeiro a julho desse ano, 829 passagens foram emitidas para pessoas em situação de rua que estavam em Pouso Alegre e quiseram voltar para suas cidades de origem. O secretário da pata, João Batista de Lima, afirma que o número de pessoas permanentes nas ruas da cidade gira em torno de 50.
Basta uma volta pelo Centro para enxergar pessoas em situação de rua pedindo esmolas em semáforos ou na porta de supermercados. E muita gente é generosa e dá uns trocadinhos para quem pede. E isso que não é correto, como afirma o secretário municipal de Políticas Sociais, João Batista de Lima.
“Você não tem nenhuma certeza que aquele dinheiro que você doou naquele momento, ele vai aplicar em si próprio, com alimento. Normalmente, esse dinheiro é desviado para bebida, para drogas e outras coisas mais”, diz o secretário que ainda lembra que comida e roupas eles recebem através de ações sociais de instituições e da própria secretaria.
Quem chega no Centro POP da cidade, local para atendimento de pessoas em situação de rua, recebe café, banho, roupa lima e refeição. Também é verificado se precisa tirar novos documentos pessoais e é perguntado o desejo da pessoa é voltar para sua cidade de origem ou buscar um emprego em Pouso Alegre. De acordo com a resposta, a assistência social faz o encaminhamento.
João Batista também diz que grande número de pessoas em situação de rua que transita pelo município são atraídas pelas notícias de que Pouso Alegre é uma cidade polo e com forte crescimento. Para o secretário, essas pessoas não vêm à procura de emprego. “Eles procuram uma oportunidade de receber alguma ajuda de esmola ou ajuda social”.
Casal veio de Campinas para Pouso Alegre e está em situação de rua
Regiane Pereira, de 40 anos, e o marido Alexandre do Nascimento, também de 40 anos, chegaram em Pouso Alegre ha cerca de dois meses. Alexandre conta que moravam de aluguel em Campinas, interior de São Paulo, mas estavam desempregados e não tinham mais condições de ficar por lá. O casal decidiu seguir para Pouso Alegre, a 200 km de distância, para tentar um emprego de caseiro ou eletricista, ajudante de pedreiro.
“Até agora não conseguimos nada e estamos nessa situação aqui. Mas espero que consiga neh. Já mandei currículo para um monte de empresa aí. Mas até agora não aconteceu nada”, lamenta Alexandre.
O casal chegou a dormir nas ruas de Pouso Alegre e pedir esmolas para se alimentar. Hoje, os dois estão utilizando o apoio do Centro POP e o Albergue Municipal. Mas dizem que foram comunicados que após o frio deverão deixar o albergue. Se não conseguirem emprego até lá, voltarão para as ruas da cidade, já que não pretendem retornar a Campinas. “Acabou o frio, acabou. Aí nós tem que ficar na rua”.
Sandro é um outro morador de rua. Ele não quis gravar entrevista. Ele não lembra ao certo quanto tempo está em Pouso Alegre, mas garante que faz mais de um ano. Sandro tem 37 anos e veio de Capivari (SP). Ela conta que prefere ficar na rua, não receber o apoio dos equipamentos da prefeitura. Ele recebe alimentação de voluntários e dorme debaixo de marquises.
Mulher queimada em discussão na rua
Há cerca de 10 dias, uma mulher que pedia esmolas em um cruzamento na cidade de Ouro Fino, ao lado de Pouso Alegre, sofreu queimaduras graves no corpo. Quem ateou fogo em Vanessa Araújo, de 37 anos, foi um homem que estava no mesmo local fazendo malabarismo, na companhia de outra mulher.
Segundo a Polícia Civil, eles se desentenderam por causa das moedas que os motoristas estavam dando à Vanessa. A mulher queimada foi transferida do Sul de Minas para o Hospital João XXIII, em Belo Horizonte. O casal de malabaristas, que vivia em situação de rua, foi preso em flagrante.
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