A relação entre o empreendedorismo e a sustentabilidade

Mariana Sayad / 29 junho 2019

Jornalista, gestora cultural
Editora do site Cultura não é Perfumaria 
Co-fundadora do Observatório Luneta

Aproveitando o gancho da lei aprovada na Câmara de Vereadores sobre a proibição da venda de canudos de plástico em Pouso Alegre, achei que seria interessante falar sobre a sustentabilidade. Muita gente acha que o canudo é algo insignificante, mas se pensarmos que utilizamos o canudo por cerca de 15 minutos e ele leva cerca de 300 anos para se decompor, aí ele não é mais tão insignificante assim. Além disso, o canudo não é reutilizável (assim esperamos), nem reciclável e é considerado o microlixo, assim como bitucas de cigarro, tampas de plástico…

Mas o que isso tem a ver com o empreendedorismo? Tudo… Empreendedorismo é solucionar problemas e gerar negócios. Pensando nisso, a Sorbos, uma startup espanhola lançou os canudos comestíveis, nos sabores limão, laranja lima, morango, canela, maçã verde, chocolate e gengibre. Um grande exemplo de oportunidade de mercado que resolve um grande problema ambiental! Bingo!

Esse tipo de canudo já é vendido no Brasil. Foto: reprodução

Outro exemplo é a empresa indiana Bakeys, fundada pelo Narayana Peesapathy, que produz colheres comestíveis. A ideia veio quando ele constatou que a Índia é o país que mais descarta talheres descartáveis do mundo, cerca de 120 bilhões por ano. As colheres são feitas a base de arroz, trigo e painço e têm nos sabores de açúcar, canela com gengibre, alho com gengibre, pimenta-do-reino, cominho, aipo, menta e outros. Solucionou um grande problema no país e gerou negócio!

Conhecem a Dobra? É uma empresa que começou produzindo carteiras sustentáveis, de papel. Hoje, produzem mochilas, camisetas, tênis de um papel resistente, que não estraga se molhar e é 100% reciclável. Entre muitas iniciativas louváveis, uma delas é que a Dobra é uma empresa lixo zero. As embalagens dos produtos viram outros produtos, por exemplo, a embalagem da carteira, você desdobra e vira um cofrinho de moedas. A embalagem do tênis vira um capacho e por aí vai. Neste caso, a sustentabilidade não é o negócio, mas esta diretamente relacionada ao propósito da empresa. Bingo também!

Duas lições de hoje, a primeira que a sustentabilidade pode sim ser um negócio e as pessoas devem empreender nesta área. A segunda é que a obrigação de atitudes sustentáveis não é só das grandes empresas e governos, é das pequenas empresas, das startups, pequenas e micro empresas também. Todo negócio já pode surgir com ações sustentáveis, que podem ser simples e pequenas. Pensem nisso!

Sobre a colunista

Foto: Arquivo pessoal

Mariana Sayad escreve quinzenalmente sobre cultura, arte, políticas culturais de Pouso Alegre e região aqui, no Terra do Mandu. Jornalista de formação, gestora cultural há mais de 15 anos. Tem MBA em Bens Culturais pela FGV-SP e especialização em História, Sociedade e Cultura pela PUC-SP. É natural de São Paulo, mas mora em Pouso Alegre deste 2013, onde já trabalhou na Secretaria Municipal de Cultura, entre 2015 e 2016.

Atualmente, é editora do site Cultura não é Perfumaria e, ao lado de Júlia Lopes, co-fundadora da empresa Observatório Luneta, que é especializada em Economia Criativa.

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