Ivanna e Walkíria, o fazer coletivo

Ana Beraldo / 15 junho 2019

Walkíria e Ivanna em praça revitalizada através do trabalho voluntário de algumas pessoas, a partir de iniciativa das duas. Foto: Ana Beraldo

Sabe aquele grande encontro permeado pela sincronicidade, pela vontade de fazer e pela aspiração de mundo mais plural e colorido. Foi assim com elas duas. E está dando liga. Vamos às histórias destas duas empreendedoras, que estão movimentando Silvianópolis.

Parideira de ideias

Sua cabeça não para de criar. E suas criações envolvem o fazer coletivo. Ela vai parindo as ideias e as pessoas vão chegando e se ofertando. E de repente forma um mutirão de formiguinhas – com formigões também. Criatividade e talento vêm desde sua meninice – a genética colabora também – mas ela começou a torna-los público há sete anos, quando junto com a amiga Rita Ferraz criaram o grupo de artesãs, “As Arteiras de Santana”. De lá para cá, não parou mais e há dois anos criou o grupo no facebook “Fusão de Ideias” e como o próprio nome inspira, é uma ebulição constante. Quem é ela: Ivanna Peixoto, natural de Silvianópolis.

“Bom, eu sempre fui uma pessoa criativa, porém tímida e com a propagação das redes sociais, resolvi mostrar minha cara criando o “Fusão de Ideias”, onde publico meus textos que vão desde poesias, textos sobre personagens da cidade – que já morreram e outros que estão vivos, informações sobre a cidade. Isto tudo com a interação do público, que comenta, dá dicas, sugere.

Criei um mascote para a cidade – um sapinho denominado Tanqueru. Ele ganhou até música de carnaval com letra minha.

Um dia fiz uma viagem mental pelas praças da cidade – temos várias praças, sete ou oito ao todo – buscando inspiração para escrever meus textos e quando deparei com a Praça das Bandeiras – vi que era uma praça inexpressiva e não tinha o que escrever. E foi assim que nasceu a ideia da revitalização desta praça. E as pessoas foram chegando: primeiro a Walkíria Rossini, minha parceira no outro projeto, a Simone Camargo, a Zezinha Franco, a Elaine Carvalho, as duas são da Secretária de Educação e Cultura, a professora Lilian Silva e o artesão Osmar.

Ali está um pouquinho da nossa história. No murro, reproduzimos a pintura naif do nosso artista maior, Ubiratan Pereira Tomaz, o Gordo. Este trabalho foi feito por dois artistas, funcionários da Prefeitura, o Antônio Vitor e a Ana Peixoto, que é minha irmã. O Sô Osmar, outro artista da cidade, nos presenteou com peças de seu artesanato.

Restauramos a capelinha Nossa Senhora do Rosário, plantamos árvores, construímos uma fonte, tem até mirante.  A praça está uma graça.

A colaboração espontânea veio da comunidade. Distribuímos envelopes com sementinhas de girassóis e depois passamos recolhendo as doações. Também ganhamos tintas e outros materiais.

E mesmo sem terminar este projeto, nasceu outro. A ideia veio num domingo de manhã, chamei a Walkíria, ela se emocionou. E assim começamos a materializar o Centro de Memórias e Tradições da Festa de Nossa Senhora do Rosário. Isto foi há uns três meses e agora já estamos inaugurando. É um trabalho que terá continuidade. A Walkíria, que é bem ligada nesta tradição, irá contar um pouco sobre o Centro.

Para encerrar, quero dizer que estou muito feliz com este movimento todo. Vamos descobrindo as pessoas e as pessoas vão nos descobrindo. Deus me deu este dom e eu coloco-o a serviço da comunidade. Não dá para ficar guardado. ”

Sim ao trabalho voluntário

A paulista Walkíria Rossini aprendeu a amar a Festa do Rosário, quando se casou com o silvianopolense Antônio Carlos Correa, um apaixonado por esta tradição secular. Mesmo residindo em Santo André, o casal participava todos os anos dos festejos em Silvianópolis, sempre realizado em junho. Recentemente,  mudaram definitivamente para o município e assim Walkíria tem mais tempo para dedicar ao que mais gosta de fazer: trabalho voluntário.

E aqui, ela está escrevendo um belo capítulo de sua história. Com a palavra:

“Meu marido herdou esta adoração pela Festa do Rosário de seu pai que foi festeiro várias vezes. Desde que nos casamos há 30 anos, frequento Silvianópolis e já fomos festeiros duas vezes – a primeira vez foi em 1996 e a segunda, em 2005. Na primeira vez, mudei-me para cá com as crianças para fazer a Festa e ele ficou em Santo André trabalhando. Fui a primeira paulista a fazer uma Festa do Rosário. Uma honra!

Há algum tempo, nós mudamos definitivamente para cá, onde temos um sítio. E comecei a me envolver mais com a cidade. E quando a Ivanna me convidou para participar da equipe de revitalização da praça, abracei a proposta com muita garra. E mesmo sem finalizar o projeto, já envolvemos na criação do Centro de Memórias e Tradições da Festa Nossa Senhora do Rosário, que estamos inaugurando hoje – 16 de junho – Dia do Levantamento do Mastro, ritual que dá início às festividades da Festa do Rosário. Este desejo de fazer algo para preservação da memória da Festa era um desejo antigo do meu marido e quando a Ivanna convidou-me, foi pura emoção.

Foram três meses de imersão profunda. Para fortalecer nossa equipe, chegaram o historiador Luis Santos, o empreendedor da cultura popular, Denilson de Almeida e o presidente da Associação Nossa Senhora do Rosário, que é o meu marido, Antônio.. O Centro será o guardião da memória da Festa com acervo de  fotos, cartazes, textos, objetos e outros materiais.  E o projeto terá continuidade.”

Walkíria Rossini, Antônio Carlos Correa e Ivanna Peixoto fazem parte da comissão de criação do Centro de Memórias e Tradições da Festa de Nossa Senhora do Rosário. Foto: Ana Beraldo

Sobre Ana Beraldo

Arquivo pessoal.

Ana Beraldo, jornalista, produtora cultural, autora de livros, contadora – e boa ouvinte – de histórias. É coautora do museu virtual Memória do Povo e do site Portal do Vestibular  – que traz informações sobre cursos superiores no Sul de Minas -, e outras coisitas mais. Espiritualista, andante, ativista da paz e do amor universal.

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