Dona de casa, que estava na 10ª gravidez, tinha ordem judicial para parto cesárea no dia anterior. Família afirma que Santa Casa alegou que não tinha médico disponível para procedimento. VEJA VÍDEO ABAIXO.
Uma mulher de 41 anos deu à luz uma filha na porta do Hospital Santa Casa, em Ouro Fino. A dona de casa, que já é mãe de outras 9 crianças, havia recebido atendimento médico e teria sido liberada, momentos antes do parto, ainda sentido dores. O fato aconteceu nesta terça-feira (23).
A Adriana Dolores Francisco da Silva levava com ela uma decisão judicial que determinava uma cirurgia cesariana e uma laqueadura das trompas para o dia anterior (22). “Com papel da justiça na mão, era pra fazer a cesárea e a laqueadura minha. Você acredita que médico nenhum aqui aceitou?!” indaga Adriana, ainda sem acreditar no que aconteceu com ela.
Adriana contou à reportagem do Terra do Mandu que estava na 39ª semana de gravidez. Ela, o marido e os nove filhos moram em Inconfidentes, cidade vizinha a Ouro Fino. Nesta segunda-feira (22), Adriana procurou a Santa Casa de Ouro Fino com a ordem judicial e um pedido da Secretaria Municipal de Saúde de Inconfidentes para ser internada e ter sua filha por parto cesárea. Porém, segundo a família, Adriana não foi internada porque o hospital alegou que não tinha médico disponível para fazer a cesariana e que não seria tempo para o bebê nascer.
Adriana voltou para sua casa e, ainda na noite de segunda-feira, começou a sentir dores. Na manhã seguinte as dores aumentaram e Adriana voltou com a mãe o marido para a Santa Casa de Ouro Fino. Pouco antes do meio-dia, Adriana teria sido liberada pela equipe médica. “Eles falaram que as pontadas de dor davam mesmo, era normal. E se continuasse era para eu voltar. Acabei de sair. Fiquei ali do lado de fora, esperando minha mãe, já nasceu. Veio de uma vez. Veio de repente. Não dava tempo de voltar para dentro”, conta Adriana.
A irmã de Adriana, Silvana Silva, está indignada e para ela é um descaso do hospital. Silvana saiu de Bueno Brandão para acompanhar a irmã no hospital e assim que entrou no quarto, Adriana já estava de pé sendo liberada pela equipe médica. Silvana explica que Adriana e o marido não têm condições financeiras para pagar o parto cesárea. E como já era a 10ª gravidez, a justiça tinha dado a ordem para o parto através de cirurgia cesariana e a laqueadura das trompas serem feitos sem custos para a família.
“A hora que eu chego no quarto dela, ela já estava em pé, saindo, e já brava, falando que estava com dor e ‘esse povo não tem jeito (sic) a gente com dor e eles falando que o neném não está na hora de nascer e não pode fazer essa cesárea porque não está no tempo e mandou ir embora pra casa. Não aguento mais. A gente dor sair daqui e ir embora”, Silvana relata a conversa com a irmã.
Adriana e a irmã saíram para a área externa da Santa Casa e se sentaram em um banco de cimento, enquanto a mãe delas voltou dentro do hospital para buscar um documento. Foi naquele momento que a bolsa estourou e a criança nasceu ali mesmo. A família e outras pessoas que estavam por perto gritaram e enfermeiros apareceram com uma cadeira de rodas onde Adriana e foi colocada com a criança no colo e levada para dentro do hospital – VEJA NO VÍDEO.
“Foi um sufoco. Foi um susto medonho (sic). Foi muito triste. Nunca vi uma cena dessa na minha vida. Para dormir essa noite eu não conseguia dormir, de ver aquela cena, do susto que tomamos”, conta Silvana que ainda diz que a irmã é uma pessoa muito simples, que não sabe dos direitos dela e tem medo de tudo na vida, pessoa que já sofreu muito na vida.
Mãe e a filhinha, que recebeu o nome de Maria Clara, passam bem e ainda estão internadas na Santa Casa. A família não registrou boletim de ocorrência do caso.
O OUTRO LADO
Nossa reportagem procurou a direção da Santa Casa de Ouro Fino. Mas, até a publicação desta reportagem não obtivemos nenhum retorno. Assim que se posicionarem, esta notícia será atualizada.